Nas últimas semanas, dois golpes de pirâmide financeira foram desmontados por autoridades policiais. Um deles aconteceu no Rio de Janeiro e, segundo dados apurados pelo G1, a movimentação do esquema ultrapassou os R$ 2 bilhões. O segundo envolvia a compra e venda de carros usados e teve como vítimas os atores Murilo Rosa e Juliana Paes e o ex-jogador de futebol Luís Fabiano. Os três perderam mais de R$ 1,2 milhões.
Um levantamento divulgado em julho pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aponta que os homens são as principais vítimas de golpes financeiros, sendo 91% do total. A maioria tem entre 30 e 39 anos de idade (36,5%) e pós-graduação (38%). Entre os ativos que mais renderam prejuízos às vítimas, as criptomoedas foram as mais citadas (43,3%), seguido do mercado Forex (29,8%), opções binárias (16,9%) e ações (15,2%).
Ambos os casos que ganharam espaço na mídia reforçam o padrão desse tipo de fraude. Segundo a educadora financeira e especialista em investimentos do iDinheiro, Melissa Nunes, o que atrai pessoas para esse tipo de golpe é o retorno absurdamente alto, garantido e em pouco tempo.
“Imagine ganhar um rendimento de 10% ao mês. Em 1 ano, você terá mais que dobrado seu capital, certo? Não existe nenhum investimento que dê esse retorno em lugar nenhum”, aponta.
O iDinheiro ouviu especialistas que destacam os perigos em investir sem devida pesquisa e segurança, buscando lucros altíssimos e promessas tentadoras, mas que não se sustentam.
Entenda os golpes de pirâmide financeira
Um forte indício de golpe, de acordo com Nunes, é a “famosa prática” de convidar mais pessoas para o esquema: geralmente, esse convite tem algum tipo de bônus em contrapartida. Além disso, empresas golpistas dificilmente explicam claramente como funciona o investimento e muitas vezes dizem que não existem riscos na operação, o que não é verdade para nenhum tipo de investimento.
A educadora financeira da Ativa Investimentos Bia Moraes completa: “Para ver o seu dinheiro crescer através dos investimentos, não existe a necessidade de trazer um amigo para aumentar a rentabilidade. As pirâmides financeiras usam as pessoas que já caíram no golpe para trazer mais vítimas para o esquema.”
Além disso, para participar, geralmente é cobrado um valor inicial para ser “rentabilizado”. Depois disso, os criminosos podem usar esse dinheiro para pagar os membros antigos, ou então, os criminosos oferecem uma espécie de comissão sobre o valor depositado. O grande problema é que esse sistema não é sustentável, além de ilegal, de acordo com a especialista.
Como se proteger para não cair em armadilhas
Melissa aponta uma reflexão necessária para aqueles que estão em busca de dinheiro fácil e rápido, mas podem se arrepender com o resultado. “Investir é exercitar a paciência e a persistência, além de estar sempre aprendendo. Se fosse fácil, estaríamos todos ricos, certo? Eu entendo a pressa de enriquecer, mas quando falamos em investimentos, essa é uma má ideia”, aponta.
“Em geral, para gerar muito dinheiro, também precisamos investir muito. Mesmo assim, quanto maior o retorno, maior é o risco também. Por isso, antes de investir, o ideal é estudar sobre o produto de investimento, entender para onde seu dinheiro está indo e quais os riscos dessa operação. Assim, você fica mais seguro e vai evoluindo aos poucos”, conclui Nunes.
Bia completa e indica formas de prever uma possível fraude. De acordo com a especialista, alguns golpes se apresentam associados à produtos ou operações, como criptomoedas, ações, daytrade, tentando dar alguma credibilidade ao processo.
“Todos esses investimentos dependem de uma instituição, como uma corretora, pra intermediar o processo. Então busque entender a procedência antes de depositar o dinheiro na conta de um terceiro. Na dúvida, é possível buscar informações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia vinculada ao Ministério da Economia, ou na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que regulam e certificam os agentes do mercado”, aconselha.
Já que a pesquisa é fundamental, saiba como fazer verificações rápidas para se prevenir
O iDinheiro preparou um rápido tutorial para ensinar a fazer a verificação de empresas cadastradas na CVM. Primeiramente, você deve acessar este site, chamado de Sistemas CVM. Dessa forma, poderá consultar o registro de todos os participantes do mercado cadastrados na Comissão.
Depois, siga o passo a passo:
- Escreva a Razão Social ou Denominação Comercial do Participante;
- Coloque o CPF ou CNPJ. Se não souber, pode deixar o campo em branco;
- Escolha o tipo de empresa que será verificada. Também é possível deixar o campo vazio caso a informação não esteja de fácil acesso.
- Preencha um código de verificação, de acordo com a imagem que for exibida na tela do seu computador ou celular.
Apenas com o termo “XP”, exemplificando uma busca que deseja verificar se a empresa XP Investimentos está devidamente cadastrada na plataforma, rapidamente encontramos uma série de resultados. Dentre ele, aquele que procurávamos.
Atenção
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