Muitos adultos têm dificuldade em lidar com o dinheiro. Mas, para que isso seja menos complexo para as crianças, o ideal é que o assunto educação financeira comece a ser inserido desde cedo no dia a dia da família.
Ao discutir sobre finanças com as crianças, é muito mais provável que elas cresçam responsáveis financeiramente, tornando-se adultos mais responsáveis financeiramente. Então, se você é mãe, pai ou tem contato com crianças, separamos abaixo algumas dicas para você aprender como ensinar sobre finanças e educação financeira para crianças!
O que é educação financeira para crianças?
A educação financeira infantil é o ensino das finanças pessoais durante a infância. Ela tem o intuito de moldar o comportamento das crianças em relação ao dinheiro.
Por meio da educação financeira, as crianças aprendem conceitos básicos relacionados às finanças e ao valor do dinheiro. Assim, são capazes de analisar se realmente necessitam de determinado bem e desenvolvem o hábito de poupar e multiplicar suas economias a fim de realizar seus sonhos.
O contato com esse tema ainda na infância, ajuda os pequenos a compreenderem melhor o sistema financeiro no qual estão inseridos. Além de fazer com que desenvolvam responsabilidade social e financeira por toda sua vida.
Por que ensinar educação financeira para as crianças?
Em junho de 2021, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), quase 70% das famílias brasileiras estavam endividadas. Este dado, que é preocupante, pode nos ensinar duas coisas muito importantes sobre a necessidade de ensinar educação financeira desde cedo.
A primeira delas é que os adultos dessas famílias, um dia, já foram crianças. E é bastante possível que tiveram uma mãe ou um pai que se enrolaram no cheque especial, um tio que acumulou dívidas e precisou vender o carro para quitá-las. Afinal, problemas assim são bastante comuns.
Porém, caso essas pessoas tivessem sido ensinadas desde cedo sobre a importância de poupar, muito dificilmente estariam neste grupo que representa um problema nacional.
A segunda lição, agora, é sobre as crianças que estão em volta dos adultos endividados. Ao ver os pais sem controle financeiro, gastando mais do que recebem e fazendo um malabarismo com as contas a cada mês que passa, esse é o exemplo que elas tendem a seguir.
Com isso, acharão a situação de viver “no vermelho” cada vez mais normal e aceitável, podendo reproduzir em suas próprias vidas quando crescerem.
Dessa forma, conversar sobre dinheiro deixou de ser uma sugestão e a educação financeira infantil é fundamental!
Além disso, podemos pensar em outros ótimos benefícios de adotar essa prática, como:
- redução nos níveis de estresse ao longo da vida;
- maior senso de responsabilidade;
- ensina a verdadeira função do dinheiro;
- as crianças tornam-se adultos mais responsáveis e confiantes;
- desenvolvimento dos conhecimentos de lógica e matemática;
- melhora nas tomadas de decisão;
- consciência sobre questões de realidade social e aumento na visão de mundo;
- autonomia.
Quando começar a ensinar educação financeira para crianças?
Agora que você já sabe por que é importante introduzir a educação financeira ainda na infância, talvez esteja se perguntando qual idade é a ideal para isso.
A resposta é simples: o mais cedo possível! Em geral, por volta dos 2 anos é quando a criança começa a falar com mais desenvoltura e se interessar pelo mundo à sua volta. Nessa idade, ela já pode começar a “brincar” com o dinheiro, como moedas e um cofrinho. Mas, é claro, sempre sob a supervisão de um responsável.
Ainda muito pequenos, os filhos já entendem para que serve o cartão de crédito, por exemplo. Em muitos casos, eles pensam que é como “dinheiro de plástico” e basta ter um desses para comprar o que quiser. Inclusive, já ouvi histórias de pais que disseram aos filhos que não tinham dinheiro para comprar algo, e a criança respondeu: “passa no cartão, mamãe!”
Ou seja, a criança entende a lógica do cartão, mas não o associa ao dinheiro. Por isso, essa é uma ótima hora para explicar como isso funciona.
Então, identifique e aproveite esses momentos para ensinar pequenas lições. Normalize a conversa sobre dinheiro, em vez de transformar em tabu ou em algo que “é coisa de adultos”.
7 dicas de como ensinar educação financeira para crianças
Agora que você já sabe quando começar, listamos as principais maneiras de falar sobre dinheiro desde cedo. Essas são ideias que podem ser adaptadas para a sua realidade e para a idade de cada criança, por isso, sinta-se livre para alterá-las conforme necessário!
1. Fale sobre a mesada
A mesada ainda é a forma mais famosa e tradicional para inserir os filhos no mundo das finanças. Ela é uma boa alternativa para ensinar as crianças a administrarem o próprio dinheiro e ajuda principalmente na hora em que forem receber o seu primeiro salário, evitando que gastem tudo por impulso.
Além disso, vale lembrar que os pequenos também são impactados por propagandas e anúncios o tempo todo e, provavelmente, também têm desejos consumistas. Assim, a mesada ajuda a desenvolver o hábito de gastar com consciência (afinal, o dinheiro só vem uma vez por mês).
Uma dica extra é dividir a mesada em semanada para os menores, pois eles ainda têm pouca noção de tempo e podem ter dificuldades de esperar o próximo mês (e você sabe como é lidar com uma criança impaciente).
2. Desenvolva o hábito de registrar os gastos
Você provavelmente sabe que, quando adulto, uma das principais dicas para se organizar financeiramente é fazer uma planilha e anotar todos os gastos. Isso também é indicado para crianças! Encoraje o seu filho a sempre anotar o que gastou de sua mesada para visualizar no fim do mês quanto ele conseguiu economizar.
Esse será um aprendizado importantíssimo para o seu futuro e estimulará o controle financeiro pessoal desde cedo, evitando problemas futuros.
Aliás, caso você ainda não tenha esse hábito, adote-o para as finanças da família também, já que o exemplo é muito importante para que os filhos passem a seguir os mesmos passos. Aproveite e convide-os para ajudar na hora de organizar tudo, nem que seja para listar os gastos ou apertar as teclas dos números.
Mas cuidado: são grandes as chances das crianças ficarem tão envolvidas no processo que elas mesmas vão te cobrar esse controle futuramente! Ou seja, serão ótimos fiscais da organização financeira familiar!
3. Defina objetivos claros
Ensine a criança a ter objetivos e estimule-a a realizar os sonhos dela. Se sua filha deseja ganhar um quebra-cabeças, por exemplo, tente incentivá-la a juntar todo o valor ou uma parte dele e comprar o brinquedo apenas quando o dinheiro combinado for suficiente.
Sabendo disso, a criança sentirá na pele o benefício de se organizar, economizar e terá uma recompensa ao realizar um sonho, com o devido planejamento e esforço.
Isso ajuda a evitar que ela se torne um adulto que vive cheio de parcelas no cartão ou que gaste tudo no presente porque não tem objetivos futuros.
4. Delegue tarefas
Dê um dinheiro para a criança e peça que ela vá, por exemplo, comprar um lanche e volte com o troco. Ou, ao comprar algum presente para ela, dê maior autonomia na hora de ir até o caixa para pagar. Essa simples tarefa ajuda a criança a se sentir importante e entrar em contato com o mundo das finanças pessoais.
Além disso, ela também terá uma noção maior sobre o preço das coisas e será capaz de entender que sim, elas têm um custo! Muitas vezes, as crianças não dão valor suficiente para coisas simples do dia a dia, como as próprias refeições, por acharem que elas estiveram ali desde sempre.
Dessa maneira, ao entender, mesmo que de forma básica, sobre custos e pequenas transações financeiras, o senso de responsabilidade é desenvolvido de maneira muito positiva!
Em contrapartida, essa é uma ótima oportunidade para praticar a honestidade também: se o troco não voltou para as suas mãos, onde foi? Ensine a responsabilidade em usar o dinheiro dos outros, mesmo que sejam apenas algumas moedas!
5. Ensine brincando
Ensinar finanças para crianças por meio de brincadeiras é infalível. E você pode fazer isso até mesmo com jogos de tabuleiro. Ao brincar com as crianças seguindo as regras do jogo, elas aprenderão que há regras a serem respeitadas.
E nada de deixá-los ganhar! Eles precisam aprender que – não só no jogo, mas na vida – às vezes ganharão e às vezes perderão. Jogos de tabuleiro que envolvem dinheiro ou administração de recursos são ótimos para esse propósito. Veja algumas opções:
- Banco Imobiliário (a partir de 8 anos);
- Jogo da Vida (a partir de 8 anos);
- SimCity (aplicativo, a partir de 10 anos);
- Vamos Poupar (online, 6 a 10 anos);
- Quebrando o Cofrinho (online, 2 a 4 anos);
- BanKids (online, até 12 anos);
- Bate-bola Financeiro (online, 14 a 18 anos);
Outra opção bacana é o jogo Renda Passiva, desenvolvido pelo educador financeiro Gustavo Cerbasi especialmente para ensinar adolescentes sobre inteligência financeira.
6. Esteja receptível aos erros
E se eles quiserem gastar a mesada com algo que você não concorda? Tente não se meter no assunto!
Pode ser difícil ver a criança usar o dinheiro de uma forma que você considera que não é a melhor, mas é importante deixá-la fazer escolhas por si só. Apesar de parecer ruim, isso ajudará a se policiar melhor das próximas vezes e diminuirá a probabilidade de que cometam os mesmos erros na vida adulta.
Quando dizemos que “aprender errando” é uma boa forma de criar boas lições para a própria vida, o mesmo vale também para as crianças.
Mesmo assim, caso a criança ou adolescente peça a sua opinião sobre o assunto, ofereça ajuda e seja sincero sobre o que acha. Esse é, inclusive, um bom sinal de que você é visto com respeito e como autoridade.
7. Siga educadores financeiros infantis
Talvez você ainda não saiba disso, mas existem muitos profissionais dedicados a ensinar aos pais como tratar o assunto dinheiro com os filhos. Eles estão no Instagram, no Youtube, em podcasts e até no Telegram.
Eles podem ser ótimas fontes de conhecimento e ideias, além de muitos serem acessíveis para responder suas dúvidas e dar conselhos. Selecionamos alguns perfis que gostamos:
- Priscila Rossi (@educacao.financeira.infantil);
- Carol Stange (@comoenriquecerseufilho);
- Sabrina Nakao (@criancasefinancas);
- Lu Santos e Lúcia Stradiotti (@educacaofinanceiranainfancia);
- Luiza Dalmazo (@luizadalmazo);
- Renata Fernandino (Finanças.com.crianças).
Conclusão
Essas são apenas algumas dicas relevantes que podem ser utilizadas para educar os pequenos e mostrá-los, desde cedo, a importância de administrar o dinheiro e se planejar financeiramente para conquistar objetivos.
Muitos brasileiros adultos não tiveram uma educação financeira infantil adequada. Sabendo disso, algumas vezes, apesar de terem bons rendimentos, acabam se complicando quando o assunto é controle e planejamento financeiro.
Por esse motivo, o tema é relevante e vale a pena tratá-lo com carinho, para que as próximas gerações possam aproveitar os benefícios do bom uso do dinheiro cada vez mais rápido, sem ter que sofrer tanto na fase final da vida.
E você, já utiliza os princípios de educação financeira para crianças com os seus filhos? Vai começar a utilizá-los a partir de agora? Conta pra gente nos comentários!
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Muito boa matéria!
Qual a melhor idade para iniciar a criança?
Eu tenho um filho de 7, 3 e 2 anos, sendo que os menores seguem sempre o mais velho.
Parabéns novamente. ..
Geralmente acima 4 anos quando a criança começa a ter um maior entendimento de como as coisas funcionam. Você pode iniciar com um sistema de recompensas, pequenas mesadas e até com um porquinho para a compra de um brinquedo. Mais uma vez obrigado e se tiver alguma sugestão de postagem, mande pra gente!