Fundo de renda fixa: como funciona e como escolher para investir

Os fundos de renda fixa podem ser uma ótima opção para investidores iniciantes.

Escrito por Melissa Nunes

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O fundo de renda fixa é um tipo de investimento que possui uma carteira composta por diferentes produtos, como os títulos públicos e privados, por exemplo.

A diferença é que, por ser dinâmica, essa carteira se adapta ao mercado sendo gerida por uma instituição financeira, onde há um gestor especializado que administra diariamente a carteira, buscando sempre os melhores resultados.

Desta forma, você tem ao mesmo tempo exposição a diversos ativos, mas não precisa comprá-los separadamente. Isso torna possível a redução de riscos, aporte mínimo ou outros limitadores para que você possa iniciar seus investimentos com mais tranquilidade.

Acompanhe o texto para entender todos os detalhes dos fundos de renda fixa.

O que é um fundo de investimento?

Fundo de investimento é uma espécie de comunhão de recursos, organizado sob a forma de condomínio, destinado à aplicação em ativos financeiros. Trata-se de uma estrutura formal de investimento coletivo, onde os investidores reúnem seus recursos com o intuito de investir de forma conjunta no mercado financeiro.

O patrimônio do fundo (soma do dinheiro dos investidores) é aplicado por um gestor profissional dedicado a estudar o mercado. As decisões sobre o destino dos recursos seguem políticas preestabelecidas.

Se as aplicações tiverem sucesso, as cotas do fundo valorizarão, porém, o contrário também é verdadeiro.

Como funciona um fundo de renda fixa?

As carteiras de renda fixa funcionam como os fundos de outras categorias, onde os investidores reúnem recursos para que sejam aplicados em conjunto em ativos dessa classe. Os possíveis ganhos obtidos são divididos entre os participantes na devida proporção do valor depositado por cada um deles.

A principal diferença de comprar títulos de um CDB ou Tesouro Direto, por exemplo, e investir em um fundo de renda fixa, é que o gestor vai escolher e aplicar em mais de um produto para você, compondo uma carteira de ativos de renda fixa mais diversificada.

Tipos de fundos de renda fixa

Dependendo dos ativos em que aplicam e da sua política de investimentos, os fundos de renda fixa são denominados da seguinte maneira:

1. Simples

O fundo de renda fixa simples, como o nome indica, foi criado para que as pessoas tivessem acesso a uma opção de investimento barata, prática e segura. A principal característica dessa carteira é que ela deve manter pelo menos 95% do patrimônio aplicado em títulos públicos federais.

O fundo simples também pode aplicar em operações compromissadas (tipo de empréstimo com garantia), desde que envolva somente títulos públicos federais ou papéis de instituições financeiras com risco de crédito equivalente ao governo.

Entretanto, é proibida a concentração em crédito privado ou investimentos fora do Brasil.

Para diminuir o custo, todas as informações e documentos do fundo de renda fixa simples devem ficar disponíveis, preferencialmente na internet.

E para que o investidor tenha o acesso facilitado, não é necessário assinar um termo de adesão e ciência de risco ao investir, nem mesmo passar pelo processo obrigatório de verificação do perfil do cliente (suitability), feito por corretoras e bancos para que ofereçam somente produtos adequados a ele.

2. Curto prazo

Da mesma forma como o simples, os fundos de renda fixa de curto prazo são considerados opções conservadoras, mas nem tanto. Isso se deve ao fato de que seu capital pode ser aplicado em alguns ativos além dos títulos públicos federais.

Os fundos de curto prazo podem comprar títulos privados, cotas de fundos de índice que apliquem nestes mesmos papéis (privados ou públicos) e operações compromissadas com títulos públicos federais.

A principal diferença está associada ao prazo de vencimento dos títulos incluídos no fundo, que deve ser 365 dias, no máximo. O prazo médio da carteira precisa ser menor que 60 dias.

3. Referenciado

Os fundos de renda fixa referenciados procuram acompanhar a variação de um indicador de referência (benchmark), que pode ser uma taxa de juros ou um índice de mercado, por exemplo.

O tipo mais conhecido é o “fundo DI”, que objetiva acompanhar a variação diária das taxas de juros que os bancos costumam praticar. A sua referência é a chamada taxa do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).

Existem regras para a formação da carteira dos fundos referenciados. Eles devem manter 95% do patrimônio investido em ativos que acompanhem o indicador e ter pelo menos 80% aplicados em ativos de renda fixa considerados de baixo risco, títulos públicos federais ou cotas de fundos de índice que invistam em ativos com essas particularidades.

4. Dívida externa

Os chamados fundos de dívida externa também são de renda fixa, porém, contam com um diferencial importante: no mínimo 80% do patrimônio deve estar investido em títulos da dívida externa do Brasil. Esses títulos compõem a dívida externa brasileira e são negociados no mercado internacional.

O restante deste patrimônio, ou seja, 20% do fundo, normalmente também é aplicado em títulos de crédito negociados no exterior. A não ser em casos bem específicos previstos na regulamentação, como, por exemplo, o caso da aplicação de recursos remanescentes em operações com derivativos (instrumentos financeiros), desde que visem a proteção da carteira.

Quais os riscos dos fundos de renda fixa?

Algumas pessoas acreditam que para fugir dos riscos, basta somente deixar a renda variável de lado e investir na renda fixa, mas a realidade não é bem assim. 

Veja a seguir alguns riscos que o investidor de renda fixa deve ter em mente, embora eles sejam menores do que os existentes no mercado de renda variável.

Risco de calote

Apesar de ser em escalas bem distintas, teoricamente o risco de calote existe em todo e qualquer tipo de investimento, tanto na renda fixa quanto na renda variável.

Se fôssemos listar uma escala de riscos para os fundos de renda fixa, no primeiro nível estariam os títulos do governo (Tesouro Direto). Isso se deve ao fato de que, em tese, existe a possibilidade do governo dar calote. No entanto, essa possibilidade é muito pequena, uma vez que o Tesouro Direto possui alguns recursos para conseguir fazer essa rolagem de dívida.

No segundo nível ficariam os títulos das instituições financeiras que são bem resolvidas no mercado e possuem produtos de renda fixa que são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Já o terceiro e último nível (maior risco) fica por conta dos títulos de renda fixa que não possuem a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito. Sendo assim, nessa conta entram os CRIs, debêntures, CRAs e Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).

Dessa forma, o risco do fundo de renda fixa estará diretamente associado aos ativos que compõem sua carteira.

Risco de liquidez

Normalmente, o investidor iniciante tende a focar somente na taxa e deixa de notar outro ponto importante como é o caso da liquidez. 

Entretanto, é necessário estar atento também se o investimento possui liquidez diária, ou seja, se é possível efetuar o resgate a qualquer momento ou se é necessário esperar alguns dias ou meses, no caso dos fundos.

Risco de volatilidade

Ao contrário dos títulos de renda fixa, no fundo, o investidor fica exposto à oscilações do mercado, bem como o risco de calote pode impactar negativamente na rentabilidade do fundo.

Nesse caso, não há proteção do FGC. Portanto, se algum título no qual o fundo investe venha a dar prejuízo, é possível que o rendimento fique negativo.

Além disso, existem fundos de renda fixa com taxas de administração abusivas que também prejudicam a performance do fundo. Nesse caso, vale ficar atento para cobranças de 2% ou mais, pois dificilmente terão um retorno real.

Quanto custa investir em um fundo de renda fixa?

Pensando em investimento mínimo, os fundos de renda fixa podem ser extremamente acessíveis. É possível encontrar opções que aceitam qualquer valor, mas costuma ser comum um aporte inicial entre R$ 100 e R$ 1.000, com alguns fundos mais seletos de R$ 50.000.

Dito isto, também existem alguns tributos e taxas que você deve conhecer.

Começando pelos impostos, existe o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide sobre o rendimento dos investimentos nos primeiros 30 dias de aplicação, sendo tributado apenas quando o dinheiro é resgatado nesse período. A alíquota segue uma tabela de IR regressiva, que começa em 96% no primeiro dia e termina em 0% no trigésimo dia.

Além dele, também existe o Imposto de Renda. Da mesma forma que nos outros títulos de renda fixa, nos fundos a tributação segue a tabela regressiva de IR. Assim, quanto mais longo for o tempo da aplicação, menor será o percentual que incidirá sobre os rendimentos. Veja a seguir como isso funciona na prática:

Prazo da aplicaçãoAlíquota do IR
até 180 dias22,5%
de 181 até 360 dias20%
de 361 até 720 dias17,5%
acima de 720 dias15%

Em relação ao pagamento, você não precisa se preocupar, uma vez que a retenção é feita na fonte, automaticamente, pela instituição que administra o fundo. 

O mesmo acontece com o mecanismo utilizado pela Receita Federal para antecipar a cobrança do Imposto de Renda em determinados fundos de investimento, como o fundo de renda fixa, o chamado come-cotas. Ele é um adiantamento de 15% que é tributado nos meses de maio e novembro de cada ano. Assim, no resgate, o investidor paga apenas a diferença, caso esteja em uma alíquota mais alta.

Taxas do fundo de renda fixa

Para terminar, temos algumas taxas que serão cobradas pelos fundos. Entretanto, elas não possuem valores fixos, podendo variar de modo considerável de uma instituição para outra. A primeira taxa que falaremos é a de administração.

Cada fundo cobra um percentual diferente como taxa de administração. Essa cobrança incide sobre o patrimônio total investido no fundo, sendo destinada ao pagamento do gestor e de toda a estrutura que a instituição precisa ter para gerir os ativos e administrar suas obrigações.

Embora seja divulgada como um percentual anual, a taxa não é descontada de uma única vez, e sim provisionada diariamente, nas devidas proporções. Assim, caso o investidor resgate o dinheiro antes de completar 1 ano, por exemplo, pagará apenas o equivalente.

Além da taxa de administração, também existe a taxa de performance. Ela pode ou não existir, sendo um percentual cobrado sobre uma parcela da rentabilidade que porventura ultrapasse uma meta estipulada sobre o fundo.

Sumariamente, podemos afirmar que é uma taxa que remunera o gestor pelo bom desempenho do fundo de investimento, caso a meta de superar o seu índice de referência (conhecido como benchmark) seja alcançada.

Embora seja permitida, quando prevista no regulamento, existem restrições sobre a cobrança dessa taxa em fundos de renda fixa. Nesse caso, ela só pode ser cobrada quando o fundo de renda fixa é destinado a investidores qualificados, ou quando ele é classificado como “Longo Prazo” (aqueles cuja carteira de títulos tenha prazo médio igual ou superior a 365 dias) ou “Dívida Externa”.

Vantagens e desvantagens de investir

Para os investidores que estão iniciando no mundo dos investimentos e querem investir na renda fixa, é fundamental conhecer as vantagens e desvantagens desse tipo de aplicação. Veja, a seguir, as principais:

VantagensDesvantagens
vantagem Gestão profissionaldesvantagens Pode ter rentabilidade real negativa
vantagem Baixo risco frente a outros fundosdesvantagens Custos de alguns fundos podem ser altos
vantagem Previsibilidade de retornodesvantagens Come-cotas prejudica o efeito dos juros compostos
vantagem Pode servir como reserva emergencial
vantagem Facilidade de contratação

Como investir em um fundo de renda fixa?

Para investir em um fundo de renda fixa, você primeiramente deve entender se eles estão adequados ao seu perfil de investidor e objetivos de curto e longo prazos.

Em seguida, será necessário abrir uma conta em uma corretora de valores. Feito isso, basta transferir os recursos para comprar as primeiras cotas.

Porém, o processo de investimento não acaba por aí. É importante acompanhar mensalmente a aplicação, a fim de verificar se está de acordo com as políticas estabelecidas e a rentabilidade esperada.

Como escolher um bom fundo de renda fixa?

Existem alguns fatores que podem ajudar na escolha do melhor fundo de renda fixa para a sua carteira de investimentos. Os principais são:

  • índice de referência (benchmark): observe se o fundo segue algum índice como CDI, IPCA ou Selic;
  • alocação da carteira: aqui, você deve estudar a carteira e a estratégia de investimentos do fundo, inclusive alinhando o prazo que deixará o dinheiro investido;
  • aplicação mínima: procure saber qual é o valor mínimo para adquirir uma cota do fundo e qual o peso que isso trará para a sua carteira de investimento de modo geral;
  • taxas e custos: verifique se as taxas e custos cobrados pelo fundo não comprometem muito a sua rentabilidade;
  • risco: procure saber sobre o nível de risco do fundo, mesmo se eles forem mais conservadores, sobretudo se a carteira tiver títulos de longo prazo que podem sofrer variações neste tempo;
  • liquidez e resgate: verifique no regulamento do fundo quais são os prazos de resgate, caso você precise retirar o seu investimento por algum motivo;
  • rentabilidade: para ter uma ideia, você pode estudar sobre a reputação da gestão e sobre rentabilidade que o fundo entregou no passado. Porém, vale ressaltar que a rentabilidade passada não garante o retorno futuro.

Como comparar fundos de renda fixa?

Caso você queira comparar os fundos de renda fixa antes de decidir em qual ou quais investir, existe uma ferramenta que pode facilitar a sua pesquisa: o comparador online disponibilizado no site da Anbima.

Para fazer a comparação por meio dele, basta acessar a plataforma e selecionar até quatro fundos. Na tela, você irá conferir as principais informações sobre cada um, com uma visualização bastante simples.

Dessa forma, você terá uma base mais concreta de conhecimentos antes de optar por um fundo de renda fixa para compôr sua carteira.

Vale a pena investir em fundos de renda fixa? 

Caso você esteja iniciando no mundo dos investimentos, o fundo de renda fixa pode ser uma boa opção, uma vez que você possivelmente ainda não conhece a dinâmica do mercado e não quer se expor em ativos correndo riscos.

Carteiras com diversas aplicações exigem um certo tempo. Se a sua vida é muito agitada, os fundos também podem ser uma boa escolha, por serem administrados por gestores. Nesse caso, você se preocupará somente com a rentabilidade do investimento.

Os fundos de renda fixa também são indicados para quem possui pequenas reservas e quer investir em produtos diversificados. Com os fundos você terá títulos privados, públicos e derivativos sem a necessidade de gastar muito.

Se o seu objetivo é ter uma rentabilidade acima do CDI sem correr muitos riscos, os fundos de renda fixa também podem ser uma opção interessante, especialmente se você quer investir no curto prazo.

Perceba que os fundos de renda fixa podem valer a pena para diferentes perfis de investidores. Porém, cabe a você analisar seus objetivos e prazos ao investir.

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