Empreendedorismo feminino: mulheres que vencem e conquistam sucesso

Os números do empreendedorismo feminino no Brasil mostram uma realidade cruel. Os desafios que as mulheres empreenderas enfrentam também são desanimadores.
Mas, contra tudo e contra todos, elas perseveram, se unem e mudam o cenário econômico em que estão inseridas. Você está pronta para essa jornada também?

Escrito por Amanda Gusmão

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Empreendedorismo feminino: mulheres que vencem e conquistam sucesso

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, nós, do iDinheiro, queremos desejar parabéns a todas a elas e, mais ainda, ajudá-las a tirar do papel o sonho de empreender.

Você tem esse sonho ou já vive seus desafios? E, o que dizer do cenário do empreendedorismo feminino em meio a pandemia do novo coronavírus ou, com a necessidade do trabalho remoto?

Então vamos bater um papo sobre ele. Não somente para exaltar seu valor e benefícios para a economia mundial, mas para dar uma perspectiva estratégica para as empreendedoras que estão ou desejam começar a ganhar dinheiro montando um negócio.

Aqui vamos falar sobre:

  • o que é empreendedorismo feminino;
  • quais são os seus desafios;
  • o número de empreendedoras no Brasil;
  • exemplos de empreendedoras
  • o que a Anitta e a Luiza Trajano têm em comum com você

Afinal, o que é empreendedorismo feminino? 

Podemos dizer que empreendedorismo feminino é o movimento que reúne negócios idealizados e comandados por uma ou mais mulheres. Mas ele também pode ser entendido como iniciativas de liderança feminina em altos cargos de empresas, certo?

Isso porque o perfil empreendedor vai além de abrir o próprio negócio. Ele tem a ver com a postura. Postura de inovação, coragem e determinação. Você se identifica com isso?

O papel do empreendedorismo feminino é colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, com oportunidades de liderança para elas. Não faz sentido as diferenças de oportunidade no desenvolvimento da carreira de homens e de mulheres. Definitivamente, não deve haver mais espaço para isso no mundo de hoje.

Além disso, a diversidade nas mais variadas áreas gera mudanças na sociedade, traz novas perspectivas e é capaz de estimular a economia nacional e de outros países.

Empreendedorismo feminino fortalece a economia do mundo inteiro
Empreendedorismo feminino fortalece a economia do mundo inteiro

Mas, quais são os desafios da mulher empreendedora?

As mulheres ainda enfrentam desafios para empreender no Brasil.

Preconceito

Já comentamos que não faz sentido as diferenças de oportunidade entre os sexos. Ao longo dos anos, transformações importantes vêm sendo realizadas, mas, acredite, as mulheres ainda ganham menos que os homens em todos os estados e no DF.

Os números foram compilados pela consultoria IDados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) e são referentes ao terceiro trimestre de 2020.

A pior situação é observada no Mato Grosso do Sul, com a remuneração média das mulheres sendo equivalente a apenas 65,4% daquela recebida pelos homens.

salário de mulheres x homens gráfico

Não custa lembrar que, até 1962, as mulheres casadas só podiam trabalhar fora de casa se o marido permitisse. E, até 1974, elas eram proibidas de ter cartão de crédito, por exemplo, a não ser que tivessem um homem que assinasse sua aplicação.

Dupla jornada

A maioria das mulheres também precisa conciliar a vida profissional com a vida pessoal numa dupla jornada. Sem dúvida, é desafiador!

Ainda de acordo com a mesma pesquisa da Pnad Contínua e análise do iDados, quase metade dos lares é chefiado e mantido financeiramente por mulheres, um total de 34,4 milhões. Nesse montante, sem dúvidas, existem muitas mulheres empreendedoras, como trabalhadoras informais ou formais.

Mulheres casadas, solteiras, viúvas, não importa. O que se vê, no entanto, é que além de contribuírem (muitas vezes, se responsabilizarem integralmente) para as finanças da família, elas estão profundamente envolvidas com a gestão do lar e das necessidades de seus familiares, como compromissos escolares e afins.

Por isso, é necessária a divisão de responsabilidades entre todos os membros da família. Com uma gestão eficiente do tempo de todos, a empreendedora pode encontrar mais harmonia entre os seus diferentes papéis.

Falta de incentivo

O medo de falhar é algo que assusta muita gente, né? E quando estamos falando de empreender no Brasil, com toda sua carga tributária, dificuldade para obter crédito e até a resistência de algumas áreas de atuação para a entrada de mulheres à frente de seus negócios, esse receio pode ser ainda mais limitante.

Mulheres empreendedoras, muitas vezes, precisam lidar com suas inseguranças e a de pessoas que estão à sua volta. Em muitas histórias, são os familiares que dizem para que elas desistam do sonho de abrir um negócio e prefiram fazer um concurso público, por exemplo.

Que fique claro, a carreira como servidora pública também é desafiadora mas, uma mulher não deve escolhê-la se não for o seu desejo, afinal de contas:

Nós, mulheres, podemos ser o que quisermos ser!

Mulheres podem ser o que desejarem ser
Mulheres podem ser o que desejarem ser

Então, para melhorar a autoconfiança, a nossa dica é estudar sempre. Portais, blogs e o próprio YouTube têm conteúdos valiosos e gratuitos em diferentes áreas de conhecimento.

Dificuldade para o desenvolvimento contínuo

Use esses canais para manter-se atualizada sobre sua área de atuação e também para criar um plano de negócios eficiente. Ter uma boa ideia é só o primeiro passo para empreender. Para que seu negócio saia do papel e prospere, o planejamento é essencial.

Já listamos os 12 melhores cursos gratuitos e online da Udemy, plataforma desenvolvida em 2009. Atualmente, as suas principais áreas são:

  • design;
  • marketing;
  • programação;
  • finanças.

Se você procura outros cursos gratuitos com certificado em diferentes sites, confira este post!

Mortalidade dos negócios criados por mulheres

Como você você já sabe e os números da Pnad só confirmaram, as mulheres do mercado de trabalho recebem salários menores quando comparadas com homens que exercem os mesmos cargos.

Mas, e no empreendedorismo feminino, essa realidade permanece? Sim, infelizmente.

De acordo com os dados do Sebrae-SP citados pela consultora Maria Augusta Pimentel Miglino em entrevista para o site Pequenas Empresas, Grandes Negócios, os negócios comandados por mulheres tendem a acabar mais rápido do que os dos homens, o que pode estar relacionado ao motivo que boa parte delas iniciam a empreender.

A consultora afirma que 44% das mulheres empreendem por necessidade (desemprego, para complementar a renda familiar ou porque são líderes financeiras do lar), 40% delas não tinham uma experiência em administração de empresas e, com isso, pecam no planejamento, gestão de funcionários e das finanças do negócio.

Acesso e qualidade do crédito disponível para o empreendedorismo feminino

Além disso, o acesso ao crédito, que muitas vezes é o que permite que um negócio seja iniciado, ampliado ou salvo da falência, também é mais difícil para as mulheres.

Apesar de terem um percentual de inadimplência menor do que o dos homens (3,7% mulheres e 4,2% homens) nas linhas de crédito para negócios, o acesso e qualidade dos empréstimos é inferior para as mulheres empreendedoras.

A consultora do Sebrae pondera que a negativa do crédito ou os juros mais altos podem estar relacionados a descrença dos gerentes de banco sobre a capacidade das mulheres em investir bem o dinheiro emprestado para ter condições de devolvê-lo, e também a falta de segurança que algumas mulheres têm ao negociar melhores condições de contratação.

Ou seja, é como se em uma análise de risco, o fato de ser mulher aumentasse a possibilidade de calote, quando de acordo com os números, a situação é justamente ao contrário!

As empreendedoras pagam taxas de juros anuais 3,5% mais caras que as dos homens, um dado que bancos digitais e tradicionais com foco em contas jurídicas devem repensar em suas estratégias com máxima urgência.

Existe uma rede de apoio para mulheres empreendedoras?

Rede de apoio ao empreendedorismo feminino
Rede de apoio ao empreendedorismo feminino

Justamente para falar sobre os medos e as dúvidas das mulheres empreendedoras, nasceu a Rede Mulher Empreendedora (RME) em 2010. Ela foi idealizada por Ana Lúcia Fontes, quando participou do “Programa 10.000 Mulheres” da Fundação Getulio Vargas (FGV) e resolveu criar um blog para compartilhar questionamentos com outras mulheres empreendedoras.

Rede Mulher Empreendedora

Em 2017, ela resolveu ampliar seu objetivo e criou o Instituto Rede Mulher Empreendedora, com foco na capacitação de mulheres em situação de vulnerabilidade. Muito legal, não é mesmo?

O propósito da RME é empoderar as empreendedoras economicamente, garantindo independência financeira e de decisão sobre seus negócios e suas vidas. Para ter uma ideia, seu grupo fechado no Facebook, conta com mais de 90 mil empreendedoras.

Além de ser signatária dos princípios de empoderamento da ONU Mulheres, a RME também tem clientes e parceiros que acreditam nessa causa.

A Rede acredita que, quando uma mulher é empoderada financeiramente, ela muda a realidade da sua família e da sociedade em que está inserida. 

Quando o negócio dá certo, ela investe em sua comunidade para que haja um contínuo desenvolvimento e trata seu público de interesse como uma família estendida. Afinal, acredita no poder colaborativo para melhorar o mundo!

Ame Brasil

Outra instituição pronta para lhe dar o apoio e desenvolvimento necessário é a Associação de Mulheres Empreendedoras, a Ame Brasil.

Fundada por um grupo de mulheres empreendedoras encabeçadas por Cristina Boner, a Ame Brasil tem mais de 100 parceiros, já treinou mais de 19.000 mulheres empreendedoras e, entre suas demais ações, trem outros dois projetos que geram resultados incríveis:

  • Projeto Amadas, que foca mulheres em situações de risco e traz capacitações para que suas participantes enxerguem novas perspectivas de vida, como no empreendedorismo;
  • AME o que eu faço, que foca no empoderamento feminino por meio do empreendedorismo e da geração de renda, mesmo que seja para ganhar dinheiro em casa;

Quantas empreendedoras existem no país?

Segundo o Sebrae, num período de 10 anos (de 2001 a 2011), o número de mulheres empreendedoras cresceu 21%, enquanto o de homens cresceu 9%. Elas comandam 43% de todos os negócios do país e 73% são sócias de alguma pequena ou média empresa, de acordo com a Serasa Experian.

O país conta hoje com 9,3 milhões de mulheres à frente de uma empresa ( de diferentes portes e segmentos), sendo que 45% delas são chefes de família, ou seja, são a principal renda em seus lares.

Em comparação com os homens empreendedores, elas possuem escolaridade 16% superior, contudo, seus negócios ainda faturam 22% menos.

As mulheres representam cerca de 50% dos microempreendedores individuais (MEI) no país, se destacando em setores como beleza, moda e alimentação.

Efeitos da pandemia no empreendedorismo feminino

Entretanto, a pandemia interrompeu um ciclo de crescimento de quatro anos contínuos do empreendedorismo feminino, segundo levantamento do Sebrae.

Para ter uma ideia, no terceiro trimestre de 2020, a proporção de mulheres entre os donos de negócio caiu quase um ponto percentual em comparação com o mesmo período de 2019, chegando a 33,6% dos cerca de 25,6 milhões empreendedores no país. Isso representou a a perda dos negócios de 1,3 milhão de mulheres.

Desequilíbrio na divisão das tarefas domésticas

Mas por qual razão elas foram as mais afetadas pela crise econômica provocada pela Covid-19? Para a analista de relacionamento com o cliente e coordenadora do projeto Sebrae Delas, Renata Malheiros Henriques, um dos motivos é o desequilíbrio na divisão das tarefas domésticas.

E esse problema afeta tanto as empreendedoras quanto as mulheres no ambiente acadêmico e nas empresas privadas.

Para a gerente do Ganha-Ganha Brasil, programa da ONU e parcerias para estimular a equidade de gênero nos negócios, Tayna Leite, há um estereótipo de gênero em torno dos cuidados. Em outras palavras, a feminização do cuidado é atribuir essa responsabilidade à mulher, embora ela seja uma responsabilidade coletiva.

Parece algo tão óbvio, né? Mas, na prática, não é.

Impacto nos setores de maio atuação feminina

Além disso, as mulheres estão mais presentes no setor de serviços, que vem sendo bastante impactado pela crise. Isso porque elas costumam optar por um segmento em que já têm uma habilidade desenvolvida ao abrir seu negócio, diz a coordenadora do Núcleo de Mulheres e Território do Insper, Regina Madalozzo. 

Ana Fontes, da RME, destaca que 40% das empreendedoras têm no seu negócio a principal fonte de renda. Por essa razão, inovar acaba não sendo somente uma questão estratégica, mas uma questão de sobrevivência. 

Ela conta que foi necessária a aplicação de medidas práticas, como reduzir despesas, reorganizar as contas e postergar dívidas. Por outro lado, as mulheres empreendedoras também procuraram o caminho da capacitação, principalmente no que diz respeito à transformação digital.

Mulheres que vencem: confira três exemplos de empreendedoras em destaque no cenário nacional

No universo do empreendedorismo no Brasil, queremos destacar três delas: Luiza Helena Trajano, Camila Farani e Alcione Albanesi. Vale muito a pena conhecer a trajetória de cada uma delas!

Luiza Helena Trajano da Magazine Luiza

“Primeiro faça o necessário, depois faça o possível e, de repente, você vai perceber que pode fazer o impossível.” – Luiza Trajano

Hoje à frente de uma das maiores redes de varejo do Brasil, a Magazine Luiza, a empresária Luiza Helena Trajano começou como balconista na companhia dos seus tios na década de 1950 no interior de São Paulo.

Com muito esforço, ela fez faculdade de Administração de Empresas e, em 1991, iniciou sua empreitada como gestora. O seu diferencial?

Sempre apostar em inovações, relacionamento e nas pessoas, mesmo que não sejam só seus clientes, colaboradores e familiares. Recentemente a empresária iniciou uma frente de esforços para que a população brasileira seja mais rapidamente imunizada contra a Covid-19.

Uma das suas ideias foi colocar computadores nas lojas (ainda em 1992!) para que os clientes pudessem encomendar produtos que não estavam disponíveis nas prateleiras.

Camila Farani da G2 Capital

“Sua inquietude vai te levar a lugares onde os acomodados nunca estarão.” – Camila Farani

Outro nome de peso é Camila Farani, que também deu os seus primeiros passos na empresa da família, no caso, uma pequena tabacaria no Rio de Janeiro. Aos 21 anos, ela sugeriu à mãe a inclusão no cardápio de coquetéis feitos de café, além de café normal mesmo.

E, qual foi o resultado disso? Um aumento expressivo nas vendas e a formação de uma sociedade com a mãe!

Mais tarde, Camila fundou a G2 Capital, butique de investimento anjo que tem como foco investimentos em empresas de tecnologia. Então, o objetivo é ajudar os empreendedores a potencializarem seu negócio.

Assim, além de presidente da empresa, ela é hoje investidora na versão brasileira do maior reality de empreendedorismo do mundo, o Shark Tank do Canal Sony.

Em seu site, ela conta um dos seus maiores aprendizados: o caminho mais curto entre dois pontos se chama execução. Ter atitude é o que faz a diferença, afirma Camila.

Alcione Albanesi da FLC Lâmpadas e da Amigos do Bem

“Que ninguém se escuse de fazer o bem
Sob o pretexto de que é pequenino,
Pois cada qual algum recurso tem,
Para valorizar o seu destino! (…)”

Lema da Amigos do Bem

Alcione Albanesi começou a exercer seu espírito empreendedor com 17 anos no ramo da moda. Mas em 1992 ela vendeu sua confecção para investir em lâmpadas fluorescentes de baixo custo. Isso mesmo, um produto chinês despertou sua atenção. E, de lá para cá, são mais de 70 viagens à China para viabilizar novos negócios.

Além de empresária, ela também é fundadora da organização Amigos do Bem, uma iniciativa que já impactou mais de 60 mil pessoas no Nordeste do Brasil.

A proposta é promover a transformação de vidas por meio de projetos contínuos de educação, geração de renda e acesso à água, moradia e saúde.

Afinal, o que é ser uma mulher empreendedora no Brasil?

Você já sabe o que é o empreendedorismo feminino, quais são os seus desafios e o número de empreendedoras no país. E, para completar, conheceu um pouco mais sobre as histórias inspiradoras da Luiza, da Camila e da Alcione, que demonstram o que é ser mulher empreendedora.

Mas, não tenha dúvida de que há muitas outras trajetórias exemplares pelo Brasil afora. Marias, Adrianas, Julianas, Camilas e Marianas. Nomes menos conhecidos, mas que enfrentam, diariamente, todos esses desafios e muitos outros que são particulares de suas realidades.

Isso é ser uma mulher empreendedora no nosso país. Não é fácil (e nem sempre justo) e por isso não podemos romantizar. O empreendedorismo feminino exige que você drible as dificuldades dentro de sua realidade porque precisa, quer ou sonha com aquele tipo de realização profissional e recompensa. É não se anular, aceitar rótulos ou preconceitos. É vencer dia após dia.

Empreendedorismo feminino
Empreendedorismo feminino

Nós, mulheres, temos sim, muitos desafios no mercado de trabalho ou na jornada do empreendedorismo. Mas, também somos mais fortes unidas, somos inovadoras e, não importa a dificuldade, não desistimos fácil porque não podemos e não queremos.

Mulheres como a Luiza Trajano e até mesmo a cantora Anitta, quando têm suas capacidades empresariais questionadas, respondem com as mesmas respostas: talento. inovação. eficiência e um desejo sem tamanho de seguirem seus sonhos e metas.

Então, que assim seja.

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