Alta e queda do dólar: Entenda como funciona o mercado de câmbio e como isso afeta o seu bolso

Segundo especialistas, alta e queda do dólar em relação ao real pode ser influenciada por diversos fatores, como contexto político e a quantidade de brasileiros viajando para os Estados Unidos, por exemplo.

Escrito por Rafaela Souza

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Nas últimas semanas, o dólar tem fechado em alta em relação ao real, chegando a R$ 5,22 nesta quarta-feira (15). No entanto, como tem acontecido nos últimos anos, a moeda norte-americana é conhecida por suas oscilações ao longo do dia: às vezes sobe demais pela manhã e depois cai com intensidade, por exemplo.

Essa oscilação no mercado de câmbio pode ser explicada por alguns fatores ligados a oferta e demanda do dólar no Brasil. Além disso, a queda ou a alta da moeda norte-americana também pode influenciar a vida dos brasileiros.

Para explicar sobre esse tema e entender os impactos do dólar na economia brasileira, o iDinheiro conversou com dois especialistas em economia e traz os principais pontos relacionados à alta e à queda do dólar.

Entenda como funciona o mercado de câmbio no Brasil

Para entender esse contexto, o economista e sócio da Nomos, Alexsandro Nishimura, explica que a referência no mercado cambial, no Brasil, é o dólar em relação ao real. Dessa forma, quando falamos em alta ou queda da moeda norte-americana, estamos falando em relação à nossa moeda, o real.

“Portanto, queda do dólar ocorre quando a divisa dos EUA passa a valer menos em relação ao real, ou seja, precisamos de menos reais para comprar um dólar. Por exemplo, se o dólar caiu de R$ 5,50 para R$ 5,10. O contrário, quando o dólar sobe, precisamos de mais reais para comprar a moeda norte-americana”, exemplifica.

Nesse sentido, o mercado de câmbio no Brasil funciona em um regime chamado câmbio flutuante, o que significa que ele não tem intervenção do mercado, como acrescenta o especialista em finanças pessoais e investimentos Renan Diego:

“O câmbio flutuante significa que não tem intervenção política para elevar o preço do dólar ou diminuir. Então, em relação à cotação do dólar, é livre para subir em relação à oferta e demanda”.

O que influencia a alta ou a queda do dólar?

Renan também pontua que a oferta e demanda é o que mais influencia a alta ou a queda do dólar em relação ao real. Ou seja, se aumenta a procura por dólar porque muitas pessoas estão realizando operações de troca de real por dólar, por exemplo, o preço do dólar tende a subir.

Em relação ao que influencia essa oferta e demanda, o especialista traz alguns pontos que já aconteceram e que impactaram no dólar no Brasil, como caso de corrupção e outros contextos políticos:

“Quando tem movimentos políticos desfavoráveis e os investidores de fora não estão vendo com bons olhos, por exemplo. Então, às vezes, quando tem um pronunciamento político mostrando para que lado o Brasil vai e que está na contra mão do que ‘a economia mundial está indo’, isso tudo também faz o dólar subir ou descer”, explica.

De acordo com Renan, outro ponto que também tem influência são os gastos dos turistas brasileiros, ou seja, quando uma pessoa compra dólar para viajar para os Estados Unidos, por exemplo, e troca real por dólar:

“Assim, naturalmente a gente vende o real para comprar o dólar e isso faz o dólar subir, porque tem uma diminuição da quantidade de dólar na reserva do Brasil. Então esse é outro motivo, quando tem muitos brasileiros indo para os Estados Unidos, o dólar tende a subir um pouco também“, avalia.

Para além disso, o economista Alexsandro reitera que outros fatores que também influenciam a taxa de câmbio são as taxas de juros interna e externa, atividade econômica e até mesmo questões políticas ou geopolíticas.

“Por exemplo, na semana passada houve um momento em que se projetou o encerramento do ciclo de alta dos juros nos EUA ao mesmo tempo em que por aqui houve o movimento contrário, com possibilidade de novos aumentos da Selic. Isto aumentaria o diferencial de juros, atraindo capital para o Brasil, ou seja, maior oferta de dólares, que tenderia a se desvalorizar em relação ao real”, complementa.

Impactos da alta ou da queda do dólar no bolso dos brasileiros

De acordo com o especialista Renan, como quase todos produtos chegam ao Brasil por meio de importação ou, mesmo quando um produto é fabricado aqui, alguma peça é importada, a alta do dólar pode impactar em muitos produtos.

“Se o dólar está alto, por exemplo, e precisamos de peças pagas em dólar, precisamos do material ou até mesmo do produto e si, naturalmente isso impacta o consumidor final”, explica.

Isso acontece com diversos produtos. O especialista cita, por exemplo, os carros, que têm peças importadas e, portanto, o aumento do dólar é repassado para quem compra o carro.

Outro exemplo é o pão e demais produtos que precisam de trigo. Como a maioria do trigo utilizado no Brasil é importado, um aumento no preço do trigo por causa da valorização do dólar em relação ao real também impacta o preço para o consumidor final.

“Outro exemplo clássico são os eletrônicos. A maioria dos eletrônicos já vem pronto para o Brasil, e quando vem de fora a moeda principal é o dólar. Então, se o dólar aumenta, os produtos eletrônicos também ficam mais caros. Assim, os produtos que são importados para o Brasil vão ter um aumento porque o dólar aumentou e naturalmente vai ser repassado para o consumidor final“.

Por fim, o especialista destaca o preço da gasolina que varia de acordo com o preço do barril do petróleo, que também tem seu preço cotado em dólar.

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Alta e queda do dólar na prática

Produtos como eletrônicos (celulares, computadores), pão e outros derivados de trigo, automóveis e até mesmo a gasolina podem ter o preço impactado pela alta ou pela queda do dólar. No entanto, vale ressaltar que o efeito para o bolso não é imediato e só será sentido de fato se o dólar se mantiver nesse patamar por algum tempo. 

Expectativas sobre o dólar em 2023

Sobre uma possível projeção sobre o preço do dólar ao longo de 2023, os especialistas ressaltam que é um pouco difícil fazer previsões no contexto brasileiro atual, com mudança de governo.

“As projeções apontam para uma relação R$/US$ 5,30 para o final de 2023, nível ainda descolado do que sugerem os fundamentos econômicos, com modelos apontando que a taxa poderia estar entre R$/US$ 4,50 e R$/US$ 4,85”, avalia o economista Alexsandro.

Já de acordo com Renan, apesar de ser mais difícil de prever sobre o cenário do dólar no momento atual, um indício que ajuda a fazer alguma previsão sobre o dólar em 2023 vem do comunicado do Banco Central (BC), feito após a última Reunião do Copom:

“O BC já avisou, na última decisão em que ele trouxe que a taxa básica de juros, a Selic, que se manteve em 13,75% ao ano, ele falou que estamos em um momento de incerteza fiscal elevada. Então, isso é um ponto que mostra que se a Selic está alta, o dólar tende a aumentar também“, explica.

Outro ponto destacado pelo especialista é o Boletim Focus, também do BC, que resume as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação.

Segundo o Boletim, o dólar deve ficar no mesmo patamar de 2022, com uma previsão de R$ 5,27 em 2023. Em 2022, o dólar ficou em R$ 5,28.

Se for para fazer alguma previsão, o dólar deve se manter nas alturas ainda esse ano, principalmente porque o governo ainda não mostrou como as contas serão balanceadas. Então, o mercado ainda está esperando cada decisão do governo para tomar decisão se vão deixar o dinheiro no Brasil, se vão tirar e levar para fora, o que faz o dólar aumentar mais, por exemplo, ou se vai trazer mais dinheiro, o que faz o dólar diminuir”, completa.

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