O endividamento e a inadimplência voltaram a crescer em julho, chegando ao maior patamar em 12 anos. É o que aponta a pesquisa divulgada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo no último dia 08.
De acordo com o levantamento, 8 em cada 10 famílias têm dívidas: 78% estão endividadas e 29% estão com contas atrasadas. Além disso, a pesquisa também aponta que 10,7% das famílias não terão condições de pagar para as contas atrasadas nos próximos meses.
Diante desse cenário, o iDinheiro conversou com Dora Ramos, consultora contábil e CEO da Fharos Contabilidade e Gestão Empresarial, para entender como organizar o orçamento financeiro e quais são as principais dicas para quem quer renegociar as suas dívidas.
Como renegociar dívidas?
Segundo a especialista Dora, o processo de renegociar uma dívida está ligada a diferentes fatores, desde o conhecimento do que está sendo devido, para quem a pessoa deve, até uma análise interna sobre a própria vida financeira:
Liste todas as dívidas
“O ponto inicial é ter clareza sobre o valor da dívida e para quem é devido, e se possível apurar também qual o valor original, pois o valor principal olhando para o momento presente pode ser bem maior que a dívida inicial e essa informação é importante para negociação”, explica Dora.
Além disso, a especialista ressalta que é importante listar todas as dívidas. Algumas pessoas só olham para dívidas que possuem valores maiores e acabam esquecendo de outros valores que, quando a conta chega, acabam desorganizando todo o orçamento financeiro.
Entenda a sua realidade financeira
Outro ponto destacado pela especialista diz respeito a uma análise interna sobre a própria realidade financeira pra saber qual é a disponibilidade para o pagamento das dívidas: “Você precisa fazer a sua organização financeira sabendo qual é a sua disponibilidade. Por exemplo, se você ganha R$ 5 mil, mas já possui compromissos que totalizam o valor de R$ 4 mil, então você só tem R$ 1 mil para o pagamento das dívidas”, exemplifica.
Nesse sentido, é necessário verificar quanto sobra de fato para fazer a renegociação da dívida e, assim, planejar o pagamento. Esse balanço também deve ser feito para entender para onde o dinheiro está indo. Quem usa cartão de crédito, por exemplo, deve buscar entender o que está sendo gasto no cartão mês a mês. Dora também explica que esse olhar deve ser feito com base no próprio contexto e no autoconhecimento:
“Quando a gente fala de organização financeira não é simplesmente os números de uma forma fria e objetiva, porque por trás desses números tem uma pessoa, vibrando, preocupada, se culpando, se cobrando”, acrescenta.
Dica bônus
Dora chama a atenção para o fato de que esse olhar e essa organização pode ter outros fatores muito importantes: “Um pai de família endividado, por exemplo, as decisões que ele vai tomar para organizar a vida financeira envolve toda uma negociação com a própria família”. Assim, a especialista explica que não se trata simplesmente de cortar gastos, mas de negociar internamente e, depois externamente com o(a) parceiro(a) e filhos, por exemplo, para chegar a um orçamento financeiro positivo e que dê conta do pagamento dessas dívidas.
Saiba como priorizar o pagamento das dívidas
De acordo com Dora, esse levantamento das dívidas e a análise da própria realidade financeira são passos muito importantes para a escolha de quais dívidas devem ser priorizadas:
“Para saber qual dívida priorizar, é importante ter feito o levantamento do valor original, apurado os credores, verificar se houve alteração do valor original para o valor atual, e também saber qual a disponibilidade financeira para o pagamento no momento. É imprescindível, além do levantamento detalhado do débito, analisar os compromissos financeiros atuais que não podem deixar de ser pagos, independentemente dos valores em aberto das dívidas”, explica.
Empréstimo é uma solução para quem está endividado?
Diante desse cenário de recorde de endividamento, muitas pessoas acabam contratando um empréstimo para realizar o pagamento de outras dívidas. No entanto, segundo a especialista, a utilização de um empréstimo para esse fim deve ser avaliada após as etapas anteriores, de apuração do valor a dívida e também da disponibilidade financeira para o pagamento:
“É necessário analisar as condições do produto, as taxas e juros. Geralmente quando pensamos em quitar uma dívida, queremos reduzir a quantidade de parcelas e nem sempre esse é o melhor negócio. É importante destacar que a melhor parcela é aquela que pode ser paga sem comprometer o seu orçamento”, explica.
Dessa forma, Dora ressalta que o empréstimo pode ser uma boa saída, mas não deve ser tomado de uma forma inconsciente. Além disso, o ideal é verificar alguns pontos como:
- As parcelas desse empréstimo feito para cobrir todas as dívidas estão dentro do meu orçamento mensal?
- Se não, é possível ter algum período de carência no pagamento?
- Eu posso quitar uma parte com o empréstimo e, posteriormente, utilizar outros meios como o décimo terceiro salário e negociar o que restou?
Esses questionamentos são importantes para que o empréstimo seja, de fato, uma solução e não uma nova dívida contratada para quitar as outras e que acaba virando uma bola de neve para o consumidor.
Continue lendo: Como sair das dívidas de maneira rápida e eficiente? Aprenda a se livrar de uma vez por todas!
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