Taxa Selic sofre aumento e fecha ano em 9,25%; entenda os impactos

A taxa Selic sofreu um aumento pela sétima vez consecutiva e fecha o ano em 9,25%. Veja os impactos do aumento e expectativas para 2022.

Escrito por Júlia Ennes

Por que confiar no iDinheiro?

Responsabilidade editorial: Nosso editores são especialistas nas áreas e isentos nas avaliações e informações. Nosso objetivo é democratizar e simplificar o acesso a produtos e serviços financeiros sem viés. Conheça nosso código editorial.

Como ganhamos dinheiro?

Podemos ser comissionados pela divulgação e cliques nos parceiros. Isso também pode influenciar como alguns produtos aparecem na página, sempre com a devida identificação. Entenda como o site ganha dinheiro.

Política de Cookies: Nosso site utiliza cookies para estatísticas gerais do site e rastreamento de comissões de forma anônima. Nenhum dado pessoal é coletado sem seu consentimento. Conheça nossa política de privacidade.


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a 9,25% ao ano a taxa Selic, uma alta de 1,5%. Este é o sétimo aumento consecutivo da taxa, que já deu um salto de 5,75% desde março deste ano. O aumento da taxa Selic é uma tentativa do BC de conter a escalada na inflação, que já acumula alta de 10,67% em doze meses até novembro. 

O comunicado divulgado pelo Copom veio mais duro que o habitual com notável preocupação com a trajetória inflacionária, que tem se mostrado mais persistente do que o esperado. A expectativa do mercado financeiro é que a inflação deva encerrar o ano em 10,18%. No entanto, o Comitê decidiu por perseverar em sua estratégia e ainda prevê outro ajuste da mesma magnitude para a próxima reunião.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em nota, afirmou que considera equivocada a decisão do Copom de aumentar novamente a taxa básica de juros em 1,5%. A instituição avalia que um aumento menos intenso da Selic seria o mais correto a ser feito diante do cenário econômico atual. 

“Um aumento menos intenso da Selic, em conjunto com as elevações anteriores, já seria mais que suficiente para levar a inflação até a meta, sem que o Banco Central aumentasse a probabilidade de recessão”, avalia o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, na nota.

O impacto do aumento da taxa Selic

Segundo o advogado e economista Alessandro Azzoni, o instrumento de política monetária, como a taxa de juros, é usado quando se tem uma inflação de demanda. Este tipo de inflação é resultado de um excesso de consumidores com dinheiro na mão, indo diretamente para o consumo e não tendo produtos suficientes, o que faz o preço subir. No entanto, o advogado explica que esse não é o caso do Brasil atualmente

“O problema que estamos tendo hoje é que nossa inflação é de custo. Tivemos aumento do combustível, que impactou no preço dos fretes de toda a cadeia produtiva, tanto da matéria prima que vai para as indústrias, quanto das empresas que vão para os consumidores. Além disso, nós tivemos também um encarecimento da energia elétrica que também impactou as linhas de produção”, explica Azzoni.

De acordo com levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, a conta de energia representava, em 2019, 15% dos custos operacionais das micro e pequenas empresas. Mas, desde 2020, o gasto já passou a ser a principal despesa para 28% dos pequenos empreendedores.

Para Azzoni a única forma de controlar a inflação seria através dos preços controláveis. No entanto, o advogado explica que o governo atual não faz intervenções por ter uma linha econômica liberal. Essa postura teria sido o que atraiu investidores estrangeiros no início do mandato com o ministro Paulo Guedes. 

“A única forma de controlar a inflação é através dos preços controláveis. Não é uma inflação por demanda. As empresas já estão com déficit de crescimento. Então, o aumento da taxa de juro só vai tirar uma fatia [da população] que precisava estar no consumo. Isso acaba acelerando a crise”, avalia.

Leia também: Política de preços da Petrobras: entenda como funciona e quais os impactos no seu bolso

Aumento da Selic em cenário de recessão técnica

Além do cenário de alta das taxas de juros, o Brasil entrou em recessão técnica após o segundo trimestre consecutivo de recuo do  Produto Interno Bruto (PIB). Especialistas ainda divergem a respeito dos riscos do país entrar em recessão de fato. 

Alessandro Azzoni avalia que recessão técnica deve frear a economia no começo do ano de 2022. O advogado e economista aponta ainda para um risco de piora com o aumento da taxa Selic. “O objetivo é frear a inflação, mas, a meu ver, o risco de recessão aumenta com juros como estes, que desestimulam o investimento no Brasil”, adverte Azzoni.

No entanto, segundo ele, as grandes empresas, principalmente os conglomerados, estão capitalizadas e devem continuar investindo para correr atrás do prejuízo de 2020. 

“Não acredito que a recessão técnica vai perdurar. As projeções do Banco Central dizem em reduzir as taxas Selic novamente. Mas, o aumento vem em um momento de início de ano que você tem que ter estima. Então, vamos ter pessoas recebendo o 13º e quitando suas dívidas e pessoas poupando, não indo para o consumo. Então, isso freia aquela escalada de recuperação esperada para o Natal”, avalia o economista. 

A projeção do PIB ao final do ano recuou para 4,71% e está próximo de zero em 2022, em 0,51%. O ritmo de crescimento deve se manter baixo até 2021, com leve retomada em 2024, de acordo com o Boletim Focus.

Preocupação com risco fiscal

No comunicado, que informou sobre o último aumento da taxa Selic, o Copom também demonstrou uma preocupação em relação ao risco fiscal. “Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mantendo a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico”, diz o comunicado.

Recentes posturas do governo federal vem preocupando especialistas que apontam o risco de irresponsabilidade fiscal. A possibilidade de furar o teto de gastos, levantada pelo ministro da economia Paulo Guedes, e a manobra da PEC dos Precatórios, fizeram o mercado apontar para o “fim do ministro liberal”. 

Na última quarta-feira, 8, o Congresso Nacional aprovou parte da PEC dos Precatórios, que muda a regra do teto de gastos. O governo vem defendendo a PEC por considerá-la fundamental para o pagamento do programa Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. 

Saiba mais sobre a taxa Selic

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Desta forma, é com base nela que outras taxas são definidas, como as usadas para empréstimos, financiamentos e até os rendimentos de alguns investimentos. 

O cálculo da Selic é feito com base em inúmeros fatores econômicos. O responsável pelos ajustes da taxa é o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM), que se reúne a cada 45 dias para fixar um valor para a Selic. Este número é denominado de Selic Meta ou Meta Selic e pode aumentar, diminuir ou se manter estável. 

Esta foi a última reunião do Copom no ano de 2021. A próxima ocorrerá nos dias 1 e 2 de fevereiro do ano que vem.

Quer continuar acompanhando as notícias que impactam o seu bolso? Então, não deixe de assinar a newsletter do iDinheiro e ativar as notificações push. Se inscreva, também, no nosso canal do Telegram para receber todas as novidades.

  1. Alik Darley

    O aumento da energia elétrica é um absurdo, haja visto que o país tem dezenas de reservatórios, barragens e hidrelétricas capazes de produzir energia o suficiente para todos a um preço acessível.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Participe das comunidades do iDinheiro no Whatsapp