Deve-se utilizar todo o limite do crédito consignado? Confira dicas para não se endividar

O governo autorizou o aumento do limite do crédito consignado de 35% para 40%. Deve-se prestar atenção nos objetivos e orçamento antes de solicitar.

Escrito por Heloísa Vasconcelos

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O Senado autorizou na última quarta-feira, 7, o aumento do limite do crédito consignado para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além de servidores públicos federais e estaduais e trabalhadores com carteira assinada (CLT).

A medida aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro e, se aprovada, permitirá que esse público comprometa até 40% da renda com solicitação de crédito. Atualmente, o limite é de 35%.

Dos 40% liberados, 5% do valor das aposentadorias podem ser usados somente em operações com cartão de crédito. Os demais 35% poderão ser utilizados livremente em empréstimos, financiamentos e operações de arredamento mercantil.

A medida provisória, que vale até o final de 2021, tem como objetivo facilitar o acesso a crédito na pandemia. Mas, será que vale a pena utilizar esse crédito disponível? Como aproveitar a oportunidade sem prejudicar as finanças pessoais?

Crédito consignado como solução

O consignado é uma das opções de empréstimo com menores juros do mercado. Isso ocorre porque o valor das parcelas para pagamento do empréstimo é descontado da própria folha de pagamento do solicitante, dando mais segurança ao credor de que o dinheiro emprestado será de fato devolvido.

Devido aos juros mais baixos, o professor de finanças da Coppead-UFRJ Carlos Heitor Campani considera que o empréstimo pode valer a pena para troca de dívidas.

“Ele pode ser utilizado sim para trocar uma dívida por essa. Se a pessoa ou a família está endividada no cartão de crédito ou cheque especial, se está com uma dívida mais cara que o consignado, vale a pena tomar o crédito para pagar”, indica. 

O limite mais alto possibilitado pelo governo também pode significar uma oportunidade para quem quer comprar um bem que pode gerar renda extra na pandemia, como um carro para trabalhar em aplicativos de transporte individual ou um forno para fazer doces em casa, por exemplo.

Mas, mesmo que o objetivo seja claro ao tomar o crédito, o primeiro passo a ser tomado é analisar o orçamento e calcular se será possível honrar com a dívida ao longo do tempo sem prejudicar a vida financeira.

Riscos de tomar todo o limite do crédito consignado

Carlos Heitor recomenda que o consumidor comprometa no máximo 20% da própria renda com consignado e que pense bastante antes de assumir a dívida, já que esse valor será suprimido todos os meses da principal fonte de receita.

O presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, recomenda que ocorra uma verdadeira “faxina financeira” antes da solicitação do crédito consignado, com redução do padrão de vida

Considerando o limite de 40%, uma pessoa que recebe R$ 3.000 mensais deve conseguir fazer com que os gastos mensais do período em que a dívida estiver ativa caibam em apenas R$ 1.800.

Apesar dos juros mais baixos, diferente de outras dívidas, o consumidor não tem a opção de escolher não pagar caso a situação financeira aperte. Isso leva, muitas vezes, à necessidade de solicitar mais crédito por meio de vias mais caras simplesmente para lidar com despesas cotidianas.

“O crédito consignado vem diretamente na fonte da minha renda, não tenho o que fazer, é um câncer para a pessoa que não está educada financeiramente. Não tem remédio para ele”, chama atenção.

Para ele, o aumento do limite do crédito consignado é uma irresponsabilidade do governo diante do perfil da população brasileira, que não tem a educação financeira como algo cotidiano.

“As instituições muitas vezes emprestam até para quem não tem capacidade de pagamento, fazendo com que a pessoa fique cada vez mais endividada. Prova disso é o aumento do endividamento entre os aposentados que tem batido recordes nos dias de hoje”, ressalta a professora de contabilidade da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas Manuela Santin.

Então, o que fazer?

O crédito consignado é uma ferramenta. E, como qualquer ferramenta, pode ter consequências boas ou ruins, dependendo de como utilizada.

Os especialistas recomendam que quem tem interesse em solicitar empréstimo tenham em mente, sobretudo, o objetivo e a capacidade de pagamento futura

“Se a pessoa está com a vida financeira sem dívidas, deve questionar se precisa mesmo desse crédito. A pessoa deve avaliar se ela quer ou não, como aquele item que será comprado vai fazê-lo feliz. Não indico pegar um empréstimo, mesmo que consignado, para um item supérfluo”, afirma Carlos.

Antes de solicitar, vale a pena rever os gastos e cortar onde é possível. Uma opção é buscar planos de telefonia e internet mais baratos e tentar economizar em energia e combustível, que têm tido altas frequentes.

Reinaldo não recomenda a solicitação de crédito consignado caso não haja necessidade (como quitar dívidas) ou oportunidade (como comprar bens em condições especiais) muito claras. 

“Hoje mexer em renda recorrente não é recomendado. Porque nós temos um outro agravante, nós perdemos o poder aquisitivo a cada mês. Eu preciso de mais dinheiro para continuar tendo uma mesma qualidade de vida. Resultado disso é quebrar, ficar negativo com tudo o que eu tenho ou ter um padrão de vida bem inferior”, alerta.

Dicas ao utilizar o limite do crédito consignado

  • É importante conhecer a sua real situação financeira antes de tomar qualquer crédito, fazendo um diagnóstico financeiro, descobrindo para onde vai cada centavo do dinheiro durante o mês e registrando as dívidas caso existam.
  • Antes de buscar pelo crédito consignado é preciso ter consciência de que o custo de vida deverá ser reduzido em até 40% do ganho mensal, porque a prestação deste reduzirá o seu ganho mensal diretamente em seu salário ou benefício de aposentadoria.
  • A opção do crédito consignado é muito usada para quitação de cheque especial, cartão de crédito e financeiras. Porém a troca simplesmente de um credor por outro, sem descobrir a causa do verdadeiro problema, apenas alimentará o ciclo do endividamento.
  • A linha de crédito consignado pode ser bem utilizada, mas não deve fazer parte da rotina de um assalariado ou aposentado. Sua utilização deve ser pontual e ter um objetivo relevante.
  • Caso encontre taxas de juros mais baixas, a portabilidade também deste crédito é necessária. Para os funcionários o caminho será falar com a área de Recursos Humanos. Para os aposentados as possibilidades são inúmeras, é preciso pesquisar.
  • Os juros também são um grande perigo. Mesmo com taxas baixas, a cada ano esses valores representam uma grande parcela do valor total emprestado, é preciso negociar.

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