O auxílio emergencial foi a única renda de aproximadamente 3,25 milhões de famílias brasileiras em outubro de 2020, aponta uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Esse número representa 4,76% de todos os domicílios brasileiros. Além disso, 27,86% das famílias não tiveram nenhuma renda proveniente de trabalho.
Na comparação com setembro, no entanto, houve uma queda substancial no número de pessoas que dependem exclusivamente do benefício. Entre setembro e outubro, de acordo com a pesquisa, houve uma diminuição de 1 milhão de famílias que não tinham outra renda que não o auxílio.
Essa diminuição entre setembro e outubro representa uma queda de 1,25%. Ainda de acordo com o Ipea, trata-se da baixa mais substancial desde junho.
A proporção das famílias que vivem exclusivamente do auxílio emergencial subiu de maneira significativa no Nordeste e em alguns estados do Norte.
No Amapá, por exemplo, 11,38% das famílias viveram apenas do benefício em outubro. No Maranhão e no Piauí essa proporção também foi superior a 10%. Do outro lado da tabela, em Santa Catarina esse número foi de apenas 1,72% e, no Paraná, de 2,23%.
O governo ainda não apresentou nenhuma proposta de programa social substituto ao auxílio emergencial, que chega ao fim neste mês de dezembro. Apesar disso, essa conversa é antiga no Ministério da Economia e no Palácio do Planalto.
Rendimento médio das famílias
Em outubro, o rendimento médio da população brasileira correspondeu a 92,8% da renda média habitual.
A renda média habitual do brasileiro é de R$ 2.345, enquanto o efetivamente recebido pela população em outubro foi de R$ 2.175 – uma alta de 2,2% na comparação com setembro.
Na divisão por categorias, o Ipea mostrou que os mais atingidos pela pandemia foram os autônomos, que tiveram renda média correspondente a 83,2% do habitual. Em seguida, vieram os empregadores, com 89,5%.
Por outro lado, os trabalhadores informais do setor público foram os menos impactados, com 98,6% da renda habitual. Em seguida, aparecem os militares e estatutários (98,5%) e os empregados do setor público contratados via CLT (97,9%).
Por fim, no meio da tabela, estão os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada (90,7%) e os formais com carteira assinada (96,4%).
Auxílio emergencial foi a única renda; veja o impacto
Graças ao pagamento do auxílio emergencial, a renda domiciliar média ficou 3% acima do que seria obtida apenas com os rendimentos de trabalho.
Como já era esperado, esse impacto foi mais presente entre as famílias de baixa renda, em que o aumento da renda média teve uma alta de 22% na comparação com o habitual.
O aumento da renda provocado pelo auxílio, no entanto, caiu R$ 100 entre setembro e outubro, indo de R$ 392 para R$ 292. Ainda assim, a renda média total domiciliar caiu 1,8% em outubro; entre as famílias de renda muito baixa, a retração foi de 6,8%.
A pesquisa foi realizada pelo Ipea a partir dos dados da Pnad-Covid, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contou com apoio do Ministério da Saúde.
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