No começo de setembro, a quantidade de CPFs registrados na Receita Federal que declararam operações com criptomoedas no mês de julho aumentou 68% em relação ao mês anterior. O número total de operações foi de 1.336.715, mais de quatro vezes superior ao total de 314.891 operações no mês período de 2021.
Dessa forma, o valor total de criptomoedas negociadas e que foram declaradas à Receita Federal em julho equivale a R$ 12,8 bilhões. Esse número representa uma queda de 10,6% em relação ao mês anterior.
Diante desse cenário, o iDinheiro conversou com especialistas para entender quais são os motivos desse aumento no número de declaração de operações com criptomoedas.
O que são criptomoedas?
Como explica Melissa Nunes, líder de Conteúdo sobre Investimentos do iDinheiro Melissa Nunes, criptomoedas são ativos digitais que têm valor monetário associado:
“Diferentemente do papel-moeda que conhecemos, elas não têm forma física, pois são basicamente um conjunto de dados virtais, e também não são reguladas por nenhum Banco Central. Mesmo assim, podem ser trocadas pelo dinheiro que já conhecemos, como real ou dólar, e, assim, tornam-se valiosas”, completa a especialista.
Dessa forma, como ressalta Ray Nasser, CEO da Arthur Mining, mineradora de bitcoin, as criptomoedas são ativos que utilizam criptografia como meio para verificar que as transferências serão feitas da forma correta.
Especialistas explicam o aumento no número de operações com criptomoedas declaradas à Receita Federal
Como avalia o especialista Ray, o bitcoin movimentou cerca de R$ 1,7 bilhão no mês de julho, mas ele não representa a maior parte do montante total de R$ 12,8 bilhões que foram negociados ao longo do mês. Dessa forma, a maior parte dessas operações estão sendo feitas para câmbio:
“Desses R$ 12,8 bilhões, R$ 7,8 bilhões foram negociados em uma criptomoeda chamada Tether (USDT), que é uma moeda rastreada em dólar. Então, o brasileiro não está necessariamente investindo em criptomoedas, e sim fazendo câmbio, ou seja, ele compra essa criptomoeda para vendê-la posteriormente em dólar ou em outra moeda do exterior”, explica.
De acordo com Ray, essa operação é muito comum no agronegócio para a compra de fertilizantes em países como a Russia e a Ucrânia, por exemplo.
Além disso, segundo ele, geralmente o volume de operações com criptomoedas aumenta quando tem volatilidade, já que a maioria das pessoas acabam vendo esse ativo como algo especulativo.
A especialista Melissa também aponta que outros fatores também podem contribuir para esse aumento, como a popularização das moedas virtuais, mas ressalta que existe uma necessidade de manter algum controle patrimonial sobre o dinheiro investido nesse tipo de ativo:
“É interessante que o investidor compreenda que, apesar de não haver regulação governamental sobre as criptomoedas, isso não quer dizer que não seja preciso informar as operações à Receita Federal. Alguns especialistas se preocupam com o fato do mercado descentralizado dos criptoativos servirem como porta de entrada para fraudes, como lavagem de dinheiro e outros golpes, e, por isso, a conscientização em relação à declaração anual dessas moedas também tem sido fortalecida”, acrescenta.
O que deve ser avaliado antes de começar a investir em criptomoedas?
Apesar do aumento na procura de informações sobre as criptomoedas e também nas operações declaradas, o especialista Ray ressalta que é importante buscar sempre informações sobre como investir e entender o que estão comprando.
Além disso, como aponta a especialista Melissa, quem deseja começar a investir em criptomoedas deve entender que esse é um mercado em que os ativos são negociados o tempo todo ao redor do mundo inteiro: “
É por isso que os preços variam tanto, e, como a maioria das criptomoedas não está diretamente ligada a nenhuma moeda fiduciária ou empresa, quem manda no mercado é a relação entre oferta e demanda. O que sobe 10% em um dia, pode cair 20% no próximo”, complementa.
Além disso, é importante separar apenas uma parte pequena do patrimônio para investir, no máximo 5% do valor total. De acordo com Melissa, isso ajuda a proteger o patrimônio em caso de grandes perdas ou algum tipo de crise.
“Por fim, todo investidor deve se manter informado dos riscos, características e condições de investimento e resgate da moeda escolhida e do meio por onde deseja negociar. Quem não pretende usar as criptomoedas pelo seu valor monetário, pode optar pelo investimento indireto, como via fundos de investimentos e ETFs de criptomoedas“, conclui.
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