Dividend yield (DY): o que é e como calcular o indicador?

Saiba o que é importante conhecer sobre o DY para tomar decisões acertadas.

Escrito por Melissa Nunes

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Os investidores precisam estar sempre atentos aos indicadores relacionados às suas aplicações, sejam elas de renda fixa ou variável, visto que eles ajudam a entender se você está lidando com um bom pagador ou uma empresa com problemas. Entre eles, está o Dividend Yield.

Você sabe o que é este indicador e como é feito seu cálculo? Fique por dentro das informações e conheça uma segunda possibilidade de ganhos ao investir na bolsa: os dividendos.

O que é dividend yield (DY)?

Traduzido do inglês, dividend yield significa rendimentos de dividendos. É um indicador que analisa o desempenho de uma empresa conforme a distribuição dos dividendos entre seus acionistas. Assim, o investidor consegue analisar a relação entre o valor pago e o preço da ação.

Além dos casos de investidores que desejam aproveitar para ganhar com os dividendos, o indicador é usado nos fundos imobiliários (FIIs). É a mesma lógica, mas o que se analisa é o valor de mercado do imóvel e o de aluguel.

Mas o que seriam os dividendos? Pela lei, toda empresa ou FII precisa distribuir o lucro aos seus acionistas, caso o tenha obtido no ano em questão. As empresas, caso não especifiquem em estatudo, adotam a faixa de, pelo menos, 25% dos lucros pagos em dividendos. Já as FIIs precisam compartilhar 95% do lucro obtido em cada semestre, embora a distribuição costume ser mensal.

Então, aplicar o dinheiro em ações ou FIIs permite um lucro além da compra e venda, com os dividendos. De qualquer forma, é válido lembrar que este só é pago quando há lucro.

Tipos de dividendos

Ao se falar em dividendos, mais do que explicar sua ligação com os lucros de uma empresa, é válido lembrar que são divididos em duas categorias:

  • dividendos ordinários: envolve a divisão de lucros obtidos pela empresa no ano fiscal anterior. Por exemplo, em 2022 os investidores recebem os dividendos do ano de 2021;
  • dividendos extraordinários: são pagos quando ocorre algum evento extraordinário, como a venda de uma filial ou a fusão de duas empresas.

Ainda, também existem outras formas de pagamento aos acionistas, como os Juros Sobre Capital Próprio (JCP) e as bonificações em ações.

Para que serve o indicador?

Para investidores que buscam receber dividendos, além de aproveitar o ganho com alta e baixa de ações, o dividend yield irá ajudá-los. Vale lembrar que, em geral, isso envolve uma estratégia de longo prazo, para quem pensa em manter o investimento por um bom tempo.

A métrica analisa o valor pago em dividendos em um período anterior e consegue dar uma ideia de quanto você pode receber nos próximos 12 meses. Além disso, também é possível fazer uma comparação com os dividendos pagos ao longo do ano anterior e o preço atual da ação.

Como calcular o dividend yield?

O nome do indicador pode parecer complicado, mas seu cálculo não é complexo. Dá para fazer na calculadora comum ou até no próprio papel.

Primeiramente é preciso saber o quanto foram pagos de dividendos nos últimos 12 meses, depois a cotação atual da ação. Com as duas informações em mãos, basta dividir um valor pelo outro e multiplicar por 100, e você terá uma porcentagem que equivale ao dividend yield.

Para facilitar o entendimento, vamos a um exemplo prático. Imagine que uma empresa pagou, nos últimos 12 meses, R$ 4,20 por ação, em dividendos. O valor atual desta mesma ação é de R$ 60,00. Então, o cálculo seria o seguinte:

DY = (4,2/60)*100

DY =  0,07*100

DY = 7%

E o que esses 7% significam? Que cada ação desta empresa teve um retorno de 7% em dividendos no período.

A análise do dividend yield

Ainda tendo como base o exemplo do tópico anterior, o valor de 7% significaria que vale a pena investir naquela ação? Nem sempre. Um dividend yield alto ou baixo não está diretamente relacionado com uma ação interessante.

Muito pelo contrário, há casos em que o valor fica alto pelo fato da cotação estar em baixa, com preço depreciado. Por isso, outros indicadores precisam ser analisados em conjunto antes de tomar a decisão sobre investir ou não naquela ação.

Outro comparativo interessante, para observar se vale ou não a pena aplicar seu dinheiro na ação ou FII, é comparar com o rendimento do CDI. Para facilitar o entendimento, veja um exemplo prático: imagine que, após o cálculo do DY você obteve o valor de 7%. Em 2021, o CDI acumulado foi de 4,42%, ou seja, a ação com dividend yield de 7% é equivalente a investir em um CDB com aproximadamente 140% do CDI.

Nesse caso, como há o risco de mercado associado à renda variável, se o DY for igual ou menor que o retorno do CDI, é um indicativo de que não vale a pena correr esse risco.

Onde encontrar os dados?

Para fazer o cálculo você vai precisar de informações sobre os dividendos distribuídos e o preço da ação. Entre na área de Relação com os Investidores, no site da empresa a qual deseja investir. Ali estarão os detalhes sobre a divisão de dividendos e os lucros obtidos nos últimos 12 meses.

Em seguida, procure pela cotação da ação e faça o cálculo. Em alguns casos você pode encontrar o DY já pronto, apresentado pela própria empresa. Analise este e outros indicadores apresentados nos relatórios trimestrais para entender mais sobre a saúde financeira da empresa. 

Importância do DY ao escolher ações e fundos imobiliários

Tanto as ações, quanto os fundos imobiliários são investimentos de renda variável. Ou seja, são ideais para investidores menos conservadores e mais dispostos a arriscar. Consequentemente, terão que analisar mais fatores antes de aplicar seu dinheiro, para evitar prejuízos.

Então o dividend yield é importante para os investidores? Sem dúvida. É um dos indicadores que precisa ser analisado antes de fazer a compra da ação ou FII. Ainda assim, não deve ser a única métrica observada para decidir sobre investir ou não.

O ideal é incluir o dividend yield com outras métricas, como o ROE (Return on Equity), o VPA (Valor Patrimonial da Ação) e o Preço sobre Lucro (P/L). Também é indicado se informar sobre a empresa, entender sobre sua atividade, números e momento de mercado.

No caso dos FIIs, outros indicadores fazem parte da análise, como: Vacância dos imóveis; Valor Patrimonial do fundo e preço da cota; Cap Rate; Valor por metro quadrado do aluguel; Área Bruta Locável (ABL); e Valor por metro quadrado do Imóvel em relação à cotação de mercado.

Outros indicadores para analisar

Algo que ficou claro ao longo da leitura é que você não pode analisar o dividend yield sozinho. E quais seriam os outros indicadores e o que eles mostram? Confira abaixo alguns deles e quando são usados em ações ou em FIIs.

IndicadorO que é
DL/PLO índice de dívida líquida sobre o patrimônio líquido mede quanto vale o patrimônio da empresa em relação às suas dívidas. Quando o endividamento é superior a 50%, há a possibilidade de comprometer as operações e a ação não é tão atraente, mesmo que possua um DY bom.
ROICO retorno sobre o capital investido observa a capacidade da empresa de gerar lucros ao serem distribuídos os recursos investidos. Resultados positivos indicam bom gerenciamento e distribuição dos investimentos, agora, quando negativos, há dificuldade na geração de lucros ou problemas de gestão dos recursos.
ROEO retorno sobre o patrimônio líquido considera a capacidade da empresa em geral lucros tendo como base seu patrimônio. Ou seja, se consegue ser lucrativa com os próprios recursos.
Valor patrimonial do fundoNo caso de Fundos Imobiliários, este indicador mostra o valor de avaliação dos ativos que compõem o patrimônio de um fundo. Não é o mesmo que valor de mercado e pode ser mais alto ou baixo.
Cap RateTambém usado na análise de Fundos Imobiliários, o Cap Rate (Capitalization Rate), indica a taxa de retorno implícita no ativo imobiliário. Seu cálculo é bastante semelhante ao do DY, pois considera os rendimentos dos últimos 12 meses do imóvel dividido pelo valor do imóvel e multiplicado por 100.

É claro que a avaliação por indicadores de mercado (ou múltiplos) é muito mais superficial do que a análise qualitativa da empresa ou do fundo, que é capaz de trazer muito mais detalhes sobre seu desempenho. Muitas vezes, os indicadores podem mascarar situações diversas ou inerentes a setores específicos e, por isso, não podem ser tomados como conclusivos.

DY alto é sempre bom?

Existe uma tendência de acreditar que um valor alto ou positivo indica algo bom. No entanto, no caso do dividend yield, nem sempre isso é verdadeiro. Por mais que o valor esteja alto, a ação pode estar desvalorizada e a empresa passando por um momento difícil.

Para te ajudar a visualizar a questão, vamos resgatar o exemplo anterior, de um DY de 7%. É um valor positivo e interessante, porém, suponha que as ações estão desvalorizadas e a empresa vive um mau momento, divulgado inclusive nos jornais. Em uma análise mais completa, mesmo com o DY positivo, a compra da ação não seria recomendada.

A ideia é semelhante com os FIIs. Por mais que o DY fosse de 7%, se o valor patrimonial indica que o ativo está muito caro, vale a pena reconsiderar a compra. Por isso, seja em ações ou Fundos Imobiliários, o dividend yield deve ser analisado em conjunto com outros indicadores.

Fatores que impactam no dividend yield

Como os dividendos envolvem a distribuição de lucros, ao longo do ano existem fatores que impactam positiva ou negativamente no DY. Alguns exemplos positivos, que aumentam o valor do DY são:

  • fusão de duas empresas;
  • venda de ativos;
  • recebimento de participações.

Ainda assim, também existem questões que afetam negativamente o dividend yield, como:

  • empresas em fase de expansão (costumam distribuir menos);
  • mudanças no mercado;
  • alteração da política de distribuição de dividendos;
  • criação de reserva especial;
  • quando o inquilino sai do imóvel e ele fica um período sem alugar (nos FIIs).

Dividend yield x Payout

Para investidores com foco em recebimento de dividendos, o dividend yield não é o único indicado a ser considerado. Existe também o dividend payout para analisar a distribuição da fração do lucro.

No caso, ele analisa o total de dividendos distribuídos e o lucro obtido pela empresa em um determinado período. Por meio dele é possível observar se a prioridade da organização é a retenção de lucros ou a remuneração dos acionistas.

Então, se o payout é mais baixo, a tendência é que a empresa esteja focando em seu crescimento. Mesmo que o dividend yield seja positivo, com bom valor da ação, não é algo indicado para o investidor que busca obter rendimentos com dividendos. 

Como calcular o dividend payout

O cálculo não tem muito segredo. Você deve dividir o valor distribuído para os acionistas pelo total do lucro obtido no período. Assim, pode ser representado pela fórmula:

DP = Valor distribuído aos acionistas / lucro total obtido.

Assim, num exemplo com números, suponha uma empresa que obteve lucro líquido de R$ 200 milhões no ano e distribuiu aos acionistas um total de R$ 90 milhões. O dividend payout do período foi de:

DP = 90/200

DP = 0,45*100

DP = 45%

Isso significa que o payout anual foi de 45%, ou seja, a porcentagem do lucro líquido que foi distribuída aos acionistas. Via de regra, de acordo com a Lei das SA, o payout mínimo é de 25%, mas cada empresa pode estabelecer valores maiores ou menores, de acordo com seu estatuto.

Vale a pena investir com foco no DY?

Primeiramente, é preciso saber que o dividend yield (e o payout) são indicadores para pessoas que buscam ter rendimentos com dividendos. Se esta é sua intenção, sim, vale a pena investir incluindo a análise do DY.

O único detalhe, que não pode ser ignorado, é incluir outras métricas na sua análise. Dessa forma, consegue observar como se encontra aquela empresa ou FII no momento em que decide fazer a aplicação.

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