O corte no auxílio emergencial já levou de volta à pobreza cerca de 7 milhões de pessoas. Com o benefício passando a valer R$ 300 e não mais R$ 600, esse foi o contingente de pessoas que passou a viver com menos de R$ 5,50 por dia.
No entanto, o número deve aumentar consideravelmente a partir do ano que vem, quando o auxílio deixará de ser pago pelo governo federal. Para o ano que vem, as estimativas apontam para 17 milhões as pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Isso significa que 26,2% dos brasileiros estarão nessa situação em poucos meses.
Em setembro deste ano, por conta do pagamento do auxílio emergencial, esse percentual era de 18,3%, o menor na década. Anteriormente, em 2019, eram 25,2% dos brasileiros.
Os dados são do pesquisador da FGV, Vinicius Botelho, que calculou o impacto do corte no auxílio emergencial em todas as linhas de pobreza.
Corte no auxílio emergencial será sentido até janeiro
Dentre as famílias cuja renda é de até US$ 1 por dia, cerca de 6,5 milhões ultrapassaram esse rendimento durante o período em que receberam o auxílio.
Logo após o corte no auxílio emergencial, 800 mil pessoas nessa faixa já voltaram para o patamar da extrema pobreza. E a estimativa é que mais 8 milhões voltem a engrossar esse contingente com o fim do benefício.
Em termos percentuais, a parcela da população que vive com menos de US$ 1 caiu de 4,3% para 1,2% entre setembro de 2019 e setembro de 2020. Em outubro, essa fatia foi para 1,6% e, até o próximo ano deve saltar para 5,3%.
De acordo com o pesquisador Vinicius Botelho, o impacto em outubro foi menor que o esperado. Afinal, algumas famílias continuaram a receber o valor de R$ 600. Em outras palavras, os beneficiários devem sentir os efeitos do corte no auxílio emergencial até janeiro. Mas o principal desafio é o que fazer depois que o benefício for extinto.
“Evitar a piora das taxas de pobreza em 2021 requererá uma reformulação da rede de proteção social vigente”, afirma o professor.
Programa de Responsabilidade Social
Um projeto de lei apresentado por Botelho e outros quatro pesquisadores em setembro tramita no Congresso Nacional. De acordo com ele, o objetivo é aprimorar essa rede de proteção social por meio de uma emenda à Constituição.
O governo federal deve fechar o ano com gastos de R$ 580 bilhões com políticas públicas para combater os efeitos econômicos da pandemia, sendo R$ 322 milhões somente para o auxílio emergencial.
Para efeito de comparação, o Orçamento de 2020 previa gastos de R$ 92,4 bilhões com políticas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
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