Depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciar a troca do comando da estatal na última sexta-feira, 19, as gestoras de investimentos já recomenda a venda de ações da Petrobras.
Uma das preocupações do mercado é saber se a intervenção de Bolsonaro se limitará à petroleira ou poderá afetar outros setores. Nesta segunda-feira, as ações da Petrobras já caíram mais de 20% e estatais como Eletrobras e Banco do Brasil também operam em queda.
Com informações da Exame.
Corretora XP recomenda venda de ações da Petrobras mirando um valor de R$ 24 por cada uma
Em relatório divulgado no domingo, 22, a corretora XP informou que, a partir de agora, recomenda a venda dos papéis da Petrobras, mirando um valor de R$ 24 por ação.
Na sexta-feira, 19, as ações ordinárias (PETR4) da estatal fecharam o pregão valendo R$ 27,33. Já as ações preferenciais (PETR3) encerraram os negócios a R$ 27,10.
“Vemos esse anúncio (de mudança no comando da estatal) como uma sinalização negativa, tanto de uma perspectiva de governança, dados os riscos para a independência de gestão da Petrobras, como também por implicar riscos de que a companhia continue a praticar uma política de preços de combustíveis em linha com referências internacionais de preços, ou seja, que reflitam as variações dos preços de petróleo e câmbio”, explicaram os analistas que acompanham os setores de Energia e Petróleo & Gás, Gabriel Francisco e Maira Maldonado.
Nessa mesma data, o Bradesco BBI também divulgou relatório rebaixando a recomendação dos papéis da Petrobras.
Mudança de comando da estatal pegou o mercado de surpresa
A mudança de comando da estatal pegou o mercado de surpresa. Na sexta-feira, 19, Bolsonaro usou uma rede social para anunciar a indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor-geral da Itaipu Binacional e ex-ministro da Defesa no governo Michel Temer (MDB), para substituir Roberto Castello Branco. A Petrobras não tinha um presidente militar desde 1988.
Os papéis negociados no exterior chegaram a cair 15% depois da divulgação dessa nota.
O presidente vinha dizendo a interlocutores que Castello Branco é “insensível” e tem uma gestão voltada exclusivamente a dar lucros para os acionistas privados. Além de lembrar que a estatal é monopolista no segmento de refino, afirmou que não estava sendo transparente na sua política de preços.
Para economista, BC deve iniciar ciclo de aumento da Selic já em março
Para o economista e sócio da gestora Necton Investimentos, André Perfeito, a decisão de Bolsonaro vai aumentar o nervosismo nos mercados financeiros, o que deverá fazer com que o Banco Central (BC) inicie, já em março, um ciclo de aumento da taxa básica de juros, a Selic.
“Objetivamente podemos supor que a elevação do risco irá pavimentar o início do ciclo de alta da Selic na reunião de março. Já víamos bons motivos para o início do movimento de correção da Selic; o que aconteceu na sexta apenas reforça as tendências observadas”, disse em documento divulgado ontem, acrescentando que sua estimativa é que a Selic encerre 2021 em 4% ao ano.
Na opinião do economista-chefe da XP, Caio Megale, se a intervenção do Palácio do Planalto ultrapassar os limites da Petrobras, o BC terá que acelerar o processo de aperto dos juros. Com isso, a taxa de câmbio poderá encerrar o ano entre R$ 5,80 a R$ 6,00.
Para ler a matéria da Exame na íntegra, clique aqui.
Quer acompanhar as notícias sobre a recomendação de venda de ações da Petrobras? Então, assine a newsletter do iDinheiro.