O programa de reestruturação do BB pode sofrer revisão por pressão do presidente Jair Bolsonaro. A iniciativa serve para tentar impedir a demissão do presidente do Banco do Brasil, André Brandão.
A instituição bancária anunciou no início da semana o programa de reestruturação, que incluía demissão voluntária de aproximadamente 5 mil funcionários e o fechamento de 361 unidades pelo país. Depois do anúncio, Bolsonaro não gostou da decisão e ameaçou demitir Brandão na última quarta-feira, 14.
O presidente do BB está sendo defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele tenta evitar o desligamento em conjunto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Alternativas sobre o programa de reestruturação do BB
Os possíveis ajustes no programa de reestruturação do BB requerem compensação por cortes de despesas em outras áreas. Além disso, o mercado percebe tal interferência como interferência política grave.
Ainda assim, Bolsonaro não gostou do anúncio feito na última segunda-feira, 11. Uma fonte ouvida pela Folha de S. Paulo indicou que há possibilidade de negociação de uma alternativa para arrefecer os ânimos.
A ideia seria chegar a um meio-termo, mas com a manutenção da essência de ajuste do banco. Para a fonte, o plano de demissão não deve ser alterado, porque o desligamento seria voluntário.
Isso porque as demissões atingiriam os trabalhadores já perto da aposentadoria. Ainda assim, as indenizações chegariam a R$ 450 mil por funcionário, sem contar outros direitos.
Por outro lado, o fechamento das agências seria um ponto mais flexível do programa de reestruturação do BB. Nesse caso, os postos incluídos no enxugamento seriam revistos, assim como outras medidas para reduzir despesas.
Percepção interna
Fontes internas do Banco do Brasil acreditam que o programa de reestruturação é criterioso. Ele visa ao não prejuízo dos correntistas, mas segue o movimento de mercado.
Assim, as estruturas físicas diminuem e o foco passa a ser os canais digitas. Dessa forma, os correspondentes bancários permanecem, apesar dos menores custos com estrutura.
Além disso, a realização de grande parte dos serviços essenciais, como depósitos, saques, pagamentos e retiradas de extratos, continuará.
Interferência política no programa de reestruturação do BB
A interferência de Bolsonaro é vista com maus olhos no Banco do Brasil. Isso porque o banco é misto, ou seja, tem capital público, mas também privado.
O banco também negocia ações na bolsa de valores e precisa comprovar rendimento aos acionistas, bem como um nível de eficiência alto, semelhante a outras instituições financeiras do mercado.
O presidente do BB, André Brandão, trabalha em São Paulo desde o anúncio do programa de reestruturação. Ele diz que deixa a decisão sobre a permanência para Bolsonaro e Paulo Guedes.
Segundo fontes ouvidas pela Folha de S. Paulo, Brandão também afirma que sabe que o momento da decisão foi ruim. Afinal, interfere nas negociações para a eleição dos presidentes do Senado e da Câmara.
De toda forma, o ministro da Economia foi avisado antes da divulgação do programa de reestruturação havia concordado com a iniciativa.
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