Aprenda a investir: como tomar boas decisões econômicas?

Para tomar boas decisões econômicas ao investir, aprenda como como as emoções interferem nas suas escolhas.

Escrito por Melissa Nunes

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Para que você aprenda a investir bem, será muito útil que você busque entender os aspectos comportamentais que influenciam suas decisões econômicas. Além do conhecimento técnico sobre os tipos de investimento, compreender a psicologia por trás do dinheiro vai te ajudar a tomar decisões mais conscientes e irá até mesmo facilitar sua evolução no mercado financeiro.  

Sendo assim, aprender a investir envolve também um processo de autoconhecimento muito rico, ao qual você deve dedicar algum tempo. 

Escolher qual o melhor investimento é apenas uma das decisões econômicas que você toma no seu cotidiano. Na verdade, todas as suas decisões são de ordem econômica, mesmo quando não envolvem diretamente o uso de dinheiro. 

Economia diz respeito à forma como você lida com os recursos finitos disponíveis, sejam eles quais forem: tempo, dinheiro, energia, recursos naturais. Qualquer atividade humana envolve o uso de alguma dessas coisas. Logo, saber usá-las racionalmente é tão importante quanto aprender a investir melhor.

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Como o cérebro faz escolhas

Se você é como a maioria, certamente gosta de acreditar que seu cérebro faz escolhas a partir de ponderações lógicas e racionais o tempo todo. Entretanto, a verdade é que você escolhe com a emoção e justifica com a razão

É através das emoções que seu cérebro cataloga, em fração de segundos, o que tem valor, o que encanta ou que causa repulsa. Então, quando uma empresa usa determinada narrativa para falar sobre um produto ou serviço, se ela souber trabalhar os estímulos sensoriais certos, terá êxito na venda. 

Não importa se você está comprando um carro novo, um pretzel ou escolhendo um fundo de investimentos. O que seu cérebro está buscando é conexão e propósito com seus desejos mais profundos que, obviamente, variam: respeito, reconhecimento, fortuna, status, poder, independência financeira… Tanto faz. 

Em suma, o que você precisa ter claro é que primeiro escolhe com a emoção (veja aqui, em inglês, o ganhador do Nobel de Economia Daniel Kahneman falando sobre isso). Portanto, aprender a reconhecer suas limitações para avaliar os cenários será o diferencial que irá te ajudar em todo tipo de escolhas, inclusive, para que aprenda a investir melhor. 

Os nossos sentidos influenciam a tomada de decisão 

Nós recebemos informações do ambiente através dos sentidos. Nosso cérebro processa essas informações mediante reações físico-químicas e, depois disso, tomamos decisões. 

Isso tem sido assim desde nossa origem nas savanas, quando identificar perigos e oportunidades através dos sentidos, definia quem estaria vivo no final do dia. Hoje, os riscos são diferentes, mas, a base que norteia as escolhas de nosso cérebro continua funcionando da mesma forma: buscamos internamente referências armazenadas para avaliar riscos e oportunidades. É o instinto de sobrevivência!

Você toma milhares de decisões o tempo inteiro e seria impossível racionalizar todas elas. Dessa forma, 95% do que você decide ao longo do dia, acontece no automático. Seus sentidos enviam ao cérebro estímulos do ambiente, possibilitando fazer escolhas rápidas com base no repertório que já possui armazenado.

Por exemplo, depois que você aprendeu a abrir uma porta, aprendeu a abrir todas, certo? Está catalogado. Diante de uma porta, seu sentido da visão já lhe mostra onde está a maçaneta e o resto é automático. Se você não enxerga, seu tato fará o trabalho. Isso acontecerá em poucos segundos, sem que você tenha que pensar sobre o ato de abrir a porta. 

Decisões econômicas são emocionais

A brasileira, Doutora em Psicologia Econômica, Vera Rita de Mello Ferreira, sabe a importância em estudar como as decisões econômicas são tomadas (como destaca em sua tese). Alías, sabia que a maioria das nossas decisões também acontecem de forma automática reagindo a estímulos do ambiente aos nossos sentidos?

O cheiro do pão quente certamente te desperta o apetite. O timbre de determinada música altera seus batimentos cardíacos e, eventualmente, traz lembranças. Inúmeros fatores do ambiente interferem no seu humor e nas suas decisões antes que você tenha tempo de perceber. 

Sendo assim, você pode até voltar de uma loja com um objeto e, algum tempo depois, ficar se perguntando porque comprou aquilo. Contudo, ali no ambiente da compra, algo despertou uma necessidade subjetiva, algum tipo de emoção, e você comprou.  Certamente, na sequência você encontrou motivos racionais para justificar sua escolha: uma condição de pagamento diferenciada, uma oferta imperdível. Não importa. A primeira decisão foi emocional

Afinal, o que é uma oferta imperdível? O que acontecerá de grave se você a perder? Você sabe, tanto quanto eu, que não acontecerá nada. O tal do imperdível é apenas o seu cérebro buscando justificar racionalmente as necessidades emocionais despertas pelos estímulos externos. 

Quantos de nós, em algum momento, não brincou com a expressão “casa na praia, são duas alegrias: uma quando se compra, outra quando se vende” ? Temos aí um exemplo clássico. Ao comprar, você não estava adquirindo apenas o imóvel, ele era apenas o meio para o sonho pelo qual você estava pagando: descanso, paz, relaxamento, família reunida, o barulho do mar, o pôr do sol… 

Alguns anos depois, talvez continue fazendo sentido o investimento, talvez não mais. Depende da sua dinâmica de vida, novos objetivos. Afinal, somos seres em permanente transformação. 

Caso o imóvel na praia não faça mais sentido, certamente aspectos racionais irão prevalecer sobre as emoções que te levaram a pagar por este sonho em uma outra fase da vida. 

A analogia se aplica às mais variadas escolhas que fazemos todos os dias, inclusive investimentos. Sim, eu sei que você está aqui para ler sobre como aprender a investir melhor. Calma, fica comigo mais um pouquinho e eu vou te ajudar a perceber como suas emoções interferem nisso também. 

Use a psicologia econômica e aprenda a investir

Ao aprender sobre investimentos, você se instrumentaliza para poder escolher entre renda fixa, renda variável, aplicar em imóveis, ou até mesmo não aplicar nada e gastar todo seu dinheiro em bens e experiências. 

É claro que, quanto maior o seu conhecimento técnico, menores as chances de fazer escolhas ruins. Entretanto, independente do quanto você saiba sobre finanças, a escolha dos investimentos também sofre influência das suas emoções e, portanto, sempre estarão ligadas à forma como você reage aos estímulos que recebe o tempo todo. 

Somos condicionados a entender o mundo através de narrativas simples, concretas e repletas das ambiguidades do bem e mal, herói e vilão, certo e errado. 

Contradições e ambiguidades que fujam a este padrão tendem a confundir nossos sentidos. Entretanto, o mercado financeiro é feito justamente disso. Assim, o cérebro busca relações de causa e efeito para explicar o que vê e, com isso, o investidor pode, eventualmente, identificar padrões onde, na verdade, há apenas aleatoriedade.

O trabalho de Daniel Kahneman sobre heurística afetiva – uma das grandes descobertas do estudo da tomada de decisão – aponta que é a intensidade de nossas emoções que governa a maior parte de nossos julgamentos.  

Além disso, os estudos de economia comportamental apontam que você tende a acreditar naquilo que agrada e duvidar ou ignorar o que vai contra suas convicções. Isso limita a sua percepção. 

Como tomar boas decisões econômicas? 

Do ponto de vista biológico, nosso cérebro foi desenhado para funcionar em um mundo com menos escolhas, então, a complexidade do mundo dos investimentos pode, eventualmente, nos induzir a erros sistemáticos comuns. 

Para aprender a lidar com esse universo é necessário diminuir a influência das emoções. Sendo assim, você precisa começar se respondendo de forma muito honesta: por que você investe?

Nossa tendência é responder esta pergunta de forma automática: invisto para ter mais dinheiro! Sim, isso é óbvio. Contudo, sejamos realistas: ter mais dinheiro não é um fim em si. Eu, pelo menos, não conheço ninguém, além do Tio Patinhas, que deseje dinheiro apenas para amontoá-lo diante de si e ficar apreciando. 

Desejamos ter mais dinheiro para alcançar alguns objetivos, e, em se tratando disso, as possibilidades são infinitas: viajar, estudar, comprar bens, proporcionar conforto a quem amamos, ter um carrão, frequentar lugares caros, entre outros.

A clareza que você tiver quanto à relevância emocional que cada conquista tem sobre si, irá te ajudar muito na hora de definir e priorizar metas. Será esse encadeamento lógico de prioridades que garantirá a escolha de investimentos mais alinhados a cada uma dessas metas. 

Aprender a investir melhor é um processo contínuo 

Investir bem requer algum conhecimento financeiro e aprendizado contínuo, pois todo dia há algo que mudou. Além disso, observar e compreender como as emoções influenciam as escolhas ajuda muito quem deseja ser um bom investidor. 

O cérebro, essa máquina incrível de capturar sensações, manteve nossos ancestrais vivos no ambiente hostil das savanas. Milhares de anos depois, ainda é ele que te mantém alerta para fazer escolhas que garantam sua qualidade de vida e a sustentabilidade do planeta. Percebe que não mudou tanto assim? 

Os desafios e oportunidades são diferentes, mas a ferramenta é a mesma. Entretanto, com uma larga vantagem em relação aos nossos ancestrais: a ampla disponibilidade de informações sobre o funcionamento do cérebro possibilita que você o utilize com muito mais eficácia. 

Conclusão

A maioria das decisões são irracionais e influenciadas pelas emoções, e não há como mudar isso. Contudo, aprender a investir melhor, envolve, entre outras coisas, mudar o conjunto de referências armazenadas que interferem nas suas escolhas. 

Temos a tendência de superestimar nossa compreensão dos fatos e cenários. O framework mais produtivo para contrapor esta tendência é: desconfie de si. Em geral, avaliamos mal os objetivos e temos baixa disciplina para seguir planos, e tudo isso pode se revelar uma armadilha na hora de investir. 

Saiba que em algum momento seu cérebro irá errar. Portanto, buscar entender quais seus pontos sensíveis e estudar sobre vieses emocionais e sua influência sobre as decisões, pode ser um bom começo para que você possa mitigar esses erros e aprenda a investir cada vez melhor.

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