O sistema peer-to-peer (P2P) conecta pessoas interessadas em transações sem intermediários, sendo muito comum em negociações com criptomoedas. A tradução do termo pode ser “pessoa para pessoa” ou “ponto a ponto”. Essa variação ocorre principalmente pelo fato de que peer-to-peer assume significados diferentes nos universos da tecnologia e das criptomoedas.
Na computação, identificamos uma rede peer-to-peer quando os computadores conectados a esse sistema formam os servidores. Ou seja, não há uma base central, mas os próprios usuários (pontos) da rede que cuidam da administração. Mas, quando falamos de mercado financeiro, utilizamos o termo peer-to-peer para nos referir a transações descentralizadas com criptoativos, entre duas pessoas.
Com o mercado de criptomoedas se expandindo cada vez mais, para aqueles que se interessam por esse segmento, conhecer mais sobre o modelo P2P é essencial. Pensando nisso, preparamos este artigo com as principais informações dessa forma de realizar transações. Portanto, confira o que é e como funciona o sistema peer-to-peer, veja como negociar de forma segura nesse modelo e como ele se diferencia de outras formas de comprar criptomoedas.
O que é peer-to-peer?
Peer-to-peer (P2P) pode ser um assunto bastante comum entre pessoas que acompanham o mercado de criptoativos ou que possuem interesse em tecnologia. Podemos traduzir o termo inglês para “pessoa para pessoa” ou “ponto a ponto”. A expressão se refere a um sistema que conecta pessoas interessadas em transações sem intermediários, sendo muito comum em negociações com criptomoedas.
Contudo, esse termo assume outra conotação quando nos referimos às ciências da computação e outras áreas que se relacionam com a tecnologia. Sendo assim, nesses casos é mais comum que peer-to-peer seja utilizado para se referir a esse sistema que conecta vários computadores, que passam a se configurar como servidores de uma rede distribuída.
Dessa forma, o computador de cada usuário da rede é também um ponto ou servidor, ao mesmo tempo em que é possível atuar como cliente da rede. Isso se diferencia de um sistema tradicional, afinal, nele, as operações ocorrem em uma dinâmica cliente-servidor. Ou seja, há uma instituição que comanda um servidor central e que presta serviços para seus usuários ou clientes.
Portanto, podemos identificar algumas das seguintes diferenças entre uma rede peer-to-peer e uma rede convencional:
| Característica | Sistema peer-to-peer | Sistema convencional |
|---|---|---|
| Existência de servidor central: |  |  |
| Informação distribuída: | | |
| Vínculo com entidade: | | |
| Cada participante (ponto) é servidor: | | |
| Possui princípio da descentralização: | | |
Mas, quando nos referimos ao modelo de negociação peer-to-peer no mercado financeiro, principalmente no segmento das criptomoedas, o termo é utilizado para se referir a transações de usuário para usuário, que ocorrem entre ambas partes sem qualquer interferência de terceiros. Ou seja, ao optar por essa forma de comprar criptomoedas, você faz a negociação diretamente com o comprador ou com o vendedor da moeda digital.
Como funciona uma rede peer-to-peer?
Em uma rede peer-to-peer, constrói-se um protocolo que permite que pessoas conectadas a diversos computadores possam se comunicar diretamente, uma vez que estão utilizando um mesmo software. Tudo isso ocorre de usuário para usuário, não sendo necessária a intermediação de um servidor central, como ocorre em um sistema convencional.
Portanto, nesse modelo, podemos chamar o computador do usuário de “nó”. Cada nó é capaz de compartilhar dados e informações com todos os demais computadores que executam esse mesmo software. Sendo assim, quando um usuário desse sistema identifica outra pessoa, em seu computador, que tem um software em comum, pode se conectar a ela, identificando o nó que desejar.
As principais características de uma rede peer-to-peer são:
- computadores atuando como clientes e como servidores;
- permite conexões entre usuários do mesmo sistema;
- a interface do usuário não é executada em um navegador da internet.
Peer-to-peer e as criptomoedas
A blockchain é a tecnologia que viabilizou o surgimento das criptomoedas, utilizando o princípio de descentralização, aliado a segurança e confidencialidade. Tudo isso é possível graças aos rigorosos processos de validação e verificação de dados e transações que ocorrem nesse sistema. Além disso, a blockchain se configura como um protocolo P2P.
As criptomoedas, nativas de redes blockchain, não estão ligadas a um servidor central. Portanto, a rede blockchain de cada criptomoeda funciona como uma expansiva rede de computadores interconectados.
Ou seja, cada computador dessa rede roda um mesmo software sendo, portanto, um servidor próprio. Assim, quanto mais pessoas utilizam a rede, mais capacidade o sistema passa a ter, devido à maior quantidade de servidores. Consequentemente, isso traz mais facilidade para realizar transações.
Sendo assim, percebemos que a blockchain é descrita como um livro contábil de livre acesso ao público. Isso se deve ao fato de que cada nó que executa o mesmo software na rede, pode acessar todas as transações com criptoativos que ocorrem no sistema.
Como são as negociações em uma rede peer-to-peer?
No universo das criptomoedas, peer-to-peer não se trata apenas da arquitetura do funcionamento dos computadores em uma rede blockchain. Mas, é também uma forma de negociar criptoativos.
Nesse modelo, é possível comprar ou vender criptomoedas diretamente com usuários. Ou seja, as partes interessadas negociam entre si, sem recorrer a intermediários, como corretoras de criptomoedas (exchanges). Mas, afinal, como isso é feito?
Pessoas interessadas em comprar criptomoedas na modalidade peer-to-peer, normalmente, negociam o valor da criptomoeda e outros detalhes por meio de algum canal de conversa, como sites, aplicativos ou plataformas virtuais voltadas para esse tipo de negociação.
Algumas plataformas reconhecidas por esse serviço operam como marketplace, reunindo compradores e vendedores. Para utilizar essas plataformas, é necessário fazer um cadastro. Da mesma forma que as exchanges, alguns desses sites possibilitam que as transações ocorram sem prejuízos para as partes. Exemplos de plataformas P2P, são:
- Paxful: as criptomoedas são alocadas em uma conta de custódia até a finalização da negociação;
- LocalBitcoins: também armazena as criptomoedas em uma espécie de conta de custódia, até terminar a transação;
- Catálogo P2P: apresenta um ranking com a reputação dos vendedores, avaliados pelos próprios clientes;
- Binance P2P: é uma exchange centralizada com plataforma para P2P e realiza a custódia das criptomoedas até o término da negociação.
Como negociar no modelo peer-to-peer?
A negociação é feita diretamente entre vendedor e comprador, que negociam entre si o valor da criptomoeda, da forma como acharem mais adequado. Sendo assim, é o comprador que julga se o valor estabelecido está de acordo com o que ele deseja. Em caso afirmativo, as partes combinam a transferência da propriedade do ativo digital e a forma de pagamento.
Podemos sintetizar o passo a passo para negociações peer-to-peer da seguinte forma:
| Passo a passo para comprar criptomoedas P2P |
|---|
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Sendo assim, notamos que a negociação é feita com base na confiança entre o comprador e o vendedor. Como não há intermediários, não há garantias do sucesso da transação. Portanto, o ideal é procurar vendedores com histórico de boa reputação e que possam comprovar o sucesso de negociações passadas. Assim, é possível evitar golpes. Além disso, outra alternativa é recorrer às plataforma P2P.
Como evitar golpes em negociações P2P
Como mencionamos, negociações no modelo peer-to-peer requerem confiança entre ambas partes. Essas são operações envolvendo dinheiro e ocorrem pela internet, sendo assim, algumas pessoas mal intencionadas podem aparecer com intuito de aplicar golpes. Por vezes, isso pode levar o comprador a ter uma experiência ruim, perdendo seu dinheiro e prejudicando sua saúde financeira.
Por isso, ao optar por essa forma de comprar criptomoedas, convém conferir dicas de como evitar golpes em negociações P2P. Veja:
- inicie com valores baixos: é interessante começar as negociações com valores menores, assim você pode se certificar de que a operação será realizada com sucesso, sem comprometer grande parte de seu patrimônio, ao mesmo tempo em que averigua a reputação do vendedor;
- atente-se aos valores: nesse sentido, é importante considerar se a oferta do valor da criptomoeda está parecida com a cotação do mercado. Sendo assim, vale a pena desconfiar de valores muito abaixo da cotação de mercado;
- conheça o vendedor: pesquise sobre o vendedor e avalie sua reputação antes de fechar o negócio. Portanto, opte por aqueles que podem comprovar o sucesso de transações passadas e converse com pessoas que já compraram com mesmo anunciante;
- analise o contexto: desconfie de links e ofertas de criptomoedas enviados a você, e também de contatos de vendedores P2P. Normalmente, vendedores confiáveis não vão diretamente até uma pessoa ofertar o ativo, mas sim o interessado vai até o vendedor;
- utilize um antivírus: tenha atenção caso ocorram movimentações estranhas ou apareçam notificações e links suspeitos em seu computador. Instalar e manter atualizado um bom antivírus pode ajudar na proteção antes de baixar o software.
Vantagens e desvantagens do modelo peer-to-peer
Quando lidamos com operações financeiras, avaliar as vantagens e desvantagens e de um produto ou serviço é fundamental. Sendo assim, confira algumas vantagens e desvantagens de realizar negociações em peer-to-peer, em relação a outras formas de comprar criptomoedas:
| Vantagens | Desvantagens |
|---|---|
 |  |
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Além desses pontos, o comprador deve considerar que após o recebimento da criptomoeda, ele quem deverá realizar a custódia do ativo digital adquirido, afinal, não há, por exemplo, uma corretora para armazenar a moeda. Por isso, deve-se escolher uma carteira de criptomoedas para guardar e manter os ativos em segurança.
É possível armazenar criptomoedas em carteiras quentes (conectadas à internet) ou carteiras frias (sem conexão com a internet). Para conferir como funciona cada uma delas e escolher a sua, veja os artigos listados:
- Carteira quente: Hot wallet: o que é, como escolher e como se diferencia da cold wallet?
- Carteira fria: Cold wallet para criptomoedas: descubra o que é, quais tipos existem e como escolher!
Diferenças entre mineração, peer-to-peer e exchange
Existem muitos conceitos específicos do universo das criptomoedas e, muitas pessoas podem confundir alguns deles. Peer-to-peer, mineração e exchange são formas de adquirir criptomoedas, mas cada uma delas funciona de uma forma diferente. Confira:
 | O que é? | Como obter criptomoedas? |
|---|---|---|
| mineração: | processo de validação de dados em uma blockchain; | o usuário da rede que é o mais rápido em resolver operações matemáticas de bloco (hash) recebe frações de Bitcoin ou outras criptomoedas em troca; |
| peer-to-peer: | rede distribuída de computadores conectados ao mesmo software ou negociação de criptomoedas diretamente entre as partes, sem intermediários; | a pessoa interessada em comprar o ativo digital entra em contato com o vendedor para negociar e efetua a compra; |
| exchange: | empresa especializada em transações com criptoativos, que intermedia compra e venda de ativos, além de cuidar da custódia. | o interessado cria conta digital no app ou site da exchange, deposita recursos e acessa as ofertas de criptomoedas, podendo comprá-las. |
Mineração
A mineração é um processo através do qual membros de uma rede blockchain, chamados de mineradores, incluem blocos nesse sistema. Para isso, essas pessoas são responsáveis pelos processos de validação e verificação das operações com criptomoedas. Quando a transação é validada, um novo bloco é gerado na blockchain, interligando-se ao demais.
Para conhecer mais sobre as transações na blockchain, confira o artigo: “O que é blockchain? Conheça a rede dos criptoativos“.
Mineradores podem receber frações de criptomoedas por operar em uma blockchain resolvendo problemas matemáticos complexos. Entretanto, essa tarefa geralmente requer investimentos em computadores com alto desempenho, além de demandar alto gasto de energia.
Peer-to-peer (P2P)
Em um sistema P2P usuários de vários computadores podem se reunir de modo que a máquina de cada pessoa funcione também como servidor. Essa rede é descentralizada e os próprios membros executam um software em comum, que os permite comunicar entre si.
Mas também existem as negociações P2P. Nelas, uma pessoa interessada em comprar criptomoeda negocia diretamente com o vendedor do ativo digital. Isso pode ser feito via sites, plataformas e aplicativos de mensagens. A operação é feita na base da confiança entre vendedor e comprador, já que não há uma terceira parte para intermediar a transação.
Exchange
Por fim, uma exchange ou corretora de criptomoedas se assemelha a uma corretora tradicional. Porém, é especializada em criptoativos. Portanto, elas intermediam a compra e venda de ativos, dentre eles, criptomoedas como o Bitcoin (BTC), Ether (ETH), Bitcoin Cash (BCH), além de tokens como Gala (GAL), Solana (SOL), Chiliz (CHZ).
Algumas corretoras ou exchanges de destaque no Brasil são:
- Coinext: conta com procedimentos menos burocráticos e taxas competitivas, tendo mais de 50 criptoativos em seu catálogo e mais de 130 mil usuários;
- Mercado Bitcoin: oferta mais de 200 ativos em sua plataforma, que se destaca como uma das principais da América Latina, contanto com mais de 3,8 milhões de clientes;
- NovaDAX: lista cerca de 157 moedas para negociar, além de possuir muitos recursos, incluindo conta digital gratuita e cartão pré-pago próprios.
Além dessas, mais corretoras se destacam. Para saber mais, vale a pena conferir o artigo: “Melhores corretoras de criptomoedas no Brasil em 2022“.
É seguro comprar criptomoedas peer-to-peer?
Comprar criptomoedas no modelo peer-to-peer envolve vantagens e riscos, como mencionamos. Se, por um lado, a alternativa traz mais agilidade para as transações, riscos envolvendo fraudes também podem se tornar se tornar comuns, já que não há empresa ou pessoa para intermediar a operação.
Entretanto, alternativas como as plataformas P2P podem ser uma saída interessante para se afastar do fator de risco, já que trazem mais confiança e garantias. Mas, no caso de optar por transações em sites ou aplicativos de conversa, o comprador deve ficar atento a alguns fatores de riscos. Por isso, vale a pena conferir as dicas que listamos ao longo do texto.
Dentre elas, reforçamos a importância de procurar um vendedor de confiança, que possa comprovar o histórico de boa reputação e transações bem-sucedidas. Além disso, para ter mais canais pelos quais possa se certificar, vale a pena conversar com pessoas que já realizaram transações com o vendedor de seu interesse.
Outro ponto importante é escolher um antivírus eficiente e mantê-lo atualizado pois, nesse meio, é comum encontrar hackers que desejam invadir computadores e realizar fraudes ou roubar dados, por exemplo. Além disso, outras medidas protetivas são não baixar programas suspeitos e manter seu sistema operacional atualizado.
Além dessa dica, aqui, no iDinheiro, contamos com diversos artigos para te guiar em sua jornada financeira. Para ficar por dentro das novidades, assine nossa newsletter com conteúdos exclusivos e confira os conteúdos relacionados!
