Cotação do dólar: entenda como funciona e por que está variando tanto em 2020

Um dos primeiros parâmetros que se deve analisar é a comparação dos diversos VETs (Valor Efetivo Total).

Escrito por Ariane Lopes

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Cotação do dólar: entenda como funciona e por que está variando tanto em 2020

Se você é uma pessoa minimamente antenada a questões econômicas, já deve ter percebido o quanto a cotação do dólar varia em nosso país.

Apesar de ter se mantido relativamente estável nos primórdios da implantação do Plano Real, em 1994, a taxa de câmbio da moeda americana vem flutuando com bastante frequência, especialmente em períodos políticos e econômicos conturbados, como o que estamos vivendo atualmente no Brasil.

Mas você consegue entender como funciona esse vai e vem do dólar e o por quê de a cotação variar tanto?

No post de hoje, iremos esclarecer quais os fatores que mais influenciam na valorização e desvalorização dessa moeda no mercado brasileiro. Confira!

Entenda como funciona a cotação do dólar

 

O que, afinal, rege a cotação do dólar?

O dólar é a moeda oficial dos Estados Unidos, a maior economia mundial. Por isso, quase a totalidade das transações internacionais realizadas no mundo são feitas em dólar.

Obviamente, qualquer alteração ou flutuação da economia norte-americana, terá um efeito favorável ou desfavorável na cotação da moeda em diversos países do mundo.

Falando especificamente do Brasil, a cotação do dólar varia conforme qualquer outro produto: é regida pela lei da oferta e da procura.

Mas o que significa isso?

É simples: quando há muita moeda americana em circulação no país, ou seja, muita oferta, o preço do dólar cai.

Se, por outro lado, houver pouca disponibilidade, o preço tende a subir.


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Fatores que levaram o dólar a mais de R$ 5,00 em 2020

Alguns fatores contribuíram para uma rápida valorização do dólar recentemente.

O primeiro ponto de análise é a queda do juros, pela diminuição da taxa básica de juros (Selic), ao seu menor valor desde sua criação.

Essa queda desestimulou os investidores estrangeiros a aplicarem capital no Brasil, já que o mesmo não está mais sendo tão bem remunerado como antes.

O dólar americano também vê sua cotação aumentada devido à procura desenfreada pela moeda para proteção do capital dos investidores.

As incertezas no crescimento econômico dos países, geradas com a crise pelo coronavírus, e a consequente queda dos preços das commodities, que desestabilizam a balança comercial, somam-se aos demais fatores e completam o cenário de forte valorização da moeda americana.

Dólar pode chegar a valores ainda mais altos em 2021

De acordo com o banco suíço UBS, o dólar pode chegar a valer, no pior cenário, R$ 7,35 em 2021, isso se a crescente crise econômica não for controlada.

Esse panorama se desenha, ainda, a partir da crise política que o Brasil enfrenta, além da incapacidade do governo de sanear as contas públicas, aprovando medidas e reformas para esse fim.

Controle da oscilação da cotação do dólar no país pelo Banco Central

Economistas que trabalham para o governo comumente tentam controlar a oscilação da cotação do dólar no país através do Banco Central.

Quando há dólar demais em circulação, o BC compra verdinhas, o que faz com que o preço suba.

Com o dólar alto, a estratégia do banco é vendê-las, saturando o mercado e fazendo o preço cair.

Essa estratégia, porém, apesar de ser muito aplicada, nem sempre funciona.

O que questões políticas têm a ver com a cotação?

Cenários políticos instáveis costumam aumentar o chamado “risco-país”, que mede a confiança do investidor estrangeiro em realizar transações internacionais em determinado país.

Com o risco-país alto, esses investidores ficam receosos de injetar dinheiro, desistindo dos investimentos.

Há, então, uma retirada massiva de dólares de circulação, o que, conforme a lei da oferta e da procura, culmina na alta da moeda americana.

Além disso, estratégias de contenção de inflação e diminuição das taxas de juros também costumam repelir investidores estrangeiros, visto que diminuem as margens de lucros das transações internacionais.

Com isso, a moeda americana tende a subir.


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Por que há diferenças na cotação do dólar?

A taxa de câmbio no Brasil é flexível. Isso quer dizer que ela é negociada livremente por quem compra e por quem vende.

Apesar de o Banco Central divulgar diariamente a taxa praticada entre os bancos, ela não é obrigatória e serve apenas como referência.

Além disso, existem duas cotações de dólar em nosso país.

Aquela aplicada a empresas e bancos em transações de importação e exportação, denominada dólar comercial.

E a cotação aplicada a quem compra a moeda em espécie e a quem gasta em cartões de crédito, o chamado dólar turismo, que sempre é mais caro do que o dólar comercial.

Isso ocorre porque as empresas que realizam esse tipo de transação acabam tendo gastos de transporte, seguro e carro forte, os quais são incluídos no preço final.

Trata-se da comercialização de um produto físico, o que, obviamente, o torna mais caro.

Existe, ainda, o dólar paralelo, representado por toda negociação ilícita, ou seja, venda de dólar fora do sistema financeiro oficial.

Isso significa que particulares ou qualquer instituição que não seja cadastrada junto ao Bacen (confira a lista) para venda dessa moeda, caso as negociem, estão agindo fora da lei.

Os dólares comprados e não usados, por exemplo, que sobrem de uma viagem, devem constar da declaração do imposto de renda, na ficha “bens e direitos”.

Não é ilegal ter a moeda estrangeira, mas sim negocia-la sem autorização dos órgãos reguladores.


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Impostos no valor do dólar

O IOF é o imposto incidente sobre a compra de dólares e as alíquotas variam de acordo com a modalidade da transação.

Para o uso de cartões de crédito ou recarga de cartões de débito, a alíquota é de 6,38% sobre o valor da recarga ou compra.

Já a compra da moeda em espécie tem um custo de IOF de 1,10% sobre o valor da operação.

Qual a cotação do dólar paga no cartão de crédito?

Em janeiro de 2020, foi definida uma nova metodologia de cotação do dólar para o cartão de crédito, objetivando facilitar os custos de compras internacionais.

Diferentemente de como era realizado antes, hoje, as operadoras de cartão de crédito devem utilizar a cotação em vigor no dia da compra.

A partir de agora, nas faturas, deve constar a discriminação de cada gasto, acompanhado da data, identificação da moeda de compra e sua cotação na data.

Além disso, também devem ser apresentadas as taxas de conversão do dólar para real e o valor em reais a ser pago pelo cliente.

Outro ponto importante é que, para possibilitar o melhor acesso a informações sobre as taxas de câmbio, os bancos serão obrigados a disponibilizar o valor dessas taxas em todos os seus canais de atendimento.

É interessante se atentar, ainda, às taxas cobradas sobre compras realizadas no exterior por meio do cartão de crédito.

Isso porquê, sobre esse tipo de compra, incide o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), com alíquota de 6,38%.


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Como encontrar a cotação do dólar mais barata?

Um dos primeiros parâmetros que se deve analisar é a comparação dos diversos VETs (Valor Efetivo Total) que demonstram o custo de uma operação de câmbio em reais por moeda estrangeira.

Englobando a taxa de câmbio, as tarifas e tributos incidentes sobre essa operação.

Ou seja, não basta apenas que a casa de câmbio ou outra instituição autorizada apresente a menor cotação do dólar, é preciso que o VET seja o mais vantajoso.

Vejamos um exemplo:

Resultados referentes ao dia 09/03/2020

  • CASA DE CÂMBIO 1
    Câmbio: US$ 1,00 = R$ 4,75
    Taxa de transação: R$ 30,00 por transação
  • CASA DE CÂMBIO 2
    Câmbio: US$ 1,00 = R$ 4,93
    Taxa de transação: R$ 45,00 por transação

Calculando o valor da compra de US$ 100,00 em espécie:

  • CASA DE CÂMBIO 1
    Câmbio: R$ 475,00
    IOF (1,10%): R$ 5,225
    Taxa de transação: R$ 30,00
    TOTAL: R$ 510,225

VET 1: R$ 5,10 por cada dólar

  • CASA DE CÂMBIO 2
    Câmbio: R$ 493,00
    IOF (1,10%): R$ 5,423
    Taxa de transação: R$ 45,00
    TOTAL: R$ 543,423

VET 2: R$ 5,43 por cada dólar

Perceba que a primeira opção apresenta um custo final inferior ao da segunda casa de câmbio, e quando dividimos o valor pela quantidade final de dólares, teremos o VET.

Diante disso, torna-se mais interessante realizar o câmbio pela casa de câmbio 1, que apresentou um VET inferior ao da casa de câmbio 2.

Ferramenta para verificar VETs

O Bacen disponibiliza em seu site uma ferramenta onde se pode verificar um ranking com os VETs das principais instituições.

Contudo, deve-se atentar para dois pontos.

Primeiramente, os índices não são atualizados tempestivamente.

Por exemplo, consultamos em 27 de abril de 2020. Porém, a última atualização disponível é referente aos valores do mês de março deste ano.

Outro ponto é que o VET é calculado na forma de média.

Dessa forma, se uma instituição fez apenas 5 transações no mês, em um dia que sua cotação estava boa, sua posição no ranking pode estar melhor do que uma que fez 3000 transações no mês a preços variados.

Assim, além de analisar a posição, é importante observar o número de transações.

Mesmo com essas duas ressalvas, o ranking do Bacen pode ser útil para dar uma noção das instituições que costumam oferecer menores preços.

Principalmente, quando a observação é feita a longo prazo, estudando vários meses.


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Como comparar para adquirir dólar hoje com o menor preço?

Para fazer a compra de dólares com o menor preço são necessários a junção de dois fatores: momento certo e instituição que ofereça o menor valor.

1. Momento certo

A antecedência nesse ponto é muito importante, logo, se você está planejando uma viagem, o ideal seria começar a compra da moeda com pelo menos um mês de antecedência, pois as variações dentro de um dia já podem ser significativas, quem dirá em um mês.

Primeiramente, deve-se estar ciente que o dólar tem sua variação dada por ciclos que podem ser analisados de forma diária, semanal e mensal.

No site Investing.com, é possível visualizar os gráficos da cotação do dólar em diferentes períodos.

Outra dica é que caso vá comprar uma grande soma é interessante comprar aos poucos para aproveitar melhor as variações.

Mais uma vez, a antecedência se faz crucial para que o plano de economizar dê certo.

2. Comparando nas casas de câmbio

Para facilitar a busca pelos melhores valores, indicamos dois sites nos quais os VETs são comparados automaticamente: Melhor Câmbio e Boa Taxa.

O Melhor Câmbio permite que sejam feitas ofertas, o que é um importante instrumento para conseguir o melhor preço.

Porém, não permite que a compra seja realizada pelo site, ou seja, a negociação deve ser fechada diretamente com o parceiro.

Já o Boa Taxa, permite que a compra seja feita através do site, mas não possui a ferramenta que permite negociação do preço proposto.

Conclusão

A cotação do dólar é vista, muitas vezes, como algo complexo e até mesmo distante, fazendo com que várias pessoas não a levem em consideração na hora de viajar.

Apesar disso, percebemos que entender sobre a cotação do dólar pode significar uma viagem bem mais barata do que o esperado.

Além disso, compreender melhor esse mecanismo é essencial para o seu entendimento dos preços no dia a dia e da economia mundial, afinal, o dólar é a principal moeda do planeta.

E aí, o que achou do artigo sobre como funciona a cotação do dólar? Quer receber outros conteúdos dos mais variados temas relacionados ao dinheiro? Então, assine nossa newsletter agora mesmo!

  1. Marcia

    Ótima explicação ! Graças a Deus alguém conseguiu explicar de forma clara a oscilação do dólar !!! Muito Obrigada !!! Prá melhorar ainda, sugeriria colocar um exemplo prático, um antes e depois e o que fez mudar (oscilar) o valor

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