A inflação brasileira, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) ficou em 0,47% em maio, após alta de 1,06% em abril. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (08), essa é a menor variação mensal desde abril de 2021, quando o índice ficou em 0,31%.
Com o resultado de maio, o IPCA acumula taxa de 4,78% no ano. Já nos últimos 12 meses, o índice acumulado é de 11,73%, abaixo dos 12,13% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
O IPCA, considerado a inflação oficial do país, é definido pelo IBGE a partir de uma pesquisa de preços que observa a quantidade de serviços e produtos que registraram alta de preços em determinado mês.
O índice leva em consideração itens dos seguintes grupos: alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação.
No caso do resultado de maio, a queda no custo da energia elétrica e a desaceleração no preço dos alimentos foram os principais fatores que influenciaram no índice.
Saiba mais sobre o cenário atual da inflação brasileira
Segundo Matheus Peçanha, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), o cenário atual do IPCA está diretamente ligado a diversos fatores, dos quais podemos destacar:
- Custos energéticos;
- Guerra na Ucrânia;
- Retomada da economia pós pandemia;
- Fatores climáticos.
No caso dos custos energéticos, por exemplo, o especialista ressalta que produtos importantes na cadeia, como a alta no preço do diesel e da energia elétrica, impactam diretamente o índice. Além disso, fatores externos, como a guerra na Ucrânia, refletem nos derivados de petróleo, impactando produtos como o trigo e seus derivados, bem como os alimentos de modo geral.
Matheus também destaca que tudo isso vem de encontro com um momento em que a economia está tentando se recuperar da falta de insumos causada pela pandemia.
Inflação de maio: Veja o que influenciou o índice
Como avalia Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA, o IPCA de maio surpreendeu positivamente, mostrando desaceleração acima das expectativas, passando de 1,06% em abril para 0,47% no mês seguinte.
No entanto, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta registrada pelo IBGE, sendo que os grupos de Vestuário e Transportes tiveram a maior variação e o maior impacto, respectivamente.
O único grupo a apresentar queda foi Habitação (-1,70%), beneficiado principalmente pela redução no preço da energia elétrica, em função do fim da cobrança da bandeira escassez hídrica, anunciado pelo governo em abril.
Veja como ficou a inflação de maio para cada um dos grupos pesquisados pelo Instituto:
- Alimentação e bebidas: 0,48%
- Artigos de residência: 0,66%
- Comunicação: 0,72%
- Despesas pessoais: 0,52%
- Educação: 0,04%
- Habitação: -1,7%
- Saúde e cuidados pessoais: 1,01%
- Transportes: 1,34%
- Vestuário: 2,11%
Vilões da inflação em maio
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IPCA – Histórico da inflação oficial mês a mês
Inflação medida pelo IPCA: Perspectivas para o futuro
Segundo o economista do FGV IBRE, apesar dos fatores que não podem ser totalmente previstos, como as condições climáticas que influenciam diretamente o preço dos alimentos, a inflação acumulada no ano deve fechar abaixo dos dois dígitos:
“A nossa perspectiva no começo do ano para o IPCA era entre 3,5% e 4%. Atualmente a previsão está chegando em 9%, justamente por causa desses impactos que não dava para prever no começo do ano, como a guerra e a sequência de problemas climáticos. No curto prazo, pelo menos até o inverno, devemos ver os fatores climáticos impactando o preço dos alimentos. Depois, devemos ver uma desaceleração para fechar o ano nesse patamar pelo menos um pouco abaixo dos dois dígitos, porque dois anos seguidos com dois dígitos de inflação é muita coisa“, explica.
O economista e sócio da BRA João Beck também avaliou o cenário futuro da inflação brasileira medida pelo IPCA:
“Duas forças podem influenciar o IPCA nos próximos meses: a possibilidade de reajuste pra cima de preços pela Petrobras, algo que é esperado pelo mercado diante da defasagem de preços em relação ao mercado. Além disso, a proposta de limitar a cobrança do ICMS para combustíveis, energia elétrica, teles e transportes também deve influenciar o índice”.
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