O que é e como funciona o consórcio? Um guia completo!

O consórcio é um tipo de autofinanciamento bastante utilizado pelos brasileiros. Veja neste artigo, quais são as vantagens e desvantagens do consórcio e como fazer um.

Escrito por Camille Guilardi

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Todos nós temos sonhos e objetivos que desejamos realizar um dia. No entanto, devido a condição financeira da maioria dos brasileiros, algumas metas necessitam de mais tempo para serem alcançadas. Então, para acelerar o processo, muitos brasileiros recorrem ao consórcio. Mas como funciona o consórcio?

Sendo uma modalidade de compra baseada no autofinanciamento, ele é um tipo de poupança conjunta. Assim, por ser uma alternativa mais acessível que o financiamento, o consórcio tem atraido cada vez mais adeptos. Para você ter uma ideia, o setor apresentou um crescimento de 12,1% em um ano. 

Apesar de ser muito utilizado pelos brasileiros, sabemos que ainda há muitas dúvidas sobre o assunto. Por esse motivo, preparamos este guia para explicar tudo o que você precisa saber sobre o consórcio. Acompanhe a leitura! 

O que é consórcio?

Como mencionamos, o consórcio trata-se de uma modalidade de compra que, por meio da união de pessoas físicas e jurídicas, montam uma poupança para adquirir um bem ou serviço. A formação desses grupos bem como a administração deve ser feita por uma empresa autorizada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil.

Consórcio: uma invenção brasileira que deu muito certo 

Você sabia que a ideia do consórcio surgiu em um grupo de funcionários do Banco do Brasil que precisavam adquirir um veículo? Durante a década de 1962, a indústria automobilística se instalava no Brasil. Contudo, a falta de oferta de crédito direto ao consumidor dificultava o acesso aos veículos.

Então, os funcionários do Branco do Brasil decidiram montar um grupo de amigos para arrecadar um fundo suficiente para que todos os integrantes tivessem seu próprio veículo. A ideia era que cada membro fornecesse o valor de uma parcela do carro, para que a soma das partes resultasse no valor necessário para a compra. Para decidir a ordem do beneficiário, foi realizado um sorteio. 

A ideia deu tão certo que, em 1967, as empresas do segmento automotivo começaram a oferecer para os seus clientes o consórcio como modalidade de compra. Para regularizar a prática, o governo estabeleceu regras para controlar a captação dos recursos. 

Então, ainda no ano de 1967, foi criada a ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), entidade responsável por atender os interesses de administradoras de consórcio independentes, programas de consórcios de concessionárias e fabricantes. Até o momento, a prática do consórcio era fortemente difundida no segmento automobilístico. Entretanto, no decorrer da década de 90, outros segmentos aderiram essa modalidade de compra e foi nesse período que surgiu o consórcio imobiliário.

Com o intuito de aprimorar o sistema, em 2009 entra em vigor a Lei 11.795/2008 que trata exclusivamente da prática de consórcio no país. Hoje, essa modalidade de compra permite a aquisição de uma gama altamente diversificada de bens, produtos e serviços.

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Você sabia?

Para você ter uma ideia da importância do consórcio para o brasileiro, no Brasil já soma mais de 8 milhões de consorciados — o que representa uma movimentação de R$ 222,26 bilhões na economia do país.

Como funciona o consórcio?

Basicamente, o consórcio funciona como uma poupança conjunta. Nesse sistema, é montado um grupo de pessoas (físicas ou jurídicas) com objetivos em comuns que contribuem mensalmente para arrecadar o montante necessário para a aquisição do produto ou serviço. 

Chamado de “fundo comum”, o montante arrecadado é utilizado por todos os participantes do grupo em ordem definida por sorteio ou lance. Sendo assim, por meio do sorteio, um integrante do grupo pode utilizar o valor do crédito contratado, independentemente da quantidade de parcelas que já tenha pago. Quanto ao lance, o consorciado pode ofertar um valor para aumentar a chance de contemplação. Nesse caso, a prioridade é para quem oferecer o maior valor. 

Vale ressaltar que as regras de oferta e apuração podem variar entre os grupos, por isso, é muito importante estar atento às diretrizes que constam no contrato. Já a contemplação, pode acontecer a qualquer momento durante o período de duração do consórcio.

O que é um grupo de consórcio?

O grupo de consórcio é formado por pessoas físicas e jurídicas que possuem o objetivo de juntar um capital comum, por meio do pagamento de parcelas mensais, para adquirir o bem ou serviço desejado. Nesse caso, o participante pode entrar em um grupo que ainda está sendo formado ou em um que já está em andamento.

Quando o grupo não está formado, significa que a administradora ainda está em busca de novos membros e a primeira assembleia geral ordinária não foi realizada. Nesse caso, a administradora tem 90 dias para formar o grupo a partir da assinatura do contrato pelo integrante. Caso não seja possível formar o grupo durante esse período, a admiradora deve devolver para o participante o valor corrigido.

Para fazer parte de um grupo que já está em andamento, o participante precisa adquirir uma cota que ainda não foi vendida ou conseguir uma transferência de cota. No primeiro caso, a negociação é feita diferentemente com a administradora e o participante deve assumir o valor das parcelas que já foram quitadas pelos demais membros.

Quanto a transferência, a cota é passada de uma pessoa para outra com a autorização da administradora. Nesse caso, é possível transferir cotas contempladas e não contempladas. Lembrando que as regras que regem essa negociação devem constar no contrato. 

O que é contemplação?

A contemplação é o momento mais aguardado pelo consorciado, pois é quando o crédito necessário para adquirir o bem ou serviço é concedido. Ao receber a carta de crédito, o contemplado pode utilizar o dinheiro da forma como preferir. 

No entanto, há contratos que determinam que o produto deve ser da mesma natureza que o proposto inicialmente. Ou seja, se você entrou em consórcio de veículo para adquirir um carro, por exemplo, ao receber a carta de crédito você pode optar por comprar uma moto

Mas de forma alguma, em uma situação como essa, o valor recebido pode ser utilizado para fins que não estejam relacionados à compra de um veículo. Caso você queira fazer uma viagem, realizar um tratamento estético ou comprar um produto específico, por exemplo, vale optar pelo consórcio de serviços. 

Quanto ao consórcio de imóveis, além da possibilidade de escolher o modelo e o tipo de imóvel, o consorciado também pode optar por quitar o financiamento. Em regra, o contemplado poderá utilizar até 10% do valor recebido para quitar custos relacionados a seguros, impostos e registros

Além disso, fica a critério do consorciado adquirir um bem ou serviço de maior ou menor valor. Caso opte por comprar algo que tenha valor superior ao saldo da carta de crédito, o restante do valor deve ser quitado com recursos próprios. No entanto, se preferir algo com valor inferior ao saldo da carta de crédito, é possível utilizar o restante do valor para abater o saldo devedor ou receber a diferença desde que essa condição esteja prevista no contrato. Na maioria dos acordos, é necessário aguardar um prazo de 180 dias, após a contemplação, para que o crédito seja convertido em dinheiro. 

Outro ponto muito importante que deve ser levado em consideração após a contemplação é que na existência de prestações ainda não quitadas, o consorciado deve apresentar garantias. Para proteger os demais membros do grupo, o bem adquirido com o saldo da carta de crédito permanece alienado à administradora até que o contemplado quite o restante das parcelas.

A mesma regra vale para financiamentos. Em casos de consórcio de imóveis, o contemplado pode oferecer como garantia outro imóvel. Quanto ao consórcio de serviços, é necessário disponibilizar um bem como garantir ou recorrer a um fiador. Além disso, dependendo do acordo, podem ser exigidas garantias complementares. 

Quais as taxas cobradas em um consórcio?

Apesar do consórcio não ter cobrança de juros, há cobrança de taxas referentes ao serviço prestado pela administradora. Portanto, antes de assinar o contrato, é muito importante que você analise o valor desses encargos para não ser pego de surpresa. 

Geralmente, as taxas incluídas no consórcio são:

  • taxa de administração: utilizada para remunerar os serviços prestados pela administradora;
  • fundo de reserva: uma forma de garantir que o fundo comum dos grupos tenha sempre saldo positivo para assegurar a entrega das cartas de crédito;
  • fundo comum: uma das parcelas pagas no consórcio fica retida no fundo comum. 

Quais os principais tipos de consórcio?

Atualmente, o consórcio tem sido utilizado pelos consorciados para obter uma gama variada de produtos, bens e serviços. Contudo, o tipo mais utilizado continua sendo para a aquisição de veículos automotores e imóveis. Sendo assim, os principais tipos de consórcios são:

Vantagens e desvantagens do consórcio

Para a maioria dos brasileiros, adquirir um bem ou serviço que possui um valor mais alto não costuma ser nada fácil. Então, em uma situação em que o consumidor não tem o dinheiro à vista, é possível recorrer ao financiamento, crédito especial e o consórcio.

Entre as opções disponíveis, o consórcio possui mais vantagens, visto que não possui cobrança de juros e tão pouco exige análise de crédito. Além do mais, trata-se de uma modalidade de compra mais flexível e com baixo risco. Há também outras vantagens como:

  • menor carga tributária;
  • possibilidade de escolher a data de pagamento da parcela conforme a sua condição financeira;
  • facilidade para elaborar um planejamento de compra;
  • possibilidade de antecipar a compra, após a contemplação obtida por meio de lance ou sorteio;
  • versatilidade no uso do crédito;
  • menos burocracia;
  • prazo de pagamento maior;
  • possibilidade de atualizar o valor da carta de crédito;
  • possibilidade de utilizar o saldo disponível do FGTS.

Apesar das vantagens do consórcio, há alguns pontos negativos que você precisa se atentar. Veja só!

  • presença de custos extras, como a taxa de administração: tome cuidado, pois embora o consórcio não tenha cobrança de taxas de juros, os valores dos custos incluídos no serviço podem ser mais altos que a taxa de juros cobrada em um financiamento;
  • sem previsão de contemplação: mesmo que no contrato esteja previsto a realização de mais de um sorteio por mês, ainda sim as chances de conseguir a contemplação são baixas;
  • atualizações monetárias: a correção ocorre para garantir o poder de compra da carta de crédito a longo prazo;
  • vínculo: o participante tem o direito de sair do grupo ainda no início. Contudo, é preciso aguardar ser sorteado para receber todo o valor que foi investido. Então, em um consórcio com prazo longo, o tempo de espera pode ser um ponto bastante negativo.

O que é melhor: consórcio ou financiamento?

A resposta depende de dois fatores importantes: a quantidade de recursos disponíveis e o tempo que se deseja obter o bem ou serviço. Sendo assim, em uma situação que requer rapidez, o financiamento é a melhor alternativa, uma vez que no consórcio necessita de um prazo maior para o participante ser contemplado.

No entanto, se você tem uma boa reserva para fazer um lance e agilizar a contemplação, o consórcio pode ser uma alternativa mais vantajosa, já que não há cobrança de juros como acontece no financiamento. Portanto, tudo depende de um planejamento bem estruturado e do objetivo estabelecido.

Tenha em mente que o consórcio tem como finalidade ajudar os participantes a conquistarem um bem ou serviço que se pretende adquirir num futuro próximo. Por esse motivo, em casos de necessidade imediata, o consórcio não é considerado uma boa opção.

Como fazer um consórcio?

Ao contrário do que muitos imaginam, o consórcio é acessível para qualquer pessoa. Logo, adesão é bem tranquila e não necessita de tanta burocracia. Sendo assim, o primeiro passo para entrar em um consórcio consiste em adquirir uma cota de uma administradora regulamentada pelo Banco Central.

Ao selecionar a administradora de seu interesse, aconselhamos que você analise bem os planos disponíveis e opte pelo grupo que tenha o melhor prazo e o melhor valor. Além disso, ressaltamos a importância de ler com atenção todo o contrato para saber quais são seus direitos e deveres e assim evitar frustrações futuras. Então, antes de assinar o acordo é necessário que você se atente aos seguintes pontos:

  • valor do crédito;
  • regras de contemplação por sorteio e lance;
  • forma de antecipação de pagamento de prestações;
  • garantias que você devem ser apresentadas para utilizar o crédito após ser contemplado;
  • prazos de duração do grupo;
  • percentuais de contribuições, como taxa de administração e fundo de reserva e/ou seguro incluindo outras despesas que podem ser cobradas;
  • todas as condições prometidas pela administradora;
  • critérios de atualização do crédito.

Conclusão

Ficou claro para você como funciona o consórcio? Com base nas informações apresentadas neste artigo, percebemos que o consórcio trata-se de uma modalidade de compra bastante acessível. 

No entanto, para garantir que o investimento gere o retorno esperado é muito importante que você tenha muito cuidado com ofertas muito atraentes que prometam contemplação imediata ou serviço isento de taxas, pois são condições que não existem e as chances de você cair em um golpe são altas. Por isso, recorra aos serviços de uma administradora de confiança que seja regulamentada pelo Banco Central.

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Perguntas Frequentes

  1. Qual a vantagem de se fazer um consórcio?

    Além da possibilidade de planejar a compra do bem ou serviço, o consórcio tem como vantagem: maior flexibilidade, isenção de juros, menos burocracia, não requer análise de crédito, menor carga tributária e versatilidade no uso do crédito.

  2. Quais os riscos de um consórcio?

    De modo geral, o consórcio é um investimento de baixo risco. No entanto, existem algumas situações que podem acontecer e comprometer o seu investimento, como a desistência de mais de um membro do grupo. 

  3. O que se recebe no final do consórcio?

    Após 60 dias do encerramento do grupo, é calculado o fundo de reserva. O valor obtido é dividido entre os consorciados que têm direito.

  4. Quando o consórcio vale a pena?

    Vale a pena utilizar o consórcio quando há o desejo de adquirir um bem ou serviço de alto valor em um futuro próximo. 

Referências do artigo
    1. Metropoles. “Após anos de recordes, mercado de consórcios se prepara para 2022”. Link.
    2. Jornal da Globo. “Busca por consórcios para comprar carros, motos e imóveis cresce 12,1% no Brasil em 1 ano”. Link.
    3. Planalto. “Lei 11.795 de 8 de outubro de 2008”. Link.
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