O que é a recessão técnica enfrentada pelo Brasil? Saiba o que significa e quais os riscos

Brasil entra em recessão técnica após segundo trimestre de queda do PIB. Saiba o que isso significa e quais são as expectativas para o futuro, segundo especialistas.

Escrito por Júlia Ennes

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O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil recuou 0,1% de julho a setembro, segundo o balanço divulgado pelo IBGE. O dado coloca o Brasil em recessão técnica, uma vez que este foi o segundo trimestre consecutivo de queda – entre abril e junho o recuo foi de 0,4%. Mas o que estar em recessão técnica significa?

Recessão técnica é uma constatação econômica que serve de alerta de que a economia não está crescendo. O professor de economia do Ibmec São Paulo Walter Franco explica que esse cenário se difere de uma recessão econômica propriamente dita, por se concentrar apenas no desenvolvimento do PIB.

Já em um cenário de recessão de fato, o país conta outros fatores como a alta no desemprego, queda da produção junto com o consumo e altos índices de desemprego e falência. “Quando se fala de recessão de fato há uma queda do PIB e uma série de outros fatores negativos sobre a economia. Já a recessão técnica é apenas uma constatação de um período em que há dois trimestre seguidos sem crescimento econômico”, explica Franco.

Especialistas divergem a respeito dos riscos do país entrar em recessão de fato. Alguns apostam em uma pequena alta do PIB no próximo ano, outros veem uma continuidade da estagnação e há ainda quem aposte sim na recessão.

Recessão técnica: existe risco do Brasil entrar em recessão de fato?

Ainda segundo Walter Franco, o Brasil passa por uma crise menos estrutural, reflexo da instabilidade causada pela pandemia da Covid-19 e avalia que o Brasil não corre risco de entrar em um cenário de recessão mais grave. Além disso, ele afirma que a economia brasileira está passando por um momento de adaptação e de retomada.

“Quando se tem uma pandemia, que já se arrasta por quase dois anos, com uma série de problemas no combate ao vírus e no processo de vacinação, é muito difícil para qualquer país voltar a um crescimento econômico sustentável a longo prazo ou linear. O Brasil hoje, como muitas outras nações do mundo, passa por um momento de incerteza – não são só internas, mas também influenciadas pelos mercados internacionais”, afirma.  

Já o coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília, Márcio Coimbra, afirma que o cenário que vem se desenhando no país não é nada animador. Segundo ele, o Brasil corre sim risco de entrar em recessão de fato.

“Juro alto, queda do PIB, diminuição da atividade econômica, desemprego em níveis estratosféricos e com grande parte da população desalentada – porque a gente fala de desemprego, são as pessoas que somente perderam o emprego e estão procurando, mas existem aqueles que nem procuram mais, que são os desalentados, e que maior que o número de desempregados. Então, o Brasil está numa situação muito difícil e tudo indica que essa recessão técnica se torne uma recessão de fato”, avalia Coimbra.

Um relatório produzido pelo Banco Inter S.A espera estabilidade do PIB no último trimestre de 2021, e crescimento de 4,8% no ano. Mas aponta que o cenário de incerteza deve continuar em 2022, devido ao impacto de novas variantes da Covid-19.

Crescimento em V

O ministro da economia, Paulo Guedes, vem falando de um “crescimento em V” da economia. De acordo com ele, os índices econômicos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representam esse momento de retomada da economia nacional.

“Recuperação em V se refere ao nível do PIB. Ele caiu lá embaixo, em 4%, e já voltou. Os programas de preservação do emprego e da atividade econômica, expansão de crédito, já funcionaram. A recuperação cíclica já aconteceu, nós já estamos de volta, já acabou o V. (…) Saímos do fundo do poço e a economia está em pé de novo”, afirmou Guedes, durante sua palestra no Encontro Nacional da Indústria Química (Enaiq).

No entanto, Márcio Coimbra diz que falar em crescimento em V é apenas uma tentativa do ministro de animar o mercado. Segundo ele, não há sinal de retomada da economia. “Nada indica uma retomada em V, e nem mesmo que exista uma retomada. O Brasil está muito mais em uma situação que seria um L. Ou seja, desceu a economia até determinado ponto e ela estagnou em linha reta. Não há sinais de retomada.”, afirma.

Walter Franco também pondera que ainda é cedo para falar com certeza desse crescimento acentuado. Segundo ele, o Brasil tem uma economia dinâmica e um mercado consumidor pulsante e, por isso, deve sim haver uma melhora na economia em 2022. No entanto, segundo ele, para isso é necessário que a questão da geração de emprego “seja olhada com muito carinho”.

“Para se ter uma melhora significativa em 2022, é preciso contemplar uma melhoria no emprego no Brasil. Ainda é um pouco cedo para se dizer em uma retomada em V. Mas, se continuarmos gerando postos de trabalho, se conseguirmos segurar essa inflação, sem precisar subir mais a taxa de juros, e controlar a pandemia, acho que o crescimento econômico voltará. Não na velocidade e não no montante que buscávamos, mas volta”, acredita Franco.

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