Existem conceitos importantes na economia que todo investidor precisa ter conhecimento. Inflação é um deles e hoje vou aprofundar mais sobre este assunto, que tanto ouvimos a respeito, mas que, muitas vezes, não sabemos exatamente qual o impacto nos investimentos.
Quem era criança nos anos 1980 talvez não se lembre exatamente do período da grande inflação que vivemos aqui no Brasil, onde os preços dos produtos eram ajustados diversas vezes ao longo do dia. Na época, a média da inflação anual era de quase 70% e em 1985 chegou ao ápice, registrando 235% ao ano. Alguns dos motivos para a hiperinflação foram a expansão monetária e a crise do petróleo, ocorridas durante a ditadura militar brasileira (1964 a 1985).
Mas por que, para o investidor, é importante ter conhecimento do conceito de inflação?
Primeiro porque a inflação está diretamente relacionada aos ganhos reais do investidor. Não adianta nada ter um rendimento de 10% ao ano em um investimento se o IPCA foi de 15% ao ano, como aconteceu em 2016, quando batemos nos 14% de inflação. Quando isso acontece, significa que seu poder de compra diminuiu.
Por isso, é fundamental que o investidor esteja sempre atento ao rendimento real, que nada mais é do que seu rendimento, menos a inflação do período.
Em segundo lugar, o investidor precisa se atentar também à inflação na hora de escolher as empresas e os setores em que vai colocar seu dinheiro. Isso porque existem alguns setores nos quais é possível se proteger mais ou menos da inflação. Explico: tem setores e empresas que conseguem repassar mais os preços ao consumidor final e tem setores e empresas que estão em um ambiente mais competitivo e não conseguem repassar os preços tanto assim. Empresas do setor de proteínas animais, como a JBS (JBSS3), por exemplo, conseguem repassar tranquilamente a inflação em seus produtos e, por isso, são mais seguras neste ponto.
Outra alternativa para quem quer se proteger da inflação alta é investir em geografias que tenham um governo responsável historicamente, onde é sabido que a moeda local vai ter o poder de compra estável, o que significa que a inflação neste país não vai subir de maneira expressiva no curto prazo. Estados Unidos, Inglaterra, Suíça, Japão são alguns dos países que conseguem manter a inflação baixa, por isso, é interessante considerar investir no exterior.
Investir em imóveis também é uma forma de se proteger da inflação por alguns motivos. O imóvel sempre vai ter uma utilidade final: no pior dos casos, em uma grande crise, você ainda tem aquele imóvel para vender, para alugar ou até mesmo para morar. Historicamente, sempre foi um investimento de pouco risco, que tem momentos melhores e piores, mas, no geral, são estáveis e é por isso que as pessoas sentem mais segurança em investir neste segmento.
Mas, vale lembrar que hoje, ser proprietário de diversos imóveis não é o investimento mais recomendado, já que envolve custos de manutenção, impostos e administração muito grandes. Quem gosta de imóveis, pode investir em Fundos Imobiliários e Certificados de Recebíveis Imobiliários, por exemplo, que contam com contratos reajustados pela inflação.
Saber como a inflação afeta seus investimentos é fundamental para fazer escolhas conscientes e ajustes necessários na sua carteira e, assim, ficar protegido em tempos de incertezas.