Como a inflação afeta os investimentos?

Entenda como a inflação afeta os seus investimentos, impacta a economia em geral e o que a política tem a ver com isso.

Escrito por Victor Barreto

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O “dragão da inflação” vem apavorando não só grandes investidores, mas também pessoas que dependem do seu salário para necessidades básicas. Entenda no texto abaixo como a inflação, seja ela alta ou baixa, afeta a população e os seus investimentos.

O que é inflação?

A inflação nada mais é do que o aumento generalizado dos preços. Quando vamos ao supermercado e nos assustamos com o preço de determinados itens, costumamos dizer: “Nossa, você viu o quanto o preço da batata subiu?”. Isso ocorre por uma série de fatores internos e externos.

Somos um país globalizado e praticamente tudo o que consumimos tem algum efeito do mercado externo. Olhe em sua volta e observe algum produto que você consuma com frequência. Muito provavelmente alguma peça, ingrediente ou até mesmo processo produtivo desse produto tem relação com vários outros mercados.

É pensar que o preço da batata subiu, pois o preço do óleo diesel subiu e ficou mais caro para o produtor produzir. Ele precisa repassar preço. O preço do óleo diesel subiu pois o preço do barril de petróleo no mercado internacional subiu. O barril de petróleo subiu por conta e uma oferta que não está andando junto com a demanda internacional, portanto, tiveram que ajustar o preço.

É um efeito cascata, percebe?

No fim das contas, o que você conseguia comprar no ano passado, nesse ano precisará de 11,89% além do que você consumiu. Exemplo: R$ 100,00, há 12 meses, hoje equivale a R$ 111,89.

Inflação e economia andam juntas

Muita inflação ou pouca inflação? Os dois são horríveis e eu te explico os motivos. Quando passamos por uma inflação alta, isso pesa tanto no bolso das pessoas quanto no bolso das empresas.

No caso da pessoa física, fica mais difícil consumir determinados itens e ela começa a escolher o que vai comprar e o que pode deixar para depois. É aquela família que deixa de comprar carne vermelha para comprar frango, que é mais barato; é aquela família que tira os eletrodomésticos da tomada quando não usa, para economizar energia. Paralelamente a isso, se a renda do cidadão não acompanha a subida de preços, temos um problema futuro de crescimento do país.

No lado das empresas, fica mais difícil acessar crédito, o famoso “dinheiro emprestado”. Isso ocorre pois o ambiente de negócios piora como um todo, causado por essa provável queda no consumo. O governo consequentemente precisa subir os juros básicos da economia e esses mesmos juros afetam também quem quer pegar empréstimo, como o caso do Seu João.

Seu João gostaria de comprar um forno novo para sua padaria, mas vê isso como impraticável no momento pois o forno aumentou muito de preço por conta do aumento do preço do aço e a proposta que o gerente de banco ofereceu para ele é mais de 1% de juros ao mês, caso ele financie essa máquina.

uma inflação muito baixa significa economia fraca. Ao mesmo tempo que o preço das coisas não sobe, o salário das pessoas também não. Por isso, é importante que o Governo defina uma meta de inflação. É necessário ter um número base para que a economia tenha crescimento.

Como a política impacta na inflação?

A política tem um papel importantíssimo no controle da inflação. É ela que irá determinar o caminho da inflação através de algumas ferramentas, sejam elas econômicas ou fiscais, principalmente.

A primeira delas é subindo ou diminuindo os juros. Quando o governo sobe os juros, está deixando de incentivar a economia. O crédito fica mais caro, as pessoas tendem a deixar de consumir e passam a guardar o recurso, afinal, o governo paga mais. Isso ocorre através da mudança na taxa básica de juros, a SELIC.

Na ponta contrária, se o governo abaixa os juros, incentiva a economia: o crédito fica mais barato, as pessoas consomem mais, empresas investem mais e isso tende a fazer com que a inflação suba.

É uma espécie de sanfona, onde o governo decide esticar ou apertar a economia através dessa política. Quando falamos da parte fiscal, o raciocínio é basicamente o mesmo: uma política fiscal contracionista visa diminuir o nível de gastos do governo, portanto, a inflação tende a recuar também. Já uma política expansionista joga dinheiro nos mercados, pois o governo é mais flexível, gasta mais.

Infelizmente estamos vendo isso acontecer no Brasil, mas também na nossa irmã, Argentina, e de uma forma bem pior: a Argentina vive uma crise inflacionária de mais de 60% nos últimos 12 meses. Consequentemente, sua moeda é uma das mais desvalorizadas perante o dólar: -21,6% em 2022.

Desvalorização da moeda é outro efeito cascata. Lembra do exemplo da batata, que chegou até o petróleo? Pois é, a Argentina vive algo mais ou menos parecido com isso

captura de tela mostrando valorização ou desvalorização das moedas perante o dólar em 2022
Valorização ou desvalorização das moedas perante o dólar em 2022.

A parte fiscal é importantíssima. Se um país não consegue gerenciar bem as suas contas, inevitavelmente vai ter uma inflação forte. Se a inflação vem forte, o governo precisa abrir o bolso para ajudar quem mais precisa. É um ciclo vicioso e que pode ser fatal para uma economia.

Qual a relação da inflação com os investimentos?

Naturalmente, uma inflação elevada afeta tanto a renda fixa quanto a bolsa. Na renda fixa, essa influência fica mais perceptível com o aumento dos juros básicos da economia. Em outras palavras, a renda fixa vai render mais.

O investidor conservador tem uma âncora nos pés quando observa isso, mas por quê? Ele sabe que não tem necessidade alguma tomar risco, sendo que pode ganhar 1% ao mês sem preocupação. Observe o gráfico que compara a inflação com o Ibovespa (nosso principal índice de ações brasileiro):

gráfico mostrando a ascensão da inflação, em comparação com o índice Ibovespa
Fonte: TradingView.

Uma inflação alta gera fluxo de recursos para ativos mais conservadores. Em 2022, os fundos de renda fixa captaram mais de 92 bilhões, enquanto os fundos de ações tiveram resgates da ordem de 49 bilhões.

A bolsa é a que mais apanha nesse momento. É onde observamos empresas sendo negociadas a valores de mercado muito convidativos, pois o cenário econômico está “esganando” o ambiente de negócios. É nessa hora que surgem barganhas maravilhosas para o investidor de longo prazo.

Paralelamente a isso, o Brasil sendo um país com um dos maiores juros reais do mundo, chama a atenção do investidor estrangeiro. É claro que existem diversos outros fatores que o gringo olha quando vai investir aqui, entretanto, bater o olho e ver que aqui a renda fixa aqui rende 12% enquanto nos EUA a taxa de juros rende 2%, é bastante atrativo.

Conclusão

Inflação é um dos principais pontos a serem levados em consideração quando vamos investir. Ela faz parte de um cenário econômico amplo e, muitas vezes, o investidor pode achar que está fazendo um bom investimento, investindo em uma boa empresa. Porém, essa empresa está sendo amassada pelo mercado, o que naquele momento indica que não é um bom negócio.

Fazer essa diferenciação é crucial para que você entenda melhor como investir. Até a próxima!

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