Sem aulas presenciais por conta da pandemia, a aprendizagem pode retroceder até quatro anos, mostrou a pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) encomendada pela Fundação Lemann.
Um dos agravantes dessa perda é a dificuldade no acesso ao ensino remoto. O impacto é maior entre negros e alunos com mães que não concluíram o ensino fundamental.
Com informações da Agência Brasil.
Veja as consequências em diferentes cenários com a falta de aulas presenciais
Com base em dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) foi possível simular as perda do 5º ao 9º ano do ensino fundamental. Em um cenário mais pessimista, seria perdido equivalente a quatro anos na proficiência brasileira em língua portuguesa. A perda seria de três anos para matemática.
Numa estimativa intermediária, os componentes curriculares teriam uma queda equivalente ao retorno à proficiência brasileira de três anos atrás.
E, mesmo no cenário otimista, com os alunos tendo aprendido por meio do ensino remoto tanto quanto aprenderiam no presencial, a educação também pode ter perdido três anos em língua portuguesa.
Ensino remoto não é um substituto da escola, diz diretor
Na opinião do diretor de Políticas Educacionais da Fundação Lemann, Daniel de Bonis, o ensino remoto reduz os prejuízos do fechamento das escolas, mas não é um substituto da escola, do professor e do ensino presencial.
“A simulação mostra que, dependendo da qualidade do ensino remoto e do nível de dedicação dos estudantes, ele pode reduzir até substancialmente esse prejuízo com o fechamento das escolas, mas não substitui a escola, você vai continuar tendo um prejuízo”, afirmou ele.
Em entrevista à Agência Brasil, o pesquisador líder do estudo e professor titular de Políticas Públicas da Escola de Economia de São Paulo, da FGV, André Portela, ressaltou que o acesso ao ensino remoto é desigual no Brasil, como mostrado na Pnad Covid-19.
“Assim, esforços para mitigar essa perda e garantir o acesso a um ensino remoto de qualidade a todos são urgentes, de modo a evitar a perda de aprendizado e o aumento das desigualdades educacionais”, resumiu Portela.
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