Os investidores precisam estar sempre atentos aos indicadores relacionados às suas aplicações, sejam elas de renda fixa ou variável, visto que eles ajudam a entender se você está lidando com um bom pagador ou uma empresa com problemas. Entre eles, está o Dividend Yield.
Você sabe o que é este indicador e como é feito seu cálculo? Fique por dentro das informações e conheça uma segunda possibilidade de ganhos ao investir na bolsa: os dividendos.
O que é dividend yield (DY)?
Traduzido do inglês, dividend yield significa rendimentos de dividendos. É um indicador que analisa o desempenho de uma empresa conforme a distribuição dos dividendos entre seus acionistas. Assim, o investidor consegue analisar a relação entre o valor pago e o preço da ação.
Além dos casos de investidores que desejam aproveitar para ganhar com os dividendos, o indicador é usado nos fundos imobiliários (FIIs). É a mesma lógica, mas o que se analisa é o valor de mercado do imóvel e o de aluguel.
Mas o que seriam os dividendos? Pela lei, toda empresa ou FII precisa distribuir o lucro aos seus acionistas, caso o tenha obtido no ano em questão. As empresas, caso não especifiquem em estatudo, adotam a faixa de, pelo menos, 25% dos lucros pagos em dividendos. Já as FIIs precisam compartilhar 95% do lucro obtido em cada semestre, embora a distribuição costume ser mensal.
Então, aplicar o dinheiro em ações ou FIIs permite um lucro além da compra e venda, com os dividendos. De qualquer forma, é válido lembrar que este só é pago quando há lucro.
Tipos de dividendos
Ao se falar em dividendos, mais do que explicar sua ligação com os lucros de uma empresa, é válido lembrar que são divididos em duas categorias:
- dividendos ordinários: envolve a divisão de lucros obtidos pela empresa no ano fiscal anterior. Por exemplo, em 2022 os investidores recebem os dividendos do ano de 2021;
- dividendos extraordinários: são pagos quando ocorre algum evento extraordinário, como a venda de uma filial ou a fusão de duas empresas.
Ainda, também existem outras formas de pagamento aos acionistas, como os Juros Sobre Capital Próprio (JCP) e as bonificações em ações.
Para que serve o indicador?
Para investidores que buscam receber dividendos, além de aproveitar o ganho com alta e baixa de ações, o dividend yield irá ajudá-los. Vale lembrar que, em geral, isso envolve uma estratégia de longo prazo, para quem pensa em manter o investimento por um bom tempo.
A métrica analisa o valor pago em dividendos em um período anterior e consegue dar uma ideia de quanto você pode receber nos próximos 12 meses. Além disso, também é possível fazer uma comparação com os dividendos pagos ao longo do ano anterior e o preço atual da ação.
Como calcular o dividend yield?
O nome do indicador pode parecer complicado, mas seu cálculo não é complexo. Dá para fazer na calculadora comum ou até no próprio papel.
Primeiramente é preciso saber o quanto foram pagos de dividendos nos últimos 12 meses, depois a cotação atual da ação. Com as duas informações em mãos, basta dividir um valor pelo outro e multiplicar por 100, e você terá uma porcentagem que equivale ao dividend yield.
Para facilitar o entendimento, vamos a um exemplo prático. Imagine que uma empresa pagou, nos últimos 12 meses, R$ 4,20 por ação, em dividendos. O valor atual desta mesma ação é de R$ 60,00. Então, o cálculo seria o seguinte:
DY = (4,2/60)*100
DY = 0,07*100
DY = 7%
E o que esses 7% significam? Que cada ação desta empresa teve um retorno de 7% em dividendos no período.
A análise do dividend yield
Ainda tendo como base o exemplo do tópico anterior, o valor de 7% significaria que vale a pena investir naquela ação? Nem sempre. Um dividend yield alto ou baixo não está diretamente relacionado com uma ação interessante.
Muito pelo contrário, há casos em que o valor fica alto pelo fato da cotação estar em baixa, com preço depreciado. Por isso, outros indicadores precisam ser analisados em conjunto antes de tomar a decisão sobre investir ou não naquela ação.
Outro comparativo interessante, para observar se vale ou não a pena aplicar seu dinheiro na ação ou FII, é comparar com o rendimento do CDI. Para facilitar o entendimento, veja um exemplo prático: imagine que, após o cálculo do DY você obteve o valor de 7%. Em 2021, o CDI acumulado foi de 4,42%, ou seja, a ação com dividend yield de 7% é equivalente a investir em um CDB com aproximadamente 140% do CDI.
Nesse caso, como há o risco de mercado associado à renda variável, se o DY for igual ou menor que o retorno do CDI, é um indicativo de que não vale a pena correr esse risco.
Onde encontrar os dados?
Para fazer o cálculo você vai precisar de informações sobre os dividendos distribuídos e o preço da ação. Entre na área de Relação com os Investidores, no site da empresa a qual deseja investir. Ali estarão os detalhes sobre a divisão de dividendos e os lucros obtidos nos últimos 12 meses.
Em seguida, procure pela cotação da ação e faça o cálculo. Em alguns casos você pode encontrar o DY já pronto, apresentado pela própria empresa. Analise este e outros indicadores apresentados nos relatórios trimestrais para entender mais sobre a saúde financeira da empresa.
Importância do DY ao escolher ações e fundos imobiliários
Tanto as ações, quanto os fundos imobiliários são investimentos de renda variável. Ou seja, são ideais para investidores menos conservadores e mais dispostos a arriscar. Consequentemente, terão que analisar mais fatores antes de aplicar seu dinheiro, para evitar prejuízos.
Então o dividend yield é importante para os investidores? Sem dúvida. É um dos indicadores que precisa ser analisado antes de fazer a compra da ação ou FII. Ainda assim, não deve ser a única métrica observada para decidir sobre investir ou não.
O ideal é incluir o dividend yield com outras métricas, como o ROE (Return on Equity), o VPA (Valor Patrimonial da Ação) e o Preço sobre Lucro (P/L). Também é indicado se informar sobre a empresa, entender sobre sua atividade, números e momento de mercado.
No caso dos FIIs, outros indicadores fazem parte da análise, como: Vacância dos imóveis; Valor Patrimonial do fundo e preço da cota; Cap Rate; Valor por metro quadrado do aluguel; Área Bruta Locável (ABL); e Valor por metro quadrado do Imóvel em relação à cotação de mercado.
Outros indicadores para analisar
Algo que ficou claro ao longo da leitura é que você não pode analisar o dividend yield sozinho. E quais seriam os outros indicadores e o que eles mostram? Confira abaixo alguns deles e quando são usados em ações ou em FIIs.
Indicador | O que é |
---|---|
DL/PL | O índice de dívida líquida sobre o patrimônio líquido mede quanto vale o patrimônio da empresa em relação às suas dívidas. Quando o endividamento é superior a 50%, há a possibilidade de comprometer as operações e a ação não é tão atraente, mesmo que possua um DY bom. |
ROIC | O retorno sobre o capital investido observa a capacidade da empresa de gerar lucros ao serem distribuídos os recursos investidos. Resultados positivos indicam bom gerenciamento e distribuição dos investimentos, agora, quando negativos, há dificuldade na geração de lucros ou problemas de gestão dos recursos. |
ROE | O retorno sobre o patrimônio líquido considera a capacidade da empresa em geral lucros tendo como base seu patrimônio. Ou seja, se consegue ser lucrativa com os próprios recursos. |
Valor patrimonial do fundo | No caso de Fundos Imobiliários, este indicador mostra o valor de avaliação dos ativos que compõem o patrimônio de um fundo. Não é o mesmo que valor de mercado e pode ser mais alto ou baixo. |
Cap Rate | Também usado na análise de Fundos Imobiliários, o Cap Rate (Capitalization Rate), indica a taxa de retorno implícita no ativo imobiliário. Seu cálculo é bastante semelhante ao do DY, pois considera os rendimentos dos últimos 12 meses do imóvel dividido pelo valor do imóvel e multiplicado por 100. |
É claro que a avaliação por indicadores de mercado (ou múltiplos) é muito mais superficial do que a análise qualitativa da empresa ou do fundo, que é capaz de trazer muito mais detalhes sobre seu desempenho. Muitas vezes, os indicadores podem mascarar situações diversas ou inerentes a setores específicos e, por isso, não podem ser tomados como conclusivos.
DY alto é sempre bom?
Existe uma tendência de acreditar que um valor alto ou positivo indica algo bom. No entanto, no caso do dividend yield, nem sempre isso é verdadeiro. Por mais que o valor esteja alto, a ação pode estar desvalorizada e a empresa passando por um momento difícil.
Para te ajudar a visualizar a questão, vamos resgatar o exemplo anterior, de um DY de 7%. É um valor positivo e interessante, porém, suponha que as ações estão desvalorizadas e a empresa vive um mau momento, divulgado inclusive nos jornais. Em uma análise mais completa, mesmo com o DY positivo, a compra da ação não seria recomendada.
A ideia é semelhante com os FIIs. Por mais que o DY fosse de 7%, se o valor patrimonial indica que o ativo está muito caro, vale a pena reconsiderar a compra. Por isso, seja em ações ou Fundos Imobiliários, o dividend yield deve ser analisado em conjunto com outros indicadores.
Fatores que impactam no dividend yield
Como os dividendos envolvem a distribuição de lucros, ao longo do ano existem fatores que impactam positiva ou negativamente no DY. Alguns exemplos positivos, que aumentam o valor do DY são:
- fusão de duas empresas;
- venda de ativos;
- recebimento de participações.
Ainda assim, também existem questões que afetam negativamente o dividend yield, como:
- empresas em fase de expansão (costumam distribuir menos);
- mudanças no mercado;
- alteração da política de distribuição de dividendos;
- criação de reserva especial;
- quando o inquilino sai do imóvel e ele fica um período sem alugar (nos FIIs).
Dividend yield x Payout
Para investidores com foco em recebimento de dividendos, o dividend yield não é o único indicado a ser considerado. Existe também o dividend payout para analisar a distribuição da fração do lucro.
No caso, ele analisa o total de dividendos distribuídos e o lucro obtido pela empresa em um determinado período. Por meio dele é possível observar se a prioridade da organização é a retenção de lucros ou a remuneração dos acionistas.
Então, se o payout é mais baixo, a tendência é que a empresa esteja focando em seu crescimento. Mesmo que o dividend yield seja positivo, com bom valor da ação, não é algo indicado para o investidor que busca obter rendimentos com dividendos.
Como calcular o dividend payout
O cálculo não tem muito segredo. Você deve dividir o valor distribuído para os acionistas pelo total do lucro obtido no período. Assim, pode ser representado pela fórmula:
DP = Valor distribuído aos acionistas / lucro total obtido.
Assim, num exemplo com números, suponha uma empresa que obteve lucro líquido de R$ 200 milhões no ano e distribuiu aos acionistas um total de R$ 90 milhões. O dividend payout do período foi de:
DP = 90/200
DP = 0,45*100
DP = 45%
Isso significa que o payout anual foi de 45%, ou seja, a porcentagem do lucro líquido que foi distribuída aos acionistas. Via de regra, de acordo com a Lei das SA, o payout mínimo é de 25%, mas cada empresa pode estabelecer valores maiores ou menores, de acordo com seu estatuto.
Vale a pena investir com foco no DY?
Primeiramente, é preciso saber que o dividend yield (e o payout) são indicadores para pessoas que buscam ter rendimentos com dividendos. Se esta é sua intenção, sim, vale a pena investir incluindo a análise do DY.
O único detalhe, que não pode ser ignorado, é incluir outras métricas na sua análise. Dessa forma, consegue observar como se encontra aquela empresa ou FII no momento em que decide fazer a aplicação.
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