Ações ordinárias e preferenciais: o que são e qual escolher?

Conheça as classes de ações e suas características, vantagens e desvantagens.

Escrito por Melissa Nunes

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Embora os ativos da Bolsa de Valores estejam entre os mais populares do mercado, investidores iniciantes podem ter dúvidas sobre a diferença entre ações ordinárias e preferenciais.

Possuir papéis de uma empresa é o objetivo de muitas pessoas, por conta dos benefícios que esse tipo de investimento pode trazer a longo prazo. No entanto, investidores que estão começando a atuar nesse segmento podem não conhecer as diferentes categorias disponíveis. Nesse caso, é essencial entender como esse segmento funciona antes de tomar uma decisão e diversificar sua carteira com essa renda variável.

Pensando nisso, preparamos um guia completo sobre ações ordinárias e preferenciais, com mais detalhes sobre o que são, como operam e quais as principais diferenças entre elas. Confira tudo sobre o assunto e veja como escolher as ações que mais combinam com você.

O que são ações?

Antes de explicar o que são ações ordinárias e preferenciais, é importante definir seu conceito mais básico, para evitar dúvidas e confusões posteriormente.

Basicamente, uma ação representa uma fração do valor de uma empresa ou sociedade anônima.

Em um primeiro momento, nenhuma organização inicia na Bolsa de Valores no momento de sua criação. Em outras palavras, ela não possui capital aberto. Contudo, essa opção se mostra uma alternativa interessante para arrecadar fundos para a própria empresa, valorizando sua importância no mercado e permitindo a expansão do seu negócio com mais recursos.

Nesse caso, a empresa decide ofertar ações na Bolsa de Valores. Mesmo assim, o processo é burocrático, sendo necessárias diversas etapas de análise rigorosa para a abertura de capital. Esse procedimento é conhecido como Initial Public Offering, ou IPO. Isso permite que a abertura de capital seja devidamente autorizada e regulada pelos órgãos fiscalizadores, tornando a operação mais segura para o investidor.

Finalmente, as primeiras ações são liberadas pela empresa, e os investidores podem começar a negociar esses ativos. Com isso, eles se tornarão acionistas da empresa, retendo uma pequena fração dos seus papéis. 

Além disso, a empresa não precisa abrir completamente o seu capital, podendo ser apenas uma parte, majoritária ou minoritária, dependendo dos seus objetivos.

De forma simples, as ações são os ativos que representam o investimento do indivíduo em determinada companhia, provando que, com seu aporte em dinheiro, ele se torna parte do corpo acionista.

No entanto, o que pode confundir novos investidores é que as ações possuem categorias, e duas das mais famosas são as ações ordinárias e preferenciais.

Conhecendo as classes de ações

Se tornar um investidpr experiente em Bolsa de Valores depende de diversos conhecimentos, e um deles, certamente, é entender o que são as classes de ações, como ações ordinárias e preferenciais.

Essas categorias conferem determinadas características aos papéis oferecidos pelas empresas na abertura do seu capital. Em outras palavras, o investidor terá acesso a determinados benefícios caso escolha uma ação de classe ordinária ou de classe preferencial, por exemplo.

No mercado, existem diversas categorias disponíveis, mas, em um primeiro momento, as ações ordinárias e preferenciais são as duas mais conhecidas. Por esse motivo, é fundamental começar a conhecê-las primeiro, para se tornar mais experiente e entender como investir nesses ativos do jeito certo.

Ações ordinárias

Entre as ações ordinárias e preferenciais, a classe ordinária é a mais popular, sendo a categoria que mais atrai investidores e com um grande número de papéis em seu catálogo.

Identificadas pela sigla ON, basicamente elas conferem ao investidor o direito ao voto e participação nas decisões da companhia.

Muitos investidores iniciantes podem pensar que comprar ações de determinada empresa já confere poder de decisão a eles. Afinal, se tornam parte do corpo acionista, e detém uma porcentagem da companhia, embora seja um percentual mínimo, em grande parte das vezes. Entretanto, somente adquirir papéis da companhia não oferece ao investidor o poder de participar de decisões significativas da empresa. Isso porque é necessário que as ações tenham uma categoria específica. No caso, são as ações ordinárias.

Na Bolsa de Valores, é possível reconhecê-las pelo número 3, que acompanha a sigla de identificação da companhia. Por exemplo:

  • ABEV3 (Ambev);
  • CIEL3 (Cielo);
  • B3SA3 (B3);
  • MGLU3 (Magazine Luiza).

Nesse caso, se o investidor adquirir uma dessas ações, terá poder de voto durante as decisões tomadas pela organização. Mas, claro, o seu benefício de decisão é limitado à quantidade de ações adquiridas por ele. Assim, quanto mais ações possuir, maior será sua influência nas participações de reuniões e votações, por exemplo.

Por conta dessa característica, entre ações ordinárias e preferenciais, é comum que os investidores optem pelas ordinárias. Ainda, empresas que estão no mais alto nível de governança corporativa da bolsa, o Novo Mercado, emitem apenas ações ordinárias.

Ações preferenciais

Enquanto isso, a segunda categoria mais popular de ações na Bolsa de Valores são as ações preferenciais. Como seu nome indica, a característica predominante nessa modalidade é a preferência. Os investidores que obtêm esse tipo de ação são priorizados no recebimento de valores, como distribuição de lucros e outras compensações.

Basicamente, o acionista preferencial terá preferência no recebimento dos dividendos ante outros investidores, caso exista a mescla de ações ordinárias e preferenciais. Além disso, a prioridade é válida para todos os tipos de distribuição de valores e rendimentos, considerando, também, Juros sobre Capital Próprio e outros envios.

Vale lembrar que os dois tipos, ações ordinárias e preferenciais, realizam o pagamento de dividendos. Trata-se de um dos grandes benefícios desse ativo no mercado, que atrai tantos interessados na modalidade. A principal diferença é que a categoria preferencial garante aos investidores prioridade na ordem de pagamento.

Ainda, caso a empresa registre algum tipo de prejuízo ou venha a declarar falência, os portadores de ações preferenciais também receberão suas garantias primeiro.

Identificada pela sigla PN, as ações preferenciais também possuem, mais comumente, o número 4 junto de sua sigla. Ainda assim, existem ações preferenciais de diferentes classes, que apresentam números 5, 6, 7 e 8.

Algumas das ações preferenciais mais populares, são:

  • PETR4 (Petrobras);
  • GOLL4 (Gol);
  • ITUB4 (Itaú);
  • CPLE6 (Copel).

Dessa forma, quem adquirir algum desses papéis na Bolsa de Valores, se tornará um acionista com prioridade, e poderá ter ainda mais segurança quanto aos seus recursos aplicados.

Units

As ações ordinárias e preferenciais são duas das categorias mais populares da Bolsa de Valores. No entanto, existem outras modalidades que também se destacam, como é o caso das units.

Esse certificado de depósito de ações é como uma espécie de pacote, composto por vários ativos diferentes. Nesse caso, trata-se de um conjunto de ações diferenciadas, que, inclusive, pode incluir ações ordinárias e preferenciais juntas e até mesmo BDRs.

Geralmente, pessoas que investem em papéis costumam optar por uma empresa específica, caso desejem adquirir ações da forma tradicional. Enquanto isso, existem outras alternativas, como as units, que mesclam as duas categorias, oferecendo mais benefícios e autonomia para o investidor que não deseja escolher.

Por exemplo, o Banco Inter disponibiliza no mercado suas próprias units, BIDI11, compostas por uma ação BIDI3 e 2 ações BIDI4. Conforme podemos perceber na identificação do ativo, uma ação é ordinária, pela terminação 3, e as outras são preferenciais, pela terminação 4.

De fato, as units são uma união interessante entre ações ordinárias e preferenciais, mas nem todas as companhias oferecem essa opção em seu catálogo. Dessa forma, a situação mais comum é que o investidor escolha a empresa que o interessa e adquira seus papéis, independentemente da categoria.

As units podem ser identificadas pelo número final 11, embora ETFs e fundos imobiliários também apresentem o mesmo número. Caso fique em dúvida sobre a natureza do ativo, uma busca rápida pelo código resolve o problema. Ainda, a B3 disponibiliza uma lista com as units existentes e sua composição.

Ações ordinárias e preferenciais: comparativo

Apesar das explicações, alguns investidores ainda podem ter dúvidas sobre ações ordinárias e preferenciais, e quais as diferenças entre cada uma. Nesse caso, para entender qual é mais vantajosa para o seu perfil e como cada papel de comporta, vale a pena ver um comparativo entre ambas, com suas características e outros detalhes que tornam cada papel atrativo:

Ações ordinárias (ON)Ações preferenciais (PN)
Direito ao voto: o acionista pode participar de assembleias e decisões da companhia. Dependendo do número de ações adquiridas, o voto do investidor pode influenciar o rumo da companhia.Preferência na distribuição de lucros como dividendos, juros sobre capital próprio e compensações, no caso de falência da empresa.
Possuem uma característica denominada tag along, um mecanismo que protege os investidores minoritários no caso de mudanças no controle da empresa. Com isso, os investidores estão assegurados de, no mínimo, 80% do valor pago por ação ou lote, caso a empresa seja vendida. Pelo menos 25% do lucro líquido da empresa deve ser distribuído para os acionistas preferenciais, preferencialmente por intermédio de dividendos. Isso é garantido pela Lei Federal nº 6404/76.
Empresas do nível de governança Novo Mercado emitem apenas ações ON.Costumam ter maior liquidez, sendo mais negociadas na Bolsa de Valores.
Podem receber uma porcentagem menor de proventos em relação às PN, caso seja política da empresa.Concedem direito ao voto aos acionistas, caso a empresa passe 3 exercícios sem distribuir proventos.

No caso das units, em geral elas possuem mais liquidez do que ações ordinárias e preferenciais, além de unir os direitos das duas classes. Em geral, também agregam no preço a quantidade de ações que as compõem e, por isso, são mais caras do que as ações individuais.

Comparar as características de ações ordinárias e preferenciais é o primeiro passo para que investidores iniciantes tenham maior segurança na hora de escolher seus papéis. No entanto, existem outras recomendações que podem ser úteis na hora de optar por um tipo de ação ou outro.

Ações ordinárias e preferenciais: qual escolher?

Depois de conhecer mais sobre ações ordinárias e preferenciais, alguns investidores podem ter dúvidas sobre qual escolher. Afinal, cada modalidade possui suas próprias características e benefícios, que podem ser mais ou menos atrativos para determinados perfis e alinhamentos.

Nesse caso, existem alguns critérios que podem auxiliar nessa escolha, e ajudar novos atuantes da Bolsa de Valores a considerar as ações que melhor atendem ao que procuram no mercado. Veja mais detalhes e saiba como escolher entre ações ordinárias e preferenciais:

Interesse

Antes de mais nada, o principal critério de avaliação que pode influenciar na escolha entre ações ordinárias e preferenciais são os interesses do investidor. Afinal, sua busca por ações partem de determinado princípio, como necessidade de diversificar a carteira com renda variável ou desejo de atuar na Bolsa de Valores.

Nesse caso, definir com maiores detalhes os interesses do investidor permite que sua escolha seja mais simples de ser feita.

Por exemplo, é comum que atuantes da Bolsa que buscam apenas dividendos optem por ações preferenciais. Isso porque elas contam com maior liquidez, e, claro, sua principal característica é o pagamento prioritário dos lucros. Dessa forma, o investidor terá a garantia de que receberá a divisão dos rendimentos, atendendo ao seu interesse inicial.

Por outro lado, certo grupo de investidores pode ter interesses distintos, envolvendo uma empresa específica ou o desejo de investir em uma companhia. Com isso, o mais indicado é que escolham ações ordinárias, pois elas permitem ao investidor se envolver mais ativamente nas escolhas e decisões da empresa. Além disso, garantem o direito de tag along, que pode ser importante caso a empresa seja adquirida por um novo controlador.

Seja qual for o interesse do investidor, antes de decidir entre ações ordinárias e preferenciais, é recomendável estabelecer os seus objetivos em primeiro lugar. Assim, poderá avaliar os papéis mais interessantes de acordo com seu próprio perfil.

Desempenho da empresa

Em seguida, outro critério que pode ajudar a escolher entre ações ordinárias e preferenciais é a análise do desempenho da empresa.

Dependendo do comportamento financeiro da companhia na Bolsa de Valores e no mercado no último período, se tornará mais fácil decidir quais papéis escolher.

Por exemplo, caso identifique-se uma falha no pagamento dos dividendos, isso pode afetar investidores interessados em ações preferenciais. Nesse caso, esse critério é imprescindível para qualquer aporte, sejam ações ordinárias e preferenciais, ou outro tipo de ativo relacionado à empresa.

Além disso, algumas empresas estipulam uma porcentagem maior de proventos para acionistas preferenciais, enquanto outras não fazem essa distinção.

Tendência para o futuro

Por fim, antes de investir em ações ordinárias e preferenciais, é essencial considerar as tendências para o futuro envolvendo aquela companhia.

Realizar essa análise é importante para todos os tipos de investimento, especialmente aqueles que são de longo prazo. Isso porque o comportamento da empresa ou as previsões de especialistas podem indicar que determinada modalidade é mais vantajosa que outra.

Por exemplo, muitos investidores procuram ações ordinárias quando a empresa sinaliza uma mudança significativa de controle. Por outro lado, previsões de bons lucros aumentam a busca por ações preferenciais.

Caso o investidor não se atente para as previsões futuras, pode acreditar que está fazendo um negócio lucrativo no presente, e sofrer com prejuízos significativos posteriormente.

Onde comprar ações ordinárias e preferenciais?

Depois de escolher entre ações ordinárias e preferenciais e analisar todos os critérios que podem influenciar nessa decisão, o próximo passo é entender onde comprar, efetivamente, esses papéis.

Basicamente, o processo é o seguinte:

  1. abra conta em uma corretora de investimentos de sua preferência;
  2. faça o teste do perfil de investidor;
  3. transfira o dinheiro que deseja investir de uma conta bancária para a corretora;
  4. acesse o home broker ou plataforma personalizada que permite negociações de ações ordinárias e preferenciais, além de outras modalidades;
  5. pesquise pelo código do ativo no qual deseja investir;
  6. preencha os dados da sua ordem de compra, como preço, quantidade e validade;
  7. insira sua assinatura eletrônica criada ao fazer a conta;
  8. clique em “comprar” e acompanhe a execução da ordem.

Todo o processo pode ser feito individualmente, sem a ajuda de um profissional. No entanto, os iniciantes podem ter dúvidas sobre como investir corretamente. Nesse caso, existem equipes de consultoria e suporte disponibilizados pelas próprias corretoras, que auxiliam nessas etapas.

Depois de comprar suas ações, é importante se atentar para as movimentações do mercado, para verificar eventos, assembleias e reuniões da companhia adquirida.

No caso de investidores ordinários, é essencial realizar esse acompanhamento para exercer seu direito de voto.

Enquanto isso, investidores preferenciais também podem monitorar o calendário de pagamentos da empresa, para ver quando receberá seus lucros.

Vale a pena investir em ações ordinárias e preferenciais?

Embora sejam vantajosas e apresentem características atrativas, investir em ações ordinárias e preferenciais é uma operação voltada para determinado perfil de investidor.

Isso porque esses papéis ainda se comportam como renda variável, e a volatilidade que a Bolsa de Valores apresenta pode combinar mais com alinhamentos agressivos. Enquanto isso, perfis conservadores podem não se sentir atraídos pelo ativo.

Nesse caso, antes de determinar se vale a pena escolher certa modalidade ou não, é importante se atentar para o seu alinhamento, e os objetivos do seu perfil. Caso atuar na Bolsa de Valores não seja uma atividade atraente para você, o mais indicado é procurar outros tipos de investimentos, mais estáveis e com uma rentabilidade mais fixa, por exemplo.

Por outro lado, se o seu perfil combina com alinhamentos mais moderados e agressivos, investir em ações ordinárias e preferenciais pode valer a pena. Trata-se das duas modalidades mais populares do mercado financeiro, e suas características as tornam interessantes para o investidor.

Com o poder de decisão, é possível influenciar a negociação de uma companhia, enquanto o pagamento preferencial traz mais segurança para a divisão dos lucros no futuro. Sendo assim, para quem se interessa por papéis, vale a pena procurar saber mais sobre ações ordinárias e preferenciais, especialmente suas diferenças e o que cada uma oferece.

Dessa forma, você poderá variar sua carteira de investimentos com mais confiança, além de ganhar experiência quanto às variações que os ativos apresentam, tornando-se um profissional mais bem qualificado.

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Perguntas frequentes

  1. Qual a diferença entre ações 3 e 4?

    As ações cadastradas e identificadas com o número 3 referem-se a ações ordinárias. Enquanto isso, ações identificadas com o número 4 referem-se a ações preferenciais.

  2. Qual a diferença entre ações 3 e 3F?

    Via de regra, negociamos ações em lotes de 100 (por exemplo, MGLU3). Porém, incluindo um F em sua sigla, podemos negociá-las de 1 em 1 (MGLU3F).

  3. Qual ação comprar 3 ou 4?

    Comprar ações ordinárias e preferenciais depende dos interesses e objetivos de cada investidor. Caso se interesse por participar mais ativamente das decisões da empresa, pode ser melhor investir em ações 3. Para quem prioriza dividendos, o mais ideal são ações 4.

  4. Qual a diferença entre ações PNA e PNB?

    As duas são tipos de ações preferenciais. Ações PNA são ações preferenciais de classe A, enquanto PNB são ações preferenciais de classe B. Na prática, não existem diferenças consideráveis, pois cada empresa trata as classes de maneira distinta. Para saber suas características, recomenda-se olhar no estatuto da companhia.

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