Taxa Selic: redução excessiva é boa para o Brasil? Entenda!

O Copom gerou uma redução excessiva da taxa Selic e isso trouxe impactos para a economia. Entenda por que e como o cenário deve ficar.

Escrito por Fabíola Thibes

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Com a redução excessiva da taxa Selic, que está em 2% ao ano, a perspectiva para o Brasil é que os juros aumentem em 2021. A própria projeção do Banco Central, segundo boletim Focus, é de uma alta para 3,4%.

Ainda assim, a redução acima do normal pode estar causando problemas ao Brasil. É o que defende o chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre–FGV, José Júlio Senna.

Em entrevista ao Valor Econômico, ele destaca que um movimento repentino para cima ou para baixo pode ser prejudicial para o mercado e impactar a política monetária. Entenda mais.

Inclinação da curva de juros com a redução excessiva da taxa Selic

Todo país precisa cuidar do chamado risco fiscal. Esse é o índice que determina a capacidade do governo honrar as dívidas assumidas no curto, médio e longo prazo.

O indicador é determinado pela variação entre os juros de curto e as taxas de longo prazo. No entanto, o Brasil também sofre influência da Selic.

Segundo o economista, a taxa é um dos fatores que leva à inclinação da curva de juros. A razão é a redução artificial da Selic, promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

O órgão é o responsável por analisar as condições e determinar os juros cobrados a cada 45 dias. No entanto, a inclinação da curva de juros parece atrapalhar a política monetária.

“Será que parte da inclinação da curva tem a ver com o fato de a Selic ter ido muito longe para baixo? Essa é uma das explicações”, afirma Senna.

Para o economista, a experiência mostra que os juros de longo prazo acompanham os movimentos da política monetária. Portanto, uma diferença brusca ou excessiva prejudica os resultados.

Fenômeno da arbitragem

Senna ainda ressalta que o equilíbrio entre as curvas curtas e longas é garantido pela arbitragem. Esse movimento ocorre nos dois sentidos e é como uma reação em cadeia.

Em outras palavras, uma redução excessiva da taxa Selic faz os investidores tomarem uma de duas decisões:

  • tirarem investimentos do Brasil devido à queda na remuneração;
  • alongarem o prazo das aplicações financeiras para receberem um retorno maior no longo prazo.

Com esse direcionamento, os investidores forçam o movimento contrário ao esperado pelo Copom. Portanto, há um desequilíbrio.

Nesse cenário, o economista ressalta que “esse spread — diferença entre os juros pagos aos investidores e cobrados de quem empresta — se altera. E um movimento excessivo pode exacerbar ainda mais essa diferença”.

Redução excessiva da taxa Selic: perspectivas para o longo prazo

Com esse desarranjo econômico, será necessário mudar a política monetária e diminuir os juros de longo prazo, diz o especialista. Assim, o spread sofre o efeito inverso. Ou seja, aumenta.

Na explicação de Senna, “o spread é muito sensível à política monetária e isso recomenda que se evite movimentos bruscos e excessivos. (…) Reduções excessivas de juros básicos podem inclinar a curva demais”.

Como isso afeta a sua vida? Depois de toda essa explicação técnica, chega o momento de entender a alteração na prática.

A Selic é a taxa básica de juros da economia, que define as alíquotas usadas nas mais diferentes operações financeiras. Entre elas estão empréstimos e financiamentos.

Com a Selic reduzida, fica mais barato contratar esse dinheiro extra. Por outro lado, a inflação está em alta.

Conforme previsões do mercado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar em 3,34% ao ano em 2021. No mesmo período, a taxa Selic deverá chegar a 3,13% ao ano.

Como você pode perceber, a inflação está mais alta do que a Selic. Portanto, quem investe tem uma remuneração negativa.

Ou seja, o dinheiro que recebe como lucro nem chega a compensar as perdas obtidas com a inflação. Com essa redução excessiva da taxa Selic, Senna acredita que o contexto deve se manter até a primeira metade de 2021, no mínimo.

Ainda assim, ele diz que não critica a atuação do Banco Central. Segundo ele, era uma decisão difícil determinar a taxa básica de juros diante das incertezas econômicas geradas pela pandemia.

Exemplo de arbitragem

Uma situação semelhante à atual ocorreu entre 2011 e 2014. Na época, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reduziu a taxa básica de juros de forma repentina para 7,25% ao ano.

Devido à surpresa, o mercado entendeu que o cenário era insustentável. Em 2015, as condições foram ajustadas, mas os juros ficaram muito elevados e o spread se tornou negativo.

No caso de 2020, o juro real da política monetária se igualou a zero ainda em maio. Portanto, isso afetou de maneira significativa o retorno obtido no Tesouro Direto, especialmente o Tesouro IPCA+ com juros semestrais.

Essa situação deve mudar, mas ainda vai demorar. Portanto, o Brasil ainda deve demorar para se recuperar da redução excessiva da taxa Selic.

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