A conta de luz deve continuar alta na maior parte do ano. Isso porque, nos últimos anos, a redução das chuvas tem mantido os reservatórios abaixo da média histórica, forçando o acionamento das usinas termelétricas para complementar a geração de energia.
No entanto, pelo menos a curto prazo, os especialistas não preveem uma crise no setor que leve a situações extremas, como o racionamento no início dos anos 2000.
“O setor é muito ancorado em hidrelétricas, com uma capacidade hídrica instalada de 62%. Isso tem várias vantagens, como o fato de ser uma energia limpa e ter um custo de operação muito baixo. Por outro lado, ficamos dependentes das chuvas e em períodos de hidrologia pior, isso acaba refletindo nos preços”, disse o diretor de consultoria da Thymos Energia, Alexandre Viana, em entrevista à CNN Brasil.
Redução das chuvas não é algo momentâneo no país
O principal problema é que a redução das chuvas nas regiões dos reservatórios das grandes hidrelétricas não é algo momentâneo no país, disse o professor do programa de pós-graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, Pedro Côrtes.
“Essa é uma tendência que vem se manifestando pelo menos nos últimos 10 anos. Portanto, deverá persistir, pois já ocorreu uma redução no volume de chuvas que vem da Amazônia e que respondem em boa parte pela recarga dessas (e das outras) usinas hidrelétricas”, explicou ele.
Nesse contexto, o Brasil precisa recorrer a fontes complementares de energia para garantir a produção no Sistema Interligado Nacional (SIN). A interconexão dos sistemas elétricos, por meio da malha de transmissão, possibilita a transferência de energia entre os subsistemas.
As usinas termelétricas, acionadas quando o nível dos reservatórios das hidrelétricas estão baixos, têm funcionamento a gás natural, carvão, óleo combustível e diesel. E isso aumenta o custo da geração de energia como um todo.
“O governo deve continuar favorecendo os investimentos em setores elétricos renováveis e tentar substituir térmicas caras por sistemas com preços mais baixos. Se fizer isso corretamente em 2021, 2022 e 2023, podemos ter uma distribuição mais normalizada mais adiante”, afirmou Côrtes.
Brasil precisa diversificar sua matriz energética
Com a maior dificuldade para construção de novas usinas hidrelétricas por conta da intenção do governo de privatizar a Eletrobras e das restrições ambientais e de licenciamento em terras indígenas, o Brasil precisa diversificar a matriz energética do SIN.
Por isso, outras fontes de energia limpa, como as usinas eólicas e solares, têm ganhado mais espaço. Contudo, essas duas fontes representam apenas 11,4% e 0,8%, respectivamente, da produção atual no país.
Para se ter uma ideia, na última terça-feira, 26, 68% da energia foi proveniente de fontes hidráulicas. Em seguida, as usinas termelétricas aparecem com 17,1% da geração nacional. Por fim, as usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 que, juntas, representam 2,6% da nossa produção energética.
Os dados são do Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão responsável pela coordenação e controle das instalações de geração e transmissão de energia no país.
Entenda o papel das bandeiras tarifárias na conta de luz
O sistema de bandeiras tarifárias surgiu em 2015 para indicar aos consumidores quando há ou não acréscimo no valor da energia elétrica por conta das condições de geração de eletricidade. O estado de Roraima é a única exceção a esse sistema, porque não está integrado ao SIN.
Dessa forma, quando as condições são favoráveis, a bandeira é verde e a tarifa não sofre nenhum acréscimo. Quando elas passam a ser menos favoráveis, a geração entra na bandeira amarela, que acrescenta R$ 1,34 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos.
Por último, vem a bandeira vermelha, que é acionada em “condições mais custosas de geração” segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ela tem dois patamares: no primeiro, acrescenta-se R$ 4,16 a cada 100 kWh consumidos. No segundo, a sobretaxa é de R$ 6,24 ao consumo de cada 100 kWh.
Vale lembrar que o estado de Roraima é a única exceção a esse sistema, já que ele não está integrado ao SIN.
Para ler a reportagem completa da CNN, clique aqui.
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