A pior seca da história deixará conta de luz mais cara o ano todo. A situação é tão crítica que executivos do setor avaliam que, se não fosse a queda de demanda provocada pela pandemia, o país correria o risco de racionamento já em 2021. E, caso a seca persista no próximo verão, alertam para o risco de que a oferta de energia se torne gargalo à retomada econômica.
Na semana passada, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) autorizou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a utilizar todos os recursos disponíveis para poupar água nos reservatórios das hidrelétricas, “sem limitação nos montantes e preços associados”.
Com informações da Folha de S. Paulo.
Conta de luz mais cara o ano todo é negativo para consumidor, já prejudicado pela pandemia
“Este ano vai ser um ano de bandeira vermelha. É uma confluência negativa para o consumidor, já prejudicado pela pandemia”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia (ABCE) e especialista em energia do escritório CTA Advogados, Alexei Vivan, à Folha.
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Autoprodutores de Energia (Abiape), Mario Menel, a perspectiva é que o país fique por muitos meses em bandeira vermelha e estenda para a bandeira vermelha 2, que adiciona R$ 6,24 a cada 100 kWh.
O impacto pode ser ainda maior caso a Aneel prossiga com a proposta para aumentar o custo das duas bandeiras vermelhas, que passariam a R$ 4,60 e R$ 7,57, respectivamente. O texto estava sendo discutido em consulta pública até a semana passada.
Na última segunda-feira, 10, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a apoiadores que o problema é sério e vai dar dor de cabeça. “Só avisando, a maior crise que se tem notícia hoje. Demos mais um azar, né? E a chuva geralmente (cai) até março, agora já está na fase que não tem chuva”, disse ele.
Desde 2015, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) antecipa parte dos custos das térmicas por meio da cobrança mensal de bandeiras tarifárias sobre a conta de luz. Em maio, já com as perspectivas negativas para o ano, foi acionada a bandeira vermelha nível 1, que acrescenta R$ 4,17 para cada 100 kWh consumidos.
Os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que são considerados a principal caixa d’água do setor elétrico brasileiro, fecharam a segunda-feira com 33,7% da capacidade de armazenamento de energia.
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