Dinheiro em espécie: tudo o que você precisa saber sobre ele!

Você sabe o significado de “dinheiro em espécie”? Veja o que a expressão quer dizer e quando utilizamos pagamento em espécie no nosso cotidiano.

Escrito por Camille Guilardi

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Já ouviu falar em “dinheiro em espécie” ou “pagamento em espécie”? Quem sabe “papel-moeda”? Por mais que existam diferentes nomes, a maioria das pessoas está bem acostumada ao dinheiro físico, a carregar cédulas na carteira para gastar na padaria, dar mesada aos filhos ou fazer pequenas doações.

Mas, hoje em dia, o dinheiro virtual parece ter muito mais espaço nas nossas vidas. Isso porque ele é muito prático, não ocupa espaço e cada vez mais lugares aceitam esse tipo de pagamento. Mesmo assim, o dinheiro em espécie ainda tem muita relevância para a economia em geral.

Quer saber por quê? Continue lendo e entenda os seguintes pontos:

  • o que é dinheiro em espécie e como ele surgiu;
  • quais são as cédulas de papel brasileiras;
  • como reconhecer uma nota falsa;
  • quando vale a pena o pagamento em espécie;
  • como declarar dinheiro em espécie no imposto de renda; e
  • o dinheiro em espécie vai acabar?

O que é dinheiro em espécie?

O dinheiro em espécie é aquele feito com notas e moedas. Também podemos chamá-lo de dinheiro físico, cédula ou papel-moeda. A expressão se distingue de outras formas de pagamento, como o cartão e o cheque, que não utilizam dinheiro “real”. Para esclarecer, vamos imaginar a seguinte situação:

você vai até a padaria do Sr. Manoel e paga a compra que fez com um cartão de débito. O banco deposita esse valor diretamente para conta do Sr. Manoel, que o transfere para pagar seus funcionários.

Pensando nesse exemplo, o valor passou da sua conta para a conta do Sr. Manoel e depois para um funcionários sem que nenhuma dessas pessoas de fato tivesse o dinheiro em mãos, certo? Isso demonstra como hoje o dinheiro possui uma espécie de “virtualidade”, ou seja, uma existência que não depende da materialidade de notas e moedas.

Mas, de onde surgiu o dinheiro?

Quando falamos em dinheiro em espécie, voltamos para a materialidade do dinheiro físico, impresso em notas e moedas – que, na verdade, também são representações de valores.

Mas essa história começou há muitos séculos, com a necessidade da espécie humana em fazer trocas por diferentes benefícios. Para isso, eram usados diversos materiais, como gado e especiarias. A propósito, você sabia que a palavra “salário” vem de pagamentos feitos com sal?

Eventualmente, essas trocas evoluíram para metais como prata e ouro, ajudando a unificar valores. Afinal, como saber se 1kg de arroz valia mais do que 1 saca de café ou não, certo?

Assim, com a necessidade de guardar esse dinheiro em moedas, também surgiram os bancos. E, sobre o dinheiro de papel, veja o que diz essa passagem que retiramos da Casa da Moeda:

os negociantes de ouro e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passaram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guardadas. Esses recibos (então conhecidos como “goldsmith’s notes”) passaram, com o tempo, a servir como meio de pagamento por seus possuidores, por serem mais seguros de portar do que o dinheiro vivo. Assim surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cédulas de banco, ao mesmo tempo em que a guarda dos valores em espécie dava origem a instituições bancárias.

Quais são as cédulas de papel brasileiras?

Ao longo da história do país, o Banco Central já emitiu diversas famílias de cédulas, de acordo com o padrão monetário de cada época. Entre eles, podemos destacar: cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo, cruzeiro real e, finalmente, o real (1ª e 2ª famílias).

células de 2, 5. 10, 20, 50, 100.
1ª família do real. Fonte: Banco Central
células de 2, 5, 10, 20, 50, 100.
2ª família do real. Fonte: Banco Central

No verso de cada cédula está um animal da fauna brasileira ameaçado de extinção. A nota mais recente é a de R$ 200, criada em 2020, em meio à pandemia do Coronavírus, com o objetivo de suprir uma alta demanda por papel-moeda (e causar muita discórdia, afinal, quem tem troco para 200?).

Como reconhecer uma nota falsa?

Veja, de acordo com o Banco Central, como reconhecer as medidas de segurança nas notas.

  • papel: a cédula é impressa em papel fiduciário, que tem uma textura mais firme e áspera que o papel comum;
  • dimensões: as notas têm tamanhos diferenciados;
  • marca-d’água: segurando a nota contra a luz, você observa, na área clara, a figura do animal e o número da nota;
  • alto-relevo: pelo tato, você sente o relevo em algumas áreas na frente da nota, como na legenda “REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”, na efígie da República, nos numerais indicativos do valor, nas linhas localizadas nas laterais direita e esquerda, no ramalhete de folhas e na marca tátil, no canto inferior direito;
  • microimpressões: com uma lente de aumento, você pode ver o valor da nota impresso em tamanho muito pequeno em várias áreas, como em torno da figura da República, em torno do animal (no verso) e dentro do número (no verso);
  • número escondido: ao colocar a nota na altura dos olhos, na posição horizontal, em um lugar com bastante luz, você vê o número da nota aparecer na área à direita da efígie;
  • quebra-cabeça: coloque a nota contra a luz e veja, no desenho que lembra um “chip”, que as partes do desenho do verso completam as da frente, formando o número;
  • elementos fluorescentes: sob luz ultravioleta, o número aparece na frente, a numeração vermelha do verso fica amarela e pequenos fios são visíveis na cor lilás;
  • número que muda de cor: nas notas de 20 e 200 reais, o número destacado muda do azul para o verde, conforme se movimenta a nota;
  • fio de segurança: as notas de 20 e 200 reais, ao colocar a nota contra a luz, fica visível um fio escuro.

Quando vale a pena o pagamento em espécie?

Quando falamos em pagamento em espécie, estamos nos referindo a notas e moedas. Apesar da popularização do pagamento em cartão de débito e crédito, ainda existem alguns estabelecimentos que aceitam apenas dinheiro, especialmente empresas menores.

No entanto, existem algumas vantagens em utilizar esse método, desde que você se sinta seguro em carregar dinheiro por aí (mas é bom evitar grandes quantias). Quando utilizamos o pagamento em espécie, podemos:

  • aproveitar oportunidades de desconto;
  • ter maior controle sobre nossos gastos;
  • definir valores exatos no orçamento;
  • apoiar pequenos empreendedores;
  • fazer pequenas doações;
  • fugir do descontrole do cartão de crédito.

Viu como ainda existem boas razões para usar o dinheiro em espécie? Por isso, se você precisa ver o dinheiro indo embora para sentir a “dor do pagamento” ou ainda tem pouco controle sobre gastos no cartão, as cédulas e moedas podem ser grandes aliadas.

Moeda estrangeira

Se você já viajou para o exterior, sabe o quanto é importante levar dinheiro em espécie na moeda estrangeira. Isso porque, mesmo que a maior parte dos pagamentos seja feita com cartão de crédito ou cartão pré-pago, o dinheiro em espécie vai ajudar bastante na hora de pagar pequenas despesas ou para resolver problemas emergenciais.

Essas notas também ajudam a evitar as oscilações da moeda.

Se você vai comprar dólares, por exemplo, ir juntando pequenas quantidades periodicamente antes de viajar pode ser uma boa opção para conseguir uma cotação justa. Em vez de comprar tudo de uma vez, você vai guardando pequenas quantias quando a taxa de câmbio parecer vantajosa.

Assim, os custos da viagem ficam mais em conta. Além disso, não esqueça de pesquisar e negociar nas casas de câmbio, vale a pena!

Como declarar dinheiro em espécie no Imposto de Renda (IRPF)

Quem tem moeda nacional em espécie pode ter que declará-la em seu imposto de renda anual. A obrigatoriedade é só a partir dos R$ 30 mil em papel-moeda, porém, não esqueça de checar se existem outros fatores que te obrigam a declarar.

Segundo a Receita Federal, quem tem na carteira ou em casa valores superiores a R$ 140 em 31/12 precisaria declarar o montante. É bem simples, veja só:

  1. selecione a categoria “Bens e Direitos”;
  2. clique em “novo”;
  3. selecione o código “63 – dinheiro em espécie – moeda nacional”;
  4. no campo “Situação em 31/12/20xx”, coloque o valor que você tinha no final do ano anterior à essa declaração (se não declarou, deixe em branco). No campo “Situação em 31/12/20xx”, coloque o valor que você tinha no final do ano correspondente à declaração. Não é necessário informar nada no campo “Discriminação”.
  5. clique em “Ok”.

Para moedas estrangeiras, o processo é o mesmo, porém, na hora de escolher o código, selecione “64 – dinheiro em espécie – moeda estrangeira”. Em “Discriminação”, coloque o tipo de moeda (euro, dólar, etc.), quanto possui e o preço médio de compra.

Pronto!

Mas, lembre-se: declarar não significa que você precisará pagar imposto, certo? É apenas uma maneira de informar a Receita Federal sobre suas movimentações.

BÔNUS: o dinheiro em espécie vai acabar?

Essa é uma discussão que vem crescendo nos últimos anos, pois, cada vez mais, o brasileiro (e o mundo todo, na verdade) parece se dispor a usar métodos virtuais para movimentações financeiras.

Antes da pandemia do Coronavírus, em 2020, uma pesquisa do Instituto Locomotiva de outubro de 2019 apontou que 45 milhões de brasileiros não tinham conta em banco. Ou seja, o método principal de pagamento era o dinheiro em espécie.

Porém, em virtude dos pagamentos do auxílio emergencial, a bancarização dessa população foi acelerada. Segundo a Febraban, esse número caiu para 36 milhões. Veja o que disse o presidente Isaac Sidney:

“conseguimos chegar agora a 84% da população banacarizada, um número significativo. Temos feito esforços grandes para democratizar o acesso ao setor financeiro para que todos possam ter acesso mais facilitado a produtos e serviços bancarizados.”

Outro motivo para essa aceleração foi a criação do Pix, o sistema de pagamentos imediatos e gratuitos. Com ele, pessoas comuns e comerciantes podem negociar sem custos e com rapidez, transformando o pagamento à vista em algo muito prático e vantajoso.

Mesmo assim, como você viu, ainda estamos longe de extinguir o dinheiro em espécie, já que a população que ainda não tem acesso aos bancos é bem expressiva. Por isso, pode continuar usando seu dinheiro tranquilamente!

Conclusão

Por fim, depois de saber todas essas informações, não restam dúvidas sobre os conceitos e a importância do dinheiro em espécie para a nossa sociedade! Mas, vale lembrar que dinheiro é para estar em circulação, e não guardado em um cofrinho.

Além disso, dinheiro embaixo do colchão não rende nada e, ainda por cima, perde poder de compra. Então, sempre que tiver dinheiro sobrando, procure onde melhor investi-lo! Ademais, hoje em dia existem muitas opções de investimentos bons e seguros na renda fixa. Aliás, esqueça a poupança: ela também desvaloriza seu dinheiro.

Enfim, vale a pena estudar e procurar o que é melhor para você. Inclusive, você pode e deve organizar suas finanças, assim, sobrará cada vez mais dinheiro para investir.

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