Juros altos no Brasil: 5 dicas para evitar dívidas ao recorrer ao crédito

Organizar o orçamento e escolher as melhores linhas de crédito pode ajudar a evitar dívidas ao recorrer ao crédito. Entenda.

Escrito por Cindy Damasceno

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Os brasileiros encerraram o primeiro semestre de 2021 mais endividados: 7 em cada 10 famílias terminaram o mês de junho no vermelho por conta das operações de crédito, segundo informações da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Mas, com a previsão de juros altos até o fim do ano, é recomendável recorrer a alternativa? Existe uma boa forma de evitar dívidas ao recorrer ao crédito? 

A educadora financeira da DSOP Juliana Barbosa atrela o alto endividamento à situação financeira causada pela crise pandêmica. “Temos acompanhado o preço da gasolina, energia elétrica. Para o bolso da população é uma situação difícil”, considera. Por isso, recorrer ao crédito virou opção para quem quer fechar o orçamento do mês. Estar expostos a taxas mais caras, avalia Barbosa, pode ser perigoso. “Chega o momento que vira uma bola de neve”, avalia. 

Contornar o endividamento é possível, defende o professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e especialista em educação financeira Ahmed El Khatib. No entanto, é preciso levar em consideração a situação financeira de cada um. “Não existe receita de bolo, mas sim algumas recomendações”, aponta.

O iDinheiro ouviu os dois especialistas e traz dicas de como evitar novas dívidas durante o período de juros altos. Confira!

Porque os juros estão altos no Brasil e como isso pode afetar as linhas de crédito

A pandemia permanece influenciando a economia brasileira, pressionando a inflação e a Taxa Selic, considerada o referencial para taxa de juros cobradas em operações como cartão de crédito, empréstimos e financiamentos. 

A Selic funciona como uma reguladora do mercado interno: quanto maior a inflação, maior a taxa. Isso porque, com os juros mais altos, os consumidores tendem a comprar menos e a demanda por produtos reduz — o que influencia a inflação. 

O último relatório Focus, publicação do Banco Central do Brasil que traz as expectativas do mercado sobre o país, prevê uma inflação de 6,31% ao fim de 2021. Com isso, o ano encerra com Taxa Selic na casa dos 6,75% — maior porcentagem desde 2017. 

“O aumento da Taxa Selic tende a refletir-se nas taxas de juros de todas as operações de crédito”, explica Marco Cavalcanti, diretor adjunto de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 

Em sua avaliação, a elevação Selic pode colocar a inflação nos eixos. “Se olharmos para a evolução passada das taxas de juros nas operações para pessoas físicas, vemos que, quando a Selic caiu entre 2019 e 2020, algumas taxas caíram muito mais que outras”. 

O especialista conta que é difícil dizer quais modalidades de crédito sofrerão o impacto dos juros mais altos, mas relembra o período citado acima. “A taxa média do crédito pessoal não consignado caiu de cerca de 120% para aproximadamente 80%, enquanto a taxa para aquisição de veículos caiu de cerca de 21% para algo em torno de 19%. A taxa média do cartão de crédito caiu de cerca de 66% para 60%”, relembra. 

“Claro que as taxas de cada tipo de operação são afetadas também por outros fatores e questões específicas de cada mercado, mas essa análise pode dar algumas pistas de quais taxas poderão subir mais com o aumento da Selic”, complementa o docente.

Como organizar o orçamento em meio aos juros altos

Por conta da pandemia, o orçamento do brasileiro médio foi um dos afetados pelas oscilações do mercado. “Estamos vivendo um período de muitas famílias tentando se sustentar com salário reduzido, outras sofreram com a perda de emprego, ou tinham negócios e a empresa fechou”, recorda Juliana Barbosa. 

O desemprego mais alto e o aumento no custo de vida “empurram” o consumidor para o crédito, argumenta Ahmed. “Com aumento na taxa de juros e um aumento da inflação, as pessoas não têm outra alternativa a não ser correr os juros mais caros”, adiciona. 

Veja o que os especialistas em educação financeira recomendam para reduzir as dívidas no restante de 2021: 

1. Avalie a necessidade do crédito para não pagar juros altos

Seja sincero com o orçamento disponível. Quanto da sua renda será afetada por conta do crédito? A adição é necessária? 

2. Para evitar dívidas ao recorrer ao crédito, escolha bem as linhas contratadas

Antes de procurar um complemento à renda do mês, avalie quais são as opções que atendem melhor suas necessidades a longo prazo. Compare taxas de juros, benefícios e esteja atento às letrinhas miúdas. Uma dica é acompanhar os juros por tipo de crédito no site do Banco Central

3. Quer pagar dívidas com juros altos? Cuidado com para não entrar em uma ‘bola de neve’

Evite entrar em novas linhas de crédito para pagar dívidas anteriores. O pagamento das mensalidades pode comprometer parte significativa da sua renda. 

4. Investimento nem sempre é a solução para quitar as dívidas

Investir parte da renda pode ajudar a pagar as despesas, mas antes de entrar em movimentações do tipo, analise a situação financeira. Priorize investimentos que rendam acima da taxa de juros cobrada. 

5. Prepare uma reserva de emergência

Separar parte do valor recebido pode desafogar a família no futuro. Guardar uma porcentagem da renda ajuda em situações emergenciais.

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