Dívidas em 2021: a alta da Selic vai encarecer os juros?

A Selic, taxa básica da economia, subiu. Especialistas ouvidos pelo iDinheiro explicam como ela pode impactar os juros das dívidas em 2021.

Escrito por Cindy Damasceno

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O aumento na Taxa Selic, referência na cobrança dos juros brasileiro, despertou a atenção dos consumidores. Com a Selic em 2,75% ao ano, as expectativas já foram colocadas à mesa: o mercado imobiliário espera poucas modificações, enquanto o investidor em renda fixa, aguarda maior rentabilidade. Mas, se a Selic está por trás do compasso fiscal, como ela pode impactar os juros de dívidas e o crédito no mercado em 2021?

O economista VanDyck Silveira, CEO da Trevisan Escola de Negócios, chama atenção para o funcionamento da Selic. Calculada a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o indicador é o principal instrumento para conter a inflação no país.

“É a base da pirâmide de todas as taxas de juros: do empréstimo pessoal, da hipoteca, do cheque especial e do cartão de crédito. Qualquer tipo de aumento na taxa Selic, existe um repasse para as demais taxas que as pessoas no mercado vão tentar obter”, articula.

O que ocorre, de acordo com Silveira, é que apesar da elevação em 2021 ter sido tímida, a expectativa é de aumento ao longo do ano. “A Selic não vai baixar tão cedo. Nós estamos em uma estagnação econômica e uma inflação que já está fora do controle. Uma vez que essa inflação está acima da meta, tudo faz crer que ela vai continuar a crescer”, projeta o economista. De acordo com o Banco Central, a Selic deve fechar 2021 em 3,75% ao ano.

E o que isso significa para a cobrança de juros nas dívidas em 2021?

As consequências, aponta Silveira, ocorrem em cadeia. Dessa forma, se a queda da Selic significar que existe uma queda na taxa média de juros, o incremento aumentará todas as taxas na economia. “Imediatamente, o cartão de crédito, a taxa de financiamento de automóveis, de imóveis, o cheque especial, são empurrados para cima como uma resposta de transmissão à política monetária”, atenta.

Mas, para o professor doutor Érico Vieira, ainda é muito cedo para entender as consequências do crédito a longo prazo. “Isso deve provocar um certo aumento na taxa de juros, mas não um aumento substancial. ela ainda é uma Selic baixa para os padrões que a gente tem”, conta.

“Com a Selic alta, o crédito fica caro. Com o crédito caro, se reduz o consumo”, articula o docente, que pesquisa finanças comportamentais na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Contudo, ele complementa que algumas modalidades devem sofrer mais do que outras. “Pode ser que daqui a pouco a gente comece a ter impacto no financiamento no mercado imobiliário. No cartão de crédito e no cheque especial, não faz diferença porque o aumento já é maior que a Selic”, projeta Érico. Mesmo assim, 2021 ainda está longe de ser um cenário positivo para o contingente de endividados, defende o docente.

“Enquanto tiver pandemia, a tendência é aumentar. Uma parte da parada da economia foi compensada pelo auxílio emergencial. Algumas pessoas conseguiram manter as contas mais ou menos equilibradas. Esse ano a gente tem um auxílio emergencial um pouco baixo, então, a economia deve sentir um pouco mais. Tudo vai depender da vacinação”, calcula.

Apesar da Selic: como se preparar para as dívidas em 2021

Mesmo que o futuro dos juros ainda seja incerto, deve-se estar preparado. Saiba como se programar para não entrar no vermelho em 2021:

1. Negociação

Fechar acordos com antecedência para evitar juros e multas, principalmente aqueles débitos que variam de acordo com a inflação.

2. Pagar dívidas para evitar juros em 2021

Com a projeção de aumento na Selic, agora é o momento ideal para iniciar acordos. Lembrando: o indicado é sempre verificar o orçamento antes de pagar a dívida. É importante saber se há espaço para custear o débito.

3. Invista

Aproveitar o momento para investimento pode ser uma saída para acumular capital e sanar a inadimplência. A dica é priorizar rendas fixas, com ganhos acima dos juros das dívidas.

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Como está a inadimplência

Em tempos de crise sanitária, baratear o custo do crédito foi a solução encontrada por outros países para reduzir o impacto da pandemia e estimular a atividade econômica. O Federal Reserve (Fed), organização dos Estados Unidos, similar ao Banco Central, optou por manter o juros baixos até 2023.

Mesmo com o avanço no quantitativo de endividados, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo já mostra uma estabilidade no número de endividados. De acordo com a entidade, a inadimplência brasileira retomou o patamar anterior à pandemia.

Os dados são da última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada no começo de março. Pelo menos 10.876.206 famílias brasileiras estão endividadas — em fevereiro de 2020, eram 10.564.190 inadimplentes.

A taxa de inadimplência também afeta a taxação dos juros, explica o economista VanDyck. Uma alta inadimplência ocasiona uma movimentação nos juros, também. “As pessoas que pagam em dia começam a pagar mais do que elas deveriam pagar. Sempre quando tem uma inadimplência muito grande, tem um problema de aumento de taxa para todo mundo. Os bancos fazem suas contabilidades na expectativa de que aqueles créditos que foram concedidos, esse dinheiro volta”, conta.

O percentual de famílias com dívidas no país cresceu pela terceira vez em fevereiro. Agora, entre os protagonistas nos débitos, estão as famílias com rendas superiores a 10 salários mínimos. Na parcela mais rica, o cartão de crédito é o principal causador do endividamento: 80,3% das famílias estão com pendências por conta da forma de pagamento. Aparecem, em seguida, os financiamentos de carro (15,6%) e os financiamentos de casa (14%).

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