Os preços da gasolina e do diesel tiveram aumentos expressivos na última semana. No último dia 10, a Petrobras anunciou alta de quase 19% no preço da gasolina e de quase 25% do diesel.
“A vida do motorista de aplicativo nunca foi fácil. Agora, principalmente com os novos aumentos, está muito difícil trabalhar. Até o momento, não tivemos nenhum reajuste nos preços das corridas.” Assim o motorista de aplicativo Jair de Paiva Henrique, de 30 anos, respondeu ao iDinheiro quando questionado sobre os impactos na sua rotina de trabalho após o anúncio do reajuste da Petrobras.
Para além de pessoas que trabalham como motorista de aplicativo e são diretamente impactadas pelo preço da gasolina, a alta nos preços também afeta a vida dos brasileiros que não possuem um automóvel.
Diante disso, o iDinheiro conversou com especialistas a fim de entender quais são os impactos do aumento no preço da gasolina e quais são as perspectivas para o futuro.
Entenda o aumento do preço da gasolina
De acordo com o professor de macroeconomia do Ibmec-SP Walter Franco, o mercado está vivendo um momento de volatilidade, ou seja, há uma subida e descida de preços com muita frequência, em espaços muito curtos de tempo, o que é prejudicial para a economia.
Além disso, para entender o aumento, é necessário considerar outros fatores: o contexto pós-pandemia, com as economias retomando os seus processos produtivos, o que aumenta a demanda por combustíveis no geral, e o cenário político internacional em decorrência da guerra na Ucrânia.
O professor também chama a atenção para outro fator: “No caso do Brasil, com a política atual de trazer os preços atrelados ao mercado internacional, há também a questão da taxa do dólar. Por mais que o dólar esteja um pouco mais baixo no momento, de uma forma ou de outra o preço local acompanha o preço internacional em dólar.
A gasolina deve continuar aumentando?
Há uma grande expectativa sobre o cenário futuro, principalmente para quem utiliza a gasolina para o trabalho. “Espero que este cenário mude logo pois, se não mudar, logo ninguém mais vai ter como trabalhar como motorista de aplicativo. Inclusive, a crescente de motoristas que estão abandonando essa profissão está cada vez maior”, relata Jair.
Na última semana, o presidente da República Jair Bolsonaro sancionou, na íntegra, o Projeto de Lei Complementar Nº 11/2020, que cria uma nova regra de cálculo do ICMS nos combustíveis.
O texto prevê a cobrança única do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis, inclusive importado.
No entanto, apesar dessa tentativa de frear o aumento no preço da gasolina, o professor afirma que o cenário deve permanecer o mesmo nas próximas semanas. “Os preços são cotados e definidos no mercado como um todo. Por mais que a gente aumente a oferta local, sempre vai existir, em maior ou menor proporção, uma pressão em função dos preços externos.”.
Segundo o professor de macroeconomia, como a gasolina é um item caro e ainda não há investimentos no Brasil para a produção de derivados, os brasileiros devem continuar com um cenário de combustíveis no geral mais caros nas próximas décadas.
Diante disso, Walter ressalta a importância de se pensar em energia alternativa. “Essa é uma política que o mundo inteiro já observa. A busca por combustível alternativo, por transportes de massa, por veículos mais econômicos, por um uso mais eficiente energeticamente falando é uma necessidade que precisa estar no olhar de todos.”, aponta o professor.
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Como a alta nos preços afeta a vida dos brasileiros
Quando a gasolina e os combustíveis no geral sofrem um reajuste, automaticamente pensamos nas pessoas que utilizam automóveis para trabalhar. No entanto, o aumento nos preços pode impactar a vida de todos os brasileiros.
É o que aponta a educadora financeira da Ativa Investimentos Bia Moraes: “É muito comum as pessoas pensarem que, como elas não têm carro, não serão impactadas pelo preço da gasolina. Na verdade, temos que pensar que tudo que consumimos chega até o ponto de venda através de um caminhão que é abastecido com o combustível. Então, com o aumento, a logística fica mais cara, o que teria um reflexo no preço do produto.”
Segundo a educadora, existe uma série de coisas que consumimos no dia a dia e que também vão ter o preço impactado por esse aumento: “Passagem aérea, produtos de supermercados, aplicativos de corrida como o Uber, que também já anunciou que vai fazer um reajuste no preço para acompanhar o aumento da gasolina, são alguns exemplos de produtos e serviços que podem ser impactados.”
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