Engana-se quem pensa que a renda fixa está morta. Alguns títulos do Tesouro Direto chegaram ao final de 2020 mostrando que o rendimento pode ser muito bom — e chegar a quase 9%.
Foi o que aconteceu com o Tesouro IPCA+ 2024. O rendimento alcançou 8,83% ao ano, o mais alto dentre os títulos atualmente comercializados nessa categoria.
Veja a rentabilidade acumulada até o dia 29 de dezembro dos outros papéis emitidos pelo governo federal:
- Tesouro IPCA+ 2026 com pagamento de juros semestrais: 8,73%;
- Tesouro Prefixado 2025 com pagamento de juros semestrais: 8,64%;
- Tesouro IPCA+ 2024 com pagamento de juros semestrais: 8,48%;
- Tesouro Prefixado 2023: 8,48%;
- Tesouro Prefixado 2025: 8,1%;
- Tesouro Prefixado 2023 com pagamento de juros semestrais: 7,95%;
- Tesouro Prefixado 2027 com pagamento de juros semestrais: 7,77%;
- Tesouro Prefixado 2022: 7,69%;
- Tesouro IPCA+ 2035 com pagamento de juros semestrais: 7,18%;
- Tesouro Prefixado 2029 com pagamento de juros semestrais: 6,91%;
- Tesouro IPCA+ 2035: 6,01%;
- Tesouro IPCA+ 2045: 4,69%;
- Tesouro Prefixado 2021: 4,57%;
- Tesouro Prefixado 2021 com pagamento de juros semestrais: 4,48%;
- Tesouro Selic 2021: 2,76%;
- Tesouro Selic 2023: 2,54%;
- Tesouro Selic 2025: 2,21%;
- Tesouro IPCA+ 2045 com pagamento de juros semestrais: 2,06%;
- Tesouro IPCA+ 2050 com pagamento de juros semestrais: 1,24%.
Além desses títulos do Tesouro Direto, dois deles tiveram um rendimento melhor. No entanto, eles já não são comercializados.
Portanto, o ganho valeu somente para quem ainda os tem na carteira. Eles são:
- Tesouro IGPM+ 2021 com pagamento de juros semestrais: 23,64%;
- Tesouro IGPM+ 2031 com pagamento de juros semestrais: 21,62%.
Análise do rendimento do Tesouro Direto
Os títulos indexados pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGPM) tiveram uma remuneração maior devido ao resultado desse indicador.
No ano, o acumulado foi de 23,14%, conforme dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Normalmente, o IGPM é utilizado como base para a correção de valores contratuais, especialmente o de aluguel de imóveis.
Dentre os títulos comercializados, os melhores rendimentos foram do Tesouro IPCA+ e do Prefixado. No dia 22 de dezembro, o IBGE divulgou que a prévia da inflação tinha fechado 2020 em 4,23%.
Por isso, o Tesouro IPCA+ 2045 e 2050 com pagamento de juros semestrais registraram rendimento negativo. O motivo foram as perdas do começo do ano.
No caso do Tesouro Prefixado, os ganhos foram derivados dos contratos fechados antes da crise. Assim, eles mantiveram a remuneração acordada.
Informações de especialistas
Apesar das incertezas do mercado e da taxa Selic em baixa, houve quem alcançou uma alta remuneração para o ano.
Ainda assim, a escolha entre títulos pré e pós-fixados foi difícil. O economista André Perfeito destacou à Exame que a dúvida ocorreu pela própria natureza dos papéis do Tesouro Direto.
Segundo ele, os prefixados são impactados pela mudança nas perspectivas sobre a taxa futura esperada. Por sua vez, os pós-fixados rendem de forma contínua e seguram a taxa básica de juros.
Além disso, o Tesouro Prefixado poderia ser afetado a qualquer momento do ano. A queda significativa poderia vir devido à perspectiva de aumento dos juros, o que não ocorreu.
Como o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em baixa — terminando o ano em 2% —, isso fez a curva de juros ceder e aumentar o retorno desses investidores.
Em relação ao Tesouro Selic, que é o mais conservador do mercado, houve queda. A rentabilidade chegou a ser negativa, com retorno real abaixo de zero devido à inflação.
Para 2021, o rendimento do Tesouro Direto deve permanecer igual nos primeiros meses. Depois é preciso ver como será praticada a política fiscal do Banco Central.
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