Uma nova modalidade de golpes envolvendo o CPF foi identificada por alguns usuários do Twitter nos últimos meses. Segundo relatos compartilhados na plataforma, criminosos estão emitindo boletos falsos e realizando a cobrança dos usuários, alegando que, caso o pagamento não seja realizado, o nome será negativado em órgãos de proteção ao crédito, como o SPC e Serasa.
A analista de Projetos Julia Simoni foi uma das vítimas desse novo tipo de fraude. Ela percebeu que havia a cobrança de um boleto não reconhecido através da funcionalidade DDA (que mostra os boletos emitidos no CPF ou CNPJ do cliente) do aplicativo do banco que utiliza, o Inter. O boleto em questão foi emitido pelos criminosos através do banco Itaú no valor de quase R$ 300. Posteriormente, houve uma nova cobrança no valor de pouco mais de R$ 900.
Diante desse cenário e do crescente número de golpes envolvendo dados pessoais como o CPF, o iDinheiro conversou com especialistas em segurança da informação e direito digital para entender como identificar e como se proteger desse tipo de golpe.
Entenda o novo golpe de regularização do CPF
Como mostra tanto o relato da Julia quanto os demais tweets compartilhados por usuários que receberam essa cobrança indevida, a ação dos criminosos consiste em emitir um boleto falso em nome do CPF das possíveis vítimas.
A partir disso, o golpe pode tomar diferentes rumos. Em alguns casos, há inclusive a cobrança do boleto através de outros canais, como e-mail e mensagens via WhatsApp, para que as vítimas realizem o pagamento do valor, alegando que o nome poderá ser negativado caso o boleto continue em aberto. Alguns criminosos também entram em contato oferecendo falsas negociações da suposta dívida.
Emitiram um boleto falso no seu nome? Saiba o que fazer
A história da Julia que contamos aqui só não tomou maiores proporções porque, ao perceber que se tratava de uma cobrança indevida, ela entrou em contato com o banco Inter e com o banco Itaú. Como ambos alegaram que não podiam tomar nenhuma providência já que ela não efetuou o pagamento, a analista de Projetos entrou em contato com um advogado, como forma de se resguardar de possíveis danos futuros:
“Desde esse dia eu tenho feito um controle do CPF, baixei o aplicativo da Serasa e tenho acompanhado frequentemente se entrou alguma negativação. E como eu já tenho tudo encaminhado com um advogado, se negativar eu vou entrar com um processo”, afirma.
Segundo Marco Antônio de Araújo Júnior, advogado especialista em Direito das Novas Tecnologias pela Universidad Complutense de Madrid, mestre em Direitos Difusos e Coletivos pela Universidade Metropolitana de Santos e doutorando em Direito pela PUC-SP, o consumidor deve ficar atento e entrar em contato com as autoridades caso seja emitido um boleto falso em seu nome:
“Se uma empresa emitir um boleto falso e essa emissão gerar algum dano (por exemplo, se for negativado ou protestado), o consumidor poderá pleitear uma indenização contra a empresa que emitiu o boleto. Orienta-se que seja registrada uma ocorrência policial“.
Além disso, o especialista também explica que, nesse caso, o responsável será o emissor do boleto falso e não o banco, a não ser que fique comprovada a participação do banco na fraude.
Dica bônus
Como se proteger de golpes com CPF
Para além dos cuidados após a emissão do boleto falso, é muito importante ficar atento a alguns cuidados para se proteger de golpes como esse, que envolvem o CPF, principalmente com o cenário atual de vazamento de dados pessoais na internet.
Segundo Oscar Zuccarelli, gerente de segurança da informação de CertiSign, 90% desses vazamentos começam com um pishing:
“Este tipo de golpe ocorre quando um cibercriminoso tenta enganar uma pessoa para conseguir dela informações pessoais ou algum tipo de vantagem financeira. São muitas as formas que o Phishing pode ser realizado, como pelo envio de link e arquivos anexos falsos ou infectados, por meio de e-mail, SMS, redes sociais, entre outras ferramentas de comunicação, como o WhatsApp”, explica.
Além disso, essa técnica é muito utilizada juntamente com estratégias que fazem com que a vítima realize ações por impulso, criando situações de emergência. Por isso, reunimos as principais dicas do especialista sobre como proteger dados pessoais e evitar esse tipo de golpe:
- Fique sempre atento aos sites em que está inserindo suas informações;
- Tome cuidado com os mais diversos tipos de mensagens contendo links ou anexos – desconfie daquelas propostas que são excessivamente convidativas, pois podem ser iscas para roubar mais informações ou comprometer seus equipamentos e sistemas;
- Não passe informações ou confirme dados por meio de ligações – prefira sempre entrar em contato diretamente com a empresa com quem precisa se relacionar;
- Não transfira valores ou realize pagamentos quando solicitados por telefone ou mensagens – de posse de muitas informações o criminoso pode se fazer passar por um amigo ou conhecido;
- Use senhas seguras;
- Habilite a autenticação de dois fatores nas redes sociais, aplicativos e outros sistemas sempre que for possível tal configuração. A biometria facial é uma excelente forma de evitar a exposição dos seus dados e o acesso indevido aos seus aplicativos e sites. Isso porque o método de validação da sua identidade é realizado, em resumo, por meio de pontos do seu rosto, e cada rosto é único.
Quer continuar acompanhando as notícias que impactam o seu bolso, como esta sobre golpes com CPF? Então, não deixe de assinar a newsletter do iDinheiro e ativar as notificações push. Se inscreva, também, no nosso canal do Telegram para receber todas as novidades.