A inflação brasileira, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) teve queda de 0,67% em julho, após a alta de 0,67 em junho. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (09), essa é a menor taxa registrada desde o início da série histórica, que começou em janeiro de 1980.
Com isso, o Brasil registrou uma deflação (inflação negativa) pela primeira vez após 25 meses de alta de preços. A última vez que a inflação medida pelo IPCA foi negativa aconteceu em maio de 2020, com a queda de 0,38%.
O IBGE define o IPCA a partir de uma pesquisa de preços que observa a quantidade de produtos e serviços que registraram alta de preços em determinado mês. O índice leva em consideração itens dos seguintes grupos: alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação.
Diante desse cenário, entenda o que impactou o índice em julho e quais são as expectativas de especialistas para o futuro da inflação brasileira.
Entenda o que influenciou o índice em julho
Com o resultado de julho, a inflação medida pelo IPCA acumulada é de 4,77% no ano. Já nos últimos 12 meses, o índice acumulado é de 10,07%, abaixo dos 11,89% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Segundo os dados do IBGE, dos nove grupos analisados, sete tiveram alta de preço e dois apresentaram deflação em julho.
Veja como ficou a inflação de julho para cada um dos grupos pesquisados pelo Instituto:
- Alimentação e bebidas: 1,30%
- Artigos de residência: 0,12%
- Comunicação: 0,07%
- Despesas pessoais: 1,13%
- Educação: 0,06%
- Habitação: -1,05%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,49%
- Transportes: -4,51%
- Vestuário: 0,58%
Como explica o Rodrigo Leite, professor de Finanças e Controle Gerencial do COPPEAD/UFRJ, o leite e o grupo de Transporte foram os itens que mais tiveram impactos:
“O transporte teve uma redução bastante significativa e diversos itens de alimentação também tiveram impacto negativo. Por outro lado, outros itens tiveram impacto positivo, uma variação positiva. Dentro deles o leite, que foi o produto que teve uma variação muito grande devido a entressafra que estamos vivenciando agora, o que acabou fazendo com que o preço subisse”, aponta.
Destaques da deflação em julho
Após a redução das alíquotas de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) aprovada no final do mês de junho, os preços dos combustíveis e de energia elétrica recuaram em julho, o que explica a deflação apresentada no índice do IBGE. Além disso, segundo o Instituto, a queda no preço da energia elétrica (grupo Habitação) também é um reflexo da redução de tarifas aprovadas pelas Revisões Tarifárias Extraordinárias de 10 distribuidoras espalhadas pelo país.
Saiba mais sobre o impacto do ICMS nas tarifas de energia elétrica.
IPCA – Histórico da inflação oficial mês a mês
Especialistas comentam as expectativas para o futuro
Segundo Rodrigo Leite, a previsão para a reta final de 2022 é que a inflação continue diminuindo e feche o ano com um dígito: “A inflação deve diminuir. Ano passado tivemos uma inflação na casa dos dois dígitos e esse ano deve ficar entre 7% e 9%”, afirma.
No entanto, o professor também ressalta que essas previsões dependem das decisões fiscais e da política do governo, principalmente se tratando de um ano eleitoral.
A mesma posição é compartilhada pelo Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), composto por economistas ligados à Associação. Segundo o balanço divulgado pelo Grupo, a expectativa é de que o cenário de deflação continue nos próximos meses.
Caso as projeções se confirmem, o IPCA poderá chegar em agosto a uma inflação acumulada de 8,87% em doze meses, voltando para a casa de um dígito, o que não acontecia desde setembro do ano passado.
“Mesmo com a redução da inflação acumulada em doze meses, o cenário ainda é desafiador pela combinação de incertezas no mercado doméstico e externo, o que deve manter os juros em patamares altos por mais tempo”, afirma Marcelo Cidade, economista da ANBIMA.
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