O Bitcoin tem tido uma valorização expressiva e chegou na última segunda-feira, 30, à máxima histórica de US$ 20 mil, logo após ter perdido 10% do seu valor em apenas um dia na semana anterior.
Quem investe em Bitcoin deve ter em mente a valorização ou desvalorização súbita do ativo, cujo valor pode mudar drasticamente devido a fatores como noticiário e especulação.
Mas, o que torna esse investimento tão volátil? Com a máxima histórica do Bitcoin, ainda vale a pena investir na moeda? Entenda mais sobre como funciona esse ativo e por que ele é uma opção indicada para fazer parte da carteira de investimentos mesmo dos mais conservadores.
O que fez com que o Bitcoin atingisse a máxima histórica
Como quase tudo no mundo dos investimentos, nem sempre é fácil cravar os porquês da valorização ou desvalorização de um ativo.
Mas a verdade é que 2020 tem sido um ano bom para o Bitcoin. Mesmo com a pandemia, a criptomoeda tem conseguido um crescimento relativamente constante – ainda que seja um ativo extremamente volátil.
Alguns fatores têm colaborado para o crescimento do preço do Bitcoin. Um dos principais é a entrada de capital institucional no mundo das criptomoedas.
“Algumas empresas listadas na Nasdaq divulgaram publicamente que estão alocando uma parte do caixa como hedge ou capital de valor”, explica o COO da corretora especializada no mercado de criptomoedas BitcoinTrade, Daniel Coquieri.
Ele também pontua como fatores para o aumento nas últimas semanas o fato de o fundo Grayscale estar alocando bastante na moeda e de que o Paypal anunciou que irá permitir a criptomoeda na carteira digital.
Além disso, uma valorização da criptomoeda já era prevista pelo próprio sistema que criou o Bitcoin. A cada quatro anos ocorre o Halving, evento em que o número de moedas emitidas é cortado pela metade.
Quando a criptomoeda surgiu, eram emitidos 50 Bitcoin a cada 10 minutos. Agora, já são 6,25 Bitcoin no mesmo intervalo.
Como surgiu o Bitcoin e por que ele é tão volátil?
O Bitcoin surgiu em 2008, logo após uma grande crise econômica. O objetivo era criar uma espécie de moeda que não tivesse nenhum tipo de controle estatal.
“O Bitcoin veio da ideia de tirar o poder do dinheiro das mãos do estado e transferir para as mãos do indivíduo. Basicamente hoje o Bitcoin é uma moeda que roda em uma rede de computadores em diversos lugares do mundo, ela é mantida por essa rede de computadores”, resume o CEO do marketplace de Bitcoin BitPreço, Ney Pimenta.
E o fato de ser um sistema completamente descentralizado é um dos principais motivos de ele ser tão volátil. Afinal, não existe nenhuma unidade reguladora dos preços, que são definidos simplesmente por oferta e procura.
Existem várias bolsas ao redor do mundo que comercializam o Bitcoin e várias corretoras que também comercializam por preços diferentes.
“Você tem um mercado que ainda não é regulado, favorece práticas de manipulação de mercado, o preço varia muito com notícias. Não é um mercado tão estabelecido como Bolsa, não tem circuit breaker [mecanismo que faz com que as negociações parem se atingir uma determinada desvalorização] como a Bolsa”, pontua o autor do best seller O Futuro do Dinheiro e head da fintech Wise & Trust, Rudá Pellini.
Existe um limite para essa valorização depois da máxima histórica?
É difícil definir. Especialistas apontam a máxima histórica do Bitcoin como uma espécie de barreira. Como é um recorde da valorização, ao chegar nesse ponto muitos investidores vendem os ativos, o que faz com que a moeda se desvalorize.
Essa barreira, porém, deve ser ultrapassada. Só não se sabe quando. Há analistas mais otimistas que preveem o Bitcoin chegando até a US$ 200 mil.
“Cada vez mais a demanda tende a crescer, porque em alguns países estão sendo construídas regulamentações para dar segurança jurídica a esse setor. Quanto mais regulado, mais capital deve entrar, porque ele fica mais seguro. Tudo isso aumenta a demanda. E, de um outro lado, a gente tem uma oferta escassa que deve continuar diminuindo”, percebe Daniel Coquieri.
Devido ao Halving, prevê-se que a última criptomoeda do mundo será emitida em 2140, limitando a oferta em um cenário em que a demanda pode ser crescente.
Para Rudá Pellini, o maior desafio do Bitcoin para se tornar um ativo com “valor astronômico” é torná-lo mais acessível e utilizável por um público ainda maior.
“Tem muita coisa para acontecer até que seja uma verdade [o Bitcoin a US$ 200 mil], o principal desafio é ser uma coisa facilmente usável. A adesão em massa, se acontecer, é o que vai fazer com que o ativo tenha valores astronômicos”, projeta.
Vale a pena investir em Bitcoin?
Devido aos altos e baixos acentuados, há investidores mais conservadores que temem investir em Bitcoin. Contudo, diante da perspectiva de valorização ainda maior, a opinião dos especialistas é de que esse é um ativo que deve compor qualquer carteira de investimentos, seja em menor ou maior valor.
Ney Pimenta considera, contudo, que é necessário cuidado para se investir em Bitcoin neste momento, principalmente se o investidor tiver uma visão a curto prazo.
“Não é o melhor momento, mas ainda pode ser um momento oportuno. A curto prazo não é aconselhável, para médio e longo prazo ainda pode ser recomendável”, destaca.
Para Daniel Coquieri, para quem pensa em médio a longo prazo, o melhor momento para investir em Bitcoin é hoje. O quanto antes.
“Tente fazer compras hoje e em qualquer momento da vida do Bitcoin de forma fracionada. O investidor tem sim que se expor a esse ativo hoje, tem que se expor dentro do perfil de investidor que ele é, investir talvez 2 a 3% da carteira. Não espere ele cair, porque ele pode não cair”, indica.
O conselho é o mesmo de Rudá Pellini. “Não compre tudo de uma vez, divida o valor do seu aporte e compre partes disso. Compre uma vez por semana, ou uma vez por mês”, diz. Isso porque, caso a moeda se valorize, algum ganho ainda será obtido. Mas, caso haja desvalorização, o investidor não perderá todo o dinheiro disponível.
Porém, antes de investir dinheiro, o mais importante é investir tempo para entender o mercado e como a moeda funciona. E, além disso, comparar com o perfil de cada investidor.
O indicado é que carteiras mais conservadoras tenham entre 2 e 3% dos ativos em criptomoedas. Para os mais arrojados, a porcentagem pode chegar a até 15%, mas tudo sempre dependerá dos seus objetivos e perfil de investidor.
Quer continuar acompanhando conteúdos do tipo sobre investimentos? Então, assine a newsletter iDinheiro.