O cartão de crédito foi um dos principais vilões para o orçamento brasileiro: 81,8% das famílias encerraram o primeiro semestre com dívidas no cartão, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens (CNC). Em meio ao aumento nas taxas de juros e a crise financeira, é possível ter uma relação saudável com o parcelamento sem cair no vermelho?
A gerente da Serasa Experian Amanda Rapouzo avalia que a pandemia pode estar por trás do alto endividamento pelo cartão de crédito. “A renda familiar na pandemia diminiu de maneira geral. Com isso, o cartão foi muito usado para ser uma espécie de apoio. Ele fez o papel daquela receita que não vinha”, diz Rapouzo.
Para Ahmed El Khatib, professor de educação financeira da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), apesar dos índices de endividamento, o cartão pode, sim, ser um grande aliado nas contas de casa. “O problema é quando você perde o controle. O cartão não é um inimigo. Se você souber utilizá-lo de maneira correta, ele acaba se tornando um aliado”, atenta.
Quer entender melhor sobre cartão de crédito? Veja o que os especialistas têm a dizer sobre o parcelamento e conheça dicas de como reduzir as dívidas nessa modalidade de crédito.
Como o brasileiro usou o cartão de crédito em 2021
A preferência do cartão de crédito em 2021 é estatística. De acordo com dados do Banco Central do Brasil, entre janeiro e março de 2021, o cartão foi usado aproximadamente 3,14 milhões de vezes no comércio — um aumento de 22% em relação ao mesmo período de 2020, quando o produto foi usado cerca de 2,58 milhões de operações.
Já que o processo para conseguir um cartão de crédito é simples, a alternativa acaba se tornando mais atraente quando comparada às outras modalidades de crédito. “Ele foi um produto menos impactado em termos de restrição de política de crédito na pandemia justamente porque tem essa questão de liberar o crédito com limite baixo”, articula a gerente do Serasa.
Outro fator para a escalada do cartão no dia a dia foi a crise financeira. “As pessoas acabam achando que aquilo é uma renda extra, quando na verdade não é. Isso acaba sendo incorporado ao orçamento doméstico”, aponta El Khatib.
Além de apontar o cartão como motivador de débitos no mercado, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da CNC, também traz detalhes sobre o impacto das dívidas nas contas de casa: 30,3% da renda mensal dos domicílios está reservada para pagar contas, considerando todos os tipos de causadores de débitos.
Parcelamento sem dívidas: como usar o cartão de crédito como aliado
Quando não usado em demasia, o cartão pode ajudar a desafogar o orçamento de casa. Veja o que dizem os especialistas sobre o uso consciente do cartão de crédito.
1. Mantenha controle das parcelas
Acompanhe o que está sendo parcelado em cada cartão. Isso evita ‘surpresas’ ao olhar as faturas no futuro.
2. O parcelamento é a única saída? Avalie o valor total da compra para evitar a dívida
Analise os juros, o valor das faturas futuras com o parcelamento.
3. Paciência é a chave
Um dos grandes inimigos é o imediatismo. Antes de comprar um bem em prestações, avalie o custo-benefício para não cair em uma cilada. É possível que o produto seja oferecido de forma mais barata no futuro?
4. Menos é mais
Quanto menor a quantidade de cartões de crédito, maior a possibilidade de monitorar os gastos. Evite o acúmulo de cartões: eles não devem ser considerados um complemento à sua renda.
Este conteúdo foi útil? Então, assine a newsletter iDinheiro e ative as notificações push para não perder nenhuma das notícias que importam para o seu dinheiro. Se inscreva, também, no nosso canal do Telegram para receber todas as novidades.