Um dos principais conceitos da economia é a taxa de juros. Basicamente ela significa o “valor do dinheiro”. Assim, trata do montante que uma certa quantia de capital irá render após um determinado tempo e uma taxa estabelecida.
É de extrema importância que nos atentemos a esse indicador, seja na hora de solicitar um empréstimo ou escolher um investimento. Nesta leitura, você vai aprender o que é taxa de juros, quais seus tipos, as diferença entre simples e compostos, como calcular cada um, como isso influencia no nosso dia a dia e muito mais.
O que é taxa de juros?
Um dos principais conceitos da economia, a taxa de juros é o indicador que confere um reajuste a um valor futuro. Em outras palavras, a taxa de juros pode ser definida como o valor do dinheiro no tempo. Entende-la é fundamental para você saber por exemplo quanto terá de pagar após um empréstimo ou quanto receberá de volta ao final da data de vencimento de um investimento, por exemplo.
Por exemplo, digamos que você precise muito de uma certa quantia de dinheiro agora. Um banco pode lhe oferecer esse capital agora, contanto que você devolva no final do período acordado. Mas, para isso, você deverá pagar uma taxa pelo privilégio de ter todo esse valor agora, de uma só vez. Assim, o montante que você deverá retornar será acrescido de juros.
Mas nós também podemos nos beneficiar. Os governos e empresas, por exemplo, também precisam levantar capital imediatamente para diversos fins. Então podem lançar títulos de investimento no mercado via bancos e corretoras. E então, a lógica é exatamente a mesma, porém inversa. Você cede esse valor de uma só vez, investindo-o, e depois, na data de vencimento, recebe de volta um montante acrescido de juros.
Como calcular taxa de juros?
Para calcular a taxa de juros, devemos levar em conta três variáveis: o capital, a taxa de juros e o tempo.
Então digamos que você esteja construindo a sua casa e, para finalizar a obra, você necessite imediatamente de R$ 10 mil. Você então vai no banco solicitar um empréstimo e lá é acordado que você terá disponível esse valor agora. Para isso, você deverá, ao final de um ano, devolver esse dinheiro acrescido de uma taxa de juros de 10%. Dessa forma:
10% de 10.000 = 1.000.
Logo, 10.000 + 1.000 = 11.000.
Quando essa data chegar, portanto, você deverá pagar ao banco o montante total de R$ 11.000. E o inverso funciona exatamente da mesma maneira.
Você recebeu uma indenização trabalhista no valor de R$ 10 mil. Como você não precisa desse dinheiro no momento, você decide aplicá-lo. Então, encontra uma opção de título de investimento que oferece uma taxa de retorno de juros de 10% ao final de um ano.
10% de 10.000 = 1.000.
Logo, 10.000 + 1.000 = 11.000.
Assim, quando a data de vencimento desse título chegar, você irá receber o montante total de R$ 11.000.
Juros simples x Juros compostos
Quando o fator tempo, seja de um empréstimo ou de um investimento é fracionado, temos duas principais maneiras de calcular a incidência de juros sobre o capital que irá resultar no montante final: os juros simples e os juros compostos.
Juros simples
Então, digamos que ao invés de pegar o empréstimo de R$ 10 mil no banco que usamos como exemplo acima, você encontrou uma outra instituição financeira que lhe cederá o mesmo valor. Mas com a vantagem de que você só terá de pagar daqui a 3 anos. Porém, a taxa de juros de 10% a.a segue a mesma. Sendo assim, quanto você terá de devolver após o final desse período?
A fórmula para os juros simples é a seguinte: M = C X (1 + i X t) onde: M = Montante, C = Capital, i = Juros e t = Tempo.
Para colocar a porcentagem na fórmula, você precisa utilizá-la em decimais. Então, 10% é 0,10. Logo:
M = C X (1 + i X t)
M = 10.000 X (1 + 0,10 x 3)
M = 10.000 X (1+ 0,30)
M = 10.000 X (1,30)
M = 13.000
Quando essa data chegar, portanto, você deverá pagar ao banco o montante total de R$ 13.000.
Juros compostos
Já no caso dos juros compostos, também chamados de juros sobre juros, a coisa muda um tanto de figura. Isso porque, os juros simples vão acrescer sempre a mesma quantidade em cada período de tempo. Por outro lado, os juros compostos vão sempre incidir sobre o montante do período passado que já foi reajustado pela taxa. Assim, ocorre o chamado efeito bola de neve, onde o valor vai aumentando de forma cada vez mais acelerada, seja em dividas ou em investimentos.
A fórmula para os juros compostos é a seguinte: M = C X (1 + i)^t
Aqui, o fato tempo vira potência. E é o que faz a diferença.
Então, digamos que o mesmo empréstimo de R$ 10 mil agora irá rodar com taxa de 10% a.a, por 3 anos, porém sob o regime dos juros compostos. Sendo assim, quanto você terá de devolver após o final desse período?
M = C X (1 + i)^t
M = 10.000 X (1 + 0,10)^3
M = 10.000 X (1,10)^3
M = 10.000 x 1,33
M = 13.310
Quando essa data chegar, portanto, você deverá pagar ao banco o montante total de R$ 13.310. Em função da mudança de juros simples para composto, você terá de desembolsar R$ 310 a mais. E essa bola de neve se torna cada vez mais rápida se você leva em conta valores maiores e mais tempo.
Imagine o capital de R$ 100 mil, rodando a 10% a.a, por 20 anos. Com juros simples teriamos um montante de R$ 300.000,00. Porém, com a ação dos juros compostos, esse valor já passa para R$ 672.749,99. Isso pode significar sua ruína no caso de uma dívida ou altos retornos no caso de um investimento. Ademais, também é possível utilizar a calculadora de juros compostos do iDinheiro para fazer os cálculos.
A Meta Selic
A Meta Selic é a meta da taxa de juros ao ano definida após as reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central. Esses encontros costumam acontecer de 45 em 45 dias, o que dá 8 por ano. Um dos principais objetivos de aumentar ou diminuir a Selic é regular a temperatura da economia e perseguir a meta de inflação estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Juros baixos incentivam o consumo, o crédito e os investimentos. Depois de um determinado período de economia aquecida por demanda, é natural surgir a inflação. Para freá-la, o Copom promove a elevação dos juros, visando esfriar a economia, diminuir o consumo e domar o aumento de preços. Esse efeito é obtido, pois o Banco Central entra no circuito de empréstimos entre bancos ajudando a forçar as taxas de juros praticadas para cima ou para baixo.
Taxa de juros é a mesma coisa que Taxa Selic?
A taxa de juros na prática é o “valor do dinheiro”, o quanto o capital irá aumentar após um determinado tempo e uma taxa estabelecida. Já a Meta Selic, também conhecida como taxa básica de juros da economia, é o indicador que faz com que as taxas praticadas no mercado sejam empurradas para cima ou para baixo.
Como a taxa de juros influencia no seu dia a dia?
A Meta Selic costuma balizar outras taxas de empréstimos e investimentos, principalmente os de renda fixa. Com taxas de juros baixas, o acesso ao crédito fica mais facilitado à população, que também consome mais. O mesmo serve para as empresas. Com juros baixos, há um cenário mais favorável para que sejam feitos investimentos, empréstimos ou financiamentos para expansão e compras de maquinário, por exemplo. Isso gera desenvolvimento, empregos e ajuda a impulsionar a economia.
Com o tempo, é natural que surja uma inflação por alta demanda. Para equilibrá-la, o BC pode aumentar os juros. A partir daí, o crédito fica menos acessível para pessoas e empresas. Neste cenário, as empresas podem preferir pegar parte de seu dinheiro em caixa e investir para fazê-lo render, ao invés de injetá-lo na economia.
Qual a melhor taxa de juros para investimentos?
Com juros em alta, torna-se atrativo investir, principalmente, em títulos de renda fixa, que costumam ter suas taxas balizadas pela Selic. Nesses momentos, costuma haver fuga de capital da bolsa de valores, por exemplo, já que é possível ir em busca de bons rendimentos na renda fixa, tomando muito menos risco.
Em momentos de juros baixos, a atratividade da renda fixa cai e, como vimos, o movimento de investimento das empresas começa a aumentar. Isso gera expectativa dos investidores frente aos resultados futuros das companhias e a bolsa de valores passa a ficar aquecida, auxiliando a elevar a cotação das ações.
É importante lembrar, porém, que muitos especialistas alertam para o fato de que, quando a bolsa está em baixa, podem surgir muitas oportunidades de se investir em renda variável para adquirir ações com preços descontados e lucrar com a retomada das altas.
Tipos de taxas de juros
Juros simples
Não mudam com o passar do tempo. Refletem apenas um mesmo acréscimo em percentual, referente ao primeiro capital envolvido na conta.
Juros compostos
Também chamados de juros sobre juros são aqueles que vão sendo acrescidos sempre ao montante do período passado que já foi reajustado pela taxa, o que faz com que o valor cresça de forma muito mais acelerada.
Juros nominais
É a porcentagem dos juros de forma “crua” ou “bruta”. Ou seja, que não leva em conta correções monetárias e a inflação do período, por exemplo. Nessa modalidade, é interessante tomar um pouco de cuidado, principalmente quando tratamos de investimentos.
Acontece que, com a inflação, o juro real sofrerá um desconto. Então, aquilo que a gente vê na tela não será o retrato mais fiel do quanto nosso dinheiro de fato rendeu, frente a perde do poder de compra.
Juros reais
Aqui, são levados em conta o desconto de fatores como correção monetária e inflação, por exemplo. É importante, porém, ficar atento a um pega ratão. Para você saber qual foi o juro real de sua aplicação financeira, não basta subtrair a inflação da taxa de juros.
Vamos levar em conta um investimento de R$ 10 mil, com retorno de juros de 10% em um ano, onde a inflação no mesmo período foi de 5%. Erra quem acha que basta diminuir 5% de 10% e chegar a um juro real de 5%. Se, após um ano, tivemos 5% de inflação, é como se você tivesse que ter investido R$ 10.500 para chegar nos R$ 11.000. Logo, isso representa um juro (rendimento) real de 4,76%.
Para chegar nessa conta, você também pode usar a fórmula: (1 + in) = (1 + r) × (1 + j)
(1+0,10) = (1+r) x (1+0,05)
1+r = 1,1/1,05
1+r = 1,047
r = 1,0476-1
r = 4,76%
Juros de mora
É aquele juro geralmente presente em empréstimos, contas ou parcelamento, que reincidem em caso de atraso no pagamento. Aqui, é cobrado um juro adicional para cada período (1 dia, por exemplo) em que o pagamento não é realizado dentro do prazo acordado.
Juros rotativos
Esses são os juros cobrados por atraso no caso da demora (ou parcelamento) no pagamento das faturas de cartão de crédito. Esses juros costumam ser os mais elevados do mercado.
Juros sobre capital próprio
São aqueles baseados no lucro das empresas. Quem investe em suas ações por exemplo, pode receber esse tipo de provento. A diferença para os dividendos é que o JCP é tributado na fonte para o acionista e as empresas podem utilizá-lo como um meio de ter um alívio tributário.
Conclusão
As taxas de juros, portanto, são variáveis importantíssimas, tanto para quem está pensando em realizar um empréstimo, parcelar uma conta, usar o cartão de crédito ou realizar um investimento, visando um ganho futuro. Estar atento ao cenário e aos indicadores econômicos fará toda a diferença na hora de decidir quais são as melhores ações a serem tomadas levando em conta a defesa de suas finanças.
E aí, entendeu o que é a taxa de juros e como ela influencia no seu bolso? Se ficou com alguma dúvida deixa nos comentários, será nosso prazer te responder!
Perguntas frequentes
- Como se define taxa de juros?
Taxa de juros é a taxa estabelecida que irá balizar o montante que uma certa quantia de capital irá render após um determinado tempo. Geralmente, utilizamos o termo taxa de juros quando falamos de empréstimos e taxa de retorno quando nos referimos a investimentos.
- Como fazer o cálculo da taxa de juros?
A fórmula dos juros simples é a M = C X (1 + i X t) Já a fórmula dos juros compostos, ou juros sobre juros (que são aqueles que vão incidir de forma cumulativa sobre o montante do período passado que já foi reajustado pela taxa) é a M = C X (1 + i)^t.
- Qual a taxa de juros hoje?
Atualmente, a Meta Selic, também conhecida como taxa básica de juros da economia, está em 13,75% ao ano.