Como a mulher trabalhadora pode organizar trabalho e a rotina de casa na pandemia

É possível organizar a rotina de casa e a carreira na pandemia? O apoio da família e da empresa são fundamentais para a mulher trabalhadora.

Escrito por Cindy Damasceno

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Trabalho remoto, rotina de casa, cuidado dos filhos. Apesar do mundo corporativo já ter avançado na inclusão feminina nos últimos anos, a pandemia veio para mostrar que a mulher trabalhadora está mais sobrecarregada do que os companheiros de profissão. Nesse cenário atípico, como é possível conciliar a vida doméstica e a projeção de carreira? Especialistas apontam que o apoio da família e da empresa são fundamentais. 

O acúmulo de funções é expresso em números. Uma pesquisa da InfoJobs, empresa de tecnologia para recrutamentos, indica que 85,8% das mulheres precisam lidar com uma dupla jornada de trabalho

O levantamento, que reuniu 3 mil respostas, também aponta que elas percebem dificuldades em chegar em cargos de liderança. Quase 74% das entrevistadas sentem que precisam ser mais qualificadas do que os homens para ter chances de assumir cargos de chefia. 

No trabalho remoto, as consequências de acúmulo de funções podem ser ainda mais evidentes para as profissionais. A psicóloga Graça Maria Ramos de Oliveira, alerta para o estresse e as consequências na vida remota.

“As mulheres que estão em home office podem ter algumas dificuldades para fazer pausas em todas as tarefas na casa, fazer pausas com filhos por perto e tendo o laptop à sua frente pode não ser uma tarefa fácil”, conta. 

A solução? Investir em si e procurar conversar com a família sobre o seu bem-estar. “É importante fazer pausas para relaxar, tomar um banho mais longo. Conecte-se com outras pessoas. Converse com pessoas em quem você confia sobre suas preocupações e como você está se sentindo”, aconselha Graça, que também é supervisora do serviço de Psicologia e Neuropsicologia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).  

Como a mulher trabalhadora pode organizar o tempo na rotina de casa?

Para a mulher trabalhadora responsável pelo bem-estar dos pequenos, a dica da country manager da InfoJobs, Ana Paula Prado, é saber reconhecer que ela está fazendo o possível. “Não existe uma receita para conciliar carreira e maternidade”, confessa a gestora, uma das mulheres à frente da empresa. 

A gestão do tempo é, ao mesmo tempo, a grande vilã e a salvadora para as mães com jornadas duplas. “Como mães, não conseguimos ter tanta disponibilidade, um dos pontos bem relevantes para um momento de promoção, por exemplo”, indica a Ana Paula. 

O dilema é compartilhado por boa parte das mulheres, e quem passa pela situação, deve entender que não está sozinha. “Quase todas as mulheres sentem dificuldade em conciliar carreira e maternidade, e isso acaba afetando o crescimento de nós mulheres em uma carreira corporativa”. 

Suporte emocional para a mulher trabalhadora organizar a rotina de casa na pandemia

Por isso, é importante contar com o maior suporte possível da família e dos amigos. “Para eu conseguir me dedicar, reconheço que tenho uma rede de apoio e vejo que muitas mulheres contam com essa rede. Inclusive fazem parte dela para ajudar outras mães e profissionais”, pondera a gestora. A pandemia, apesar de ter modificado a dinâmica de companheirismo, trouxe reflexões. 

“Para mim, acabou sendo um momento para aceitar a situação e aceitar também que eu não conseguiria fazer tudo de forma excelente, mas que eu me dedicaria ao máximo à tarefa da vez”, avalia. 

Em Webinar, Ana Paula discute atitude empreendedora com a empreendedora social Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME), e conselheira do Instituto Avon e LinkedIn Top Voices.  Confira!

Como as empresas podem ajudar

A receptividade nas empresas é outro fator a ser considerado. Quase metade das mulheres — 43,4% — esperam um plano de carreira ao entrar em um novo ambiente de trabalho, de acordo com a InfoJobs.

Pacote de benefícios (18%), flexibilidade de horário (15%), trabalho remoto (4,1%) e ferramentas digitais (2,6%) estão entre as prioridades delas na hora de escolher ou não se manter na empresa.  

Então, o apoio institucional pode ser o principal parceiro feminino, principalmente nesses momentos de trabalho remoto, enumera Graça.

Além da flexibilidade de jornada, a psicóloga dá outras cinco dicas de como criar um ambiente agradável para organizar a rotina de casa na pandemia. 

  1. Liderança com empatia e confiança
  2. Promoção de networking e mentoria como forma de aprendizagem e crescimento. “Certificando-se de que isso seja feito de maneira que os horários e necessidades sejam flexíveis”, reforça Graça. 
  3. Criar oportunidades de aprendizagem que se encaixem na vida diária dos funcionários
  4. Processos de promoção claros e transparentes
  5. Reforçar a diversidade, respeito, e inclusão, certificando-se de que todos conhecem a cultura cotidiana da empresa

As empresas só têm a ganhar com o esforço, calcula a executiva Érika Linhares, especialista em habilidades comportamentais. A produtividade e o faturamento em iniciativas inclusivas chegam a aumentar até 30%. Mas é importante estar atento sobre a cultura empresarial. “Não adianta você diversificar se você não inclui. Tem que ter o mesmo direito, tem que ter igualdade de cargos, tem que ter igualdade de salário. Diversidade é você chamar para festa. Inclusão é chamar para dançar”, propõe a empresária. 

Chegar à liderança

Érika usa da experiência pessoal para aconselhar àquelas que desejam chegar na liderança: invista em você e esteja preparada para abrir espaço para outras. “É muito ruim ser a única. Para eu ‘chegar lá’, tive que estudar mais, me preparar mais. Tem que entender muito bem o que você faz. Investir em resiliência, tolerância. É mais difícil? É. Mais dá”, pontua.

Durante o isolamento social, o suporte da chefia é mais importante do que nunca porque “a mulher que está neste momento tem que ser mãe e tem que profissional”. Por isso, a empresária manda o recado para os contratantes. “Esse não é um home office normal. É um home office que ela não pode contar com uma creche, com uma mãe. É uma situação atípica e temos que ter respostas atípicas”, finaliza. 

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