Squadra Investimentos: a gestora que apontou inconsistências na IRB

A Squadra Investimentos é uma gestora experiente, mas que se envolveu em uma polêmica recente e está sendo investigada pela CVM. Entenda mais.

Escrito por Fabíola Thibes

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Squadra Investimentos: a gestora que apontou inconsistências na IRB.

Com um site com poucas informações e pouca usabilidade, a Squadra Investimentos chama a atenção pela objetividade.

Em uma pesquisa rápida pela internet, a empresa também se destaca pelos polêmicos relatórios de investimentos.

Apesar dessas questões, é confiável aplicar seu capital com essa empresa? Vamos mostrar algumas informações neste artigo para ajudar você a tomar sua decisão. Continue lendo!

A Squadra Investimentos

A Squadra Investimentos nasceu em dezembro de 2007 idealizada por Guilherme Aché.

Antes disso, o profissional já havia trabalhado no BTG Pactual e integrou o time de criação da JGP Gestão de Recursos, de Paulo Guedes e André Jakurski.

Atualmente, a gestora de investimentos afirma ter 13 profissionais e os fundos negociados são da própria Squadra.

Uma das formas da empresa chamar a atenção dos investidores é dizer que “os sócios da Squadra investem parte significativa de seu patrimônio nos fundos da empresa”.

Apesar de essa característica ser interessante, já que dificilmente um profissional aplicaria seu dinheiro em algo que não traz resultados efetivos, não existe garantia da prática.

Da mesma forma, rendimentos passados nunca devem ser indicações para o futuro. Portanto, é recomendado avaliar outros quesitos.

A empresa opera com autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a entidade autárquica que regulamenta o mercado. Esse é um sinal positivo e obrigatório para quem age dentro da lei.

Os fundos da Squadra Investimentos

A empresa trabalha com poucos fundos, mas traz várias informações no seu site. Veja quais são eles.

Squadra Long-Biased FIC FIA

O foco é ter retornos maiores do que o custo de oportunidade, sempre visando o longo prazo. O público-alvo são investidores qualificados.

A aplicação inicial é de R$ 100 mil e a movimentação mínima é de R$ 5 mil. O saldo mínimo é de R$ 100 mil.

A emissão de cotas ocorre em 1 dia útil (D+1) e não há carência. Portanto, o resgate do dinheiro pode acontecer a qualquer momento. A taxa de saída é de 10%. 

A taxa de administração soma 1,8% ao ano ou mais sobre o patrimônio líquido (PL) do fundo mais 0,2% sobre o PL do fundo MASTER. 

Já a taxa de performance equivale a 20% do que exceder a taxa referência estabelecida pelo IPCA.

A taxa de saída é cobrada apenas quando é feito o resgate antecipado dos valores. A de administração é válida para o gerenciamento da carteira. Por sua vez, a de performance incide quando o gestor ultrapassa a meta estabelecida para ele.

Squadra Long-Only FIC FIA

O público-alvo são investidores em geral, mas a aplicação mínima inicial continua sendo de R$ 100 mil. O restante das condições é a mesma.

No entanto, aumenta a taxa de administração para 2,8% ao ano ou mais sobre o PL do fundo mais 0,2% sobre o PL do fundo MASTER. Não há cobrança de taxa de performance.

Os relatórios e análises da Squadra Investimentos

O site, apesar de objetivo, traz a chamada “Performance Interativa”, um ambiente em que você pode escolher as datas inicial e final de análise, o fundo — entre as duas opções existentes — e o índice, que pode ser:

  • Ibovespa: índice da bolsa de valores e é uma das principais referências do mercado;
  • IBX: é o Índice Brasil, outro indicador da bolsa de valores. O foco é apresentar o rendimento das 100 ações mais negociadas no mercado;
  • CDI: é o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), um indexador muito usado na renda fixa. Ele é a referência nas operações entre os bancos;
  • IPCA: é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que mede a inflação oficial do Brasil;
  • benchmarks: são os índices dos dois fundos e de fundos long biased, que têm a possibilidade de ganhar até com a queda dos preços dos ativos. É uma estratégia de aplicação financeira.

Cartas da Squadra

Além desse recurso, a Squadra Investimento tem as chamadas “Cartas”. Ali, você verifica os relatórios de análise de diferentes anos.

Apesar de ser uma forma de se inteirar sobre o mercado, a gestora se viu em meio a uma polêmica no começo de 2020 devido a essas informações.

Teoricamente, as cartas do gestor apresentam conceitos de investimentos, fundos preferidos, estratégias para os meses seguintes e o desempenho dos ativos. A CVM não impede essa prática.

No entanto, no relatório de 2019, a Squadra Investimentos questionou práticas contábeis feitas pela resseguradora IRB, que estariam aumentando o lucro da companhia. No entanto, à época a gestora está vendida.

O que isso significa? A Squadra tinha ações da IRB e as vendeu acreditando na queda do preço. Após a emissão do relatório, o preço do ativo — IRBR3 — caiu cerca de 20%.

Devido a essa situação, alguns analistas questionaram as decisões da companhia e sua ética, especialmente porque a Instrução 598 da CVM proíbe esse tipo de especulação.

De acordo com a diretriz, o analista ou a gestora não deve ficar vendido ou comprado na ação 30 dias antes da divulgação do relatório, a fim de evitar possíveis benefícios.

Portanto, esse comportamento da gestora é questionável.

A reputação da gestora de investimentos Squadra

A empresa possui reconhecimento no mercado e tem profissionais experientes e capazes de alcançar bons resultados.

No entanto, a possibilidade de uma manipulação de mercado, como apontado por alguns analistas no caso da IRB Resseguradora exige uma atenção maior antes de aplicar seu capital.

Esse tipo de postura costuma sofrer sanções da CVM, que também fiscaliza o mercado. Esse foi, inclusive, o anúncio da autarquia em 26 de maio de 2020.

Na data, foi aberto um inquérito administrativo para analisar o comportamento da Squadra Investimentos e das práticas contábeis da IRB Resseguradora.

Segundo o documento da CVM, o problema da gestora foi a ocorrência “de suposto conflito de interesse, inclusive publicamente admitido pela Squadra, uma vez que mantém investimentos short nas ações de emissão do IRB – Brasil Resseguros SA”. 

Diante desse contexto, vale a pena acompanhar o inquérito da CVM para evitar surpresas ao investir na Squadra Investimentos. Afinal, a autarquia tem o poder de determinar a suspensão das atividades.

Conclusão

A Squadra Investimentos é um gestora confiável, mas teve seu nome ligado à manipulação de mercado. Assim, sua autorização para atuar no ramo financeiro pode ser suspensa ou até extinta.

Além de levantar suspeitas do motivo pelo qual uma gestora prestigiada faria isso, parece uma manobra desesperada em busca de resultados positivos, o que pode significar que suas carteiras não são assim tão rentáveis.

De qualquer forma, se ela atender aos seus critérios não há impedimentos a contratação.

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