O aumento generalizado dos preços de itens básicos como alimentos, energia elétrica e combustível, tem apertado muito o orçamento dos brasileiros desde o ano passado. E a tendência é de que não haja muita trégua nos próximos meses, diante da maior seca no país em 91 anos.
A chegada do período chuvoso, neste mês, deve favorecer culturas que são plantadas agora, como a soja. Mas o nível de precipitação ainda é baixo para encher reservatórios, gerando incertezas para as lavouras que dependem de irrigação, como hortaliças, arroz e feijão.
Além disso, o baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas fez o governo acionar as termelétricas, que produzem energia mais cara. Assim, os gastos de produção das fazendas, indústrias e comércios se elevaram, causando um efeito em cascata em toda a economia.
Com menos renda disponível e as taxas de desemprego elevadas, muitas famílias já fizeram substituições e diminuíram a qualidade do prato. Confira a seguir quais alimentos devem sofrer aumento no preço com a seca.
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Quais alimentos devem ficar mais caros?
A falta de chuvas que atinge o campo do Centro-Sul desde 2020 já provocou queda na produção de diversas culturas. Com a chegada da crise hídrica, a maior em 91 anos, o Brasil enfrentará novos desafios. Alimentos básicos como feijão, café, açúcar, carnes, ovos e hortaliças devem sofrer aumento de preço.
- Hortaliças
O cultivo hortaliças é muito dependente da irrigação e, por isso, a principal preocupação do setor é se terá água suficiente nos reservatórios até o próximo ano. No entanto, a produção já havia sido prejudicada pelas geadas em julho. Agora, o déficit hídrico pode gerar redução na oferta de hortaliças, provocando aumento de preços.
- Arroz e feijão
Apesar da maior parte da produção do arroz também ser irrigada, especialistas apontam que não haverá uma disparada de preço tão forte como a do ano passado. “O preço do arroz deve se estabilizar em torno de R$ 5 o quilo. Não vai subir aos níveis de 2020, mas também não vai baixar“, afirma a diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Andressa Silva.
O preço do feijão também deve seguir alto. A leguminosa deve ter aumento a partir de agora até o início de 2022, diz Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão, Pulses e Colheitas Especiais (Ibrafe). Sem chuvas suficientes desde o ano passado, o desenvolvimento do feijão das 1ª e 2ª safras foi prejudicado, principalmente no Paraná, que é o principal estado produtor do grão.
- Café e Açúcar
O preço do café deve sofrer um aumento de até 40%, nos supermercados até setembro, segundo o diretor-executivo Celírio Inácio, da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Isso porque o grão é uma das culturas que já vem sendo impactada pela seca desde o ano passado. E, em julho deste ano, os cafezais sofreram mais um baque com três ondas de geadas. Assim, a queda da produção, somada aos custos dos insumos e o valor do dólar, deve provocar o aumento do preço nas prateleiras.
Já o açúcar, que acompanha o cafezinho, também deve continuar pesando no bolso do brasileiro. No acumulado de janeiro a agosto, o preço do refinado já subiu 27%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta é resultado de uma redução da oferta provocada, em boa parte, pela seca que atingiu as lavouras de cana de abril de 2020 a meados deste ano. E a expectativa é que o quadro piore. Com geadas e os incêndios recentes, a expectativa é de que a safra atual tenha uma queda de 75 milhões de toneladas em relação à temporada anterior.
- Carne
Já faz tempo que o consumidor vem sentindo o aumento no preço das carnes, agora o cenário tende a piorar. Isso porque o setor de carnes também precisa que chova para aumentar a qualidade das pastagens que alimentam os bovinos. A tendência para os próximos meses é de mais alta no preço do carne.
- Frango e ovos
O frango e o ovo, que costumam substituir a carne bovina, também ficarão ainda mais caros nos próximos meses. O principal fator é a alta no preços da ração para as granjas, que representa 75,8% dos custos de produção, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em 12 meses até agosto, o preço nos mercados do frango em pedaços subiu 25%, enquanto os ovos registraram alta de 23%, segundo o IBGE.
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