Parece, mas não é investimento: 11 práticas com retorno financeiro duvidoso

Investimentos são ativos que geram valorização ou renda e não devem ser confundidos com outros produtos financeiros e práticas fraudulentas. Aprenda como identificá-los.

Escrito por Melissa Nunes

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“Jogo do Tigrinho” é investimento? Provavelmente você já sabe que não. Apesar disso, jogos de azar, day trade e as famosas “bets” ou casas de apostas esportivas estão entre os destinos mais comuns dados ao dinheiro dos brasileiros, na casa dos bilhões de reais.

Por terem alto risco de perdas financeiras e nenhuma garantia de retorno, é preciso pensar duas vezes antes de colocar seu capital em um desses produtos. Neste conteúdo, informe-se sobre coisas que parecem investimento, mas não são, e aprenda como proteger seu orçamento fazendo boas escolhas financeiras.

11 práticas que parecem investimento, mas não são

1. Títulos de capitalização

Nos bancos, os títulos de capitalização são frequentemente vendidos como um “investimento” com a vantagem de concorrer a prêmios em sorteios. No entanto, eles são mais parecidos com uma poupança forçada, em que você deposita um valor mensalmente e só pode resgatar ao final de um período.

O problema é que o rendimento, quando existe, é baixíssimo ou até mesmo inexistente, e o dinheiro resgatado pode ser menor do que o total que você pagou. No máximo, você recupera o capital corrigido por algum índice financeiro (e isso não é o mesmo que investir).

Além disso, ao participar de sorteios, você está apostando na sorte, e as chances de ganhar são mínimas. Na prática, títulos de capitalização não geram valor para o seu dinheiro. Se o seu objetivo é rentabilizar seu patrimônio, existem opções seguras que oferecem retorno mais interessante e garantido.

Dica da especialista:

Muitas vezes, o título de capitalização é vendido juntamente a outro produto, como um financiamento ou a abertura de uma conta, como condição para que o cliente possa contratar o que quer.

No entanto, essa prática se trata de uma venda casada, que é proibida pelo Código de Defesa do Consumidor. Caso aconteça com você, recuse e, se preciso, registre uma ocorrência junto ao Procon da sua cidade.

2. Loterias e jogos de azar

Loterias, como a Mega-Sena, bingos e jogos de azar, como o famoso “jogo do tigrinho”, costumam atrair quem sonha com grandes prêmios rápidos. Contudo, essas práticas não podem ser consideradas investimentos, porque dependem única e exclusivamente de sorte.

As chances de ganhar são extremamente baixas, e o dinheiro que você gasta nesses jogos não gera nenhum retorno previsível ou sustentável.

Enquanto um investimento real se baseia em análise, planejamento e expectativas fundamentadas, os jogos de azar são apenas isso: azar ou sorte. Eles podem ser divertidos como forma de entretenimento, mas confiar neles para construir riqueza ou planejar o futuro financeiro é uma armadilha perigosa.

3. Casas de apostas (as famosas Bets)

As apostas esportivas estão cada vez mais populares e são frequentemente apresentadas como uma maneira de “investir” com base no conhecimento esportivo. Contudo, apostar em resultados de jogos é um risco enorme, porque você não tem controle sobre os resultados, que dependem de inúmeros fatores imprevisíveis.

Além disso, os ganhos são inconstantes e não há garantia de retorno, diferentemente de um investimento real, que segue estratégias e análise. Apostar pode ser divertido para quem sabe os riscos envolvidos, mas não é uma maneira sustentável ou segura de fazer seu dinheiro crescer.

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Quero apostar mesmo assim, e agora?

Se você gosta de apostas esportivas e, mesmo sabendo dos riscos, quer continuar praticando, não há problema: separe uma parte do seu orçamento mensal para esse objetivo, assim como gastaria com outras formas de lazer.

Mantendo esse controle, você aceita que esse dinheiro pode ser perdido e diminui as chances de acabar comprometendo sua renda de maneira irresponsável.

4. Pirâmides financeiras

As pirâmides financeiras, ou esquemas de Ponzi, prometem retornos rápidos e altos para quem entra no “investimento”. Elas são caracterizadas por dependerem exclusivamente da entrada de novos participantes para sustentar os pagamentos dos mais antigos. Isso significa que, eventualmente, o esquema colapsa, deixando muitas pessoas no prejuízo.

Embora sejam frequentemente disfarçadas como oportunidades legítimas, pirâmides financeiras não geram valor nem lucro real. São, na verdade, uma fraude. Identifique promessas de lucros garantidos e altos em pouco tempo como sinais de alerta e mantenha distância.


Mantenha-se informado:


5. Criptomoedas sem fundamentação

O mercado de criptomoedas, por si só, representa um investimento de alto risco. No entanto, muitas moedas digitais surgem no mercado sem um projeto sólido, lastro ou utilidade clara, atraindo pessoas com promessas de valorização rápida.

Na prática, muitas dessas moedas desaparecem ou perdem quase todo o valor em pouco tempo (confira uma lista atualizada).

Criptomoedas bem estruturadas, como o Bitcoin, podem ser parte de uma carteira diversificada, com uma porcentagem de participação bem definida. Mas comprar moedas pouco conhecidas e sem estudo aprofundado é especulação, não investimento. Antes de aplicar seu dinheiro, avalie se há um propósito claro por trás da moeda e busque sempre informações confiáveis.

6. Seguro com resgate

O seguro com resgate pode parecer um investimento, já que permite recuperar parte do valor pago ao final do contrato. No entanto, a principal função desse produto é proteger o segurado contra determinados riscos, como morte ou invalidez, e não rentabilizar dinheiro.

Os valores resgatados costumam ter baixa rentabilidade e, na maioria das vezes, não compensam financeiramente. Se o seu objetivo é fazer seu dinheiro crescer, procure produtos financeiros como fundos ou títulos de renda fixa, que oferecem retorno mais vantajoso.

7. Planos de marketing multinível (MMN)

Apesar de o marketing multinível ser legal em muitos casos, alguns planos mascaram esquemas de pirâmide. Nesses casos, os ganhos vêm mais do recrutamento de pessoas do que da venda real de produtos, o que o torna insustentável a longo prazo.

Ao entrar em um MMN, avalie se o foco está na comercialização de produtos legítimos e se há um mercado consumidor real. Caso contrário, você pode estar entrando em uma armadilha disfarçada de oportunidade de investimento.

8. Colecionáveis e antiguidades não certificadas

Colecionar itens como moedas, selos ou obras de arte pode ser um hobby valioso, mas só se torna um investimento quando há certificação e mercado consolidado. Sem isso, o valor desses itens é subjetivo e pode ser difícil transformá-los em dinheiro.

Além disso, contar com a valorização futura de um item é incerto e não oferece garantia de retorno. Se sua intenção é investir, procure opções mais seguras e previsíveis.

9. Day trade e operações especulativas

Embora o day trade possa ser lucrativo para profissionais experientes, muitas pessoas entram nessa prática sem conhecimento suficiente e tratam como apostas. A alta frequência de negociações e a volatilidade do mercado tornam essa modalidade extremamente arriscada para iniciantes.

Em qualquer tipo de operação especulativa feita sem uma estratégia clara e conhecimento profundo, as chances de prejuízo são enormes. Day trade, swing trade e outros tipos de negociações curtas exigem preparo, estudo e gestão rigorosa de risco – não é uma forma rápida ou garantida de ganhar dinheiro.


Quer começar? Aprenda mais: Day Trade é furada? 7 dicas essenciais para iniciantes!


10. Consórcios

Consórcios são uma alternativa interessante para adquirir bens de forma planejada, como imóveis ou veículos, mas não são investimentos. Eles funcionam como uma forma de poupança em grupo, onde os participantes contribuem mensalmente para formar um fundo comum, e um ou mais participantes são contemplados por sorteio ou lance para receber a carta de crédito.

No entanto, consórcios não geram rentabilidade nem valorizam o dinheiro aplicado. Além disso, você paga taxas administrativas e, em muitos casos, pode esperar anos para ser contemplado.

Embora sejam úteis para planejar aquisições de grande porte, não devem ser confundidos com uma estratégia para fazer o dinheiro crescer.

11. Comprar dólar e outras moedas estrangeiras

Comprar dólares ou outras moedas estrangeiras é uma prática comum para quem deseja se proteger contra a desvalorização da moeda local ou planeja uma viagem, mas não deve ser tratado como investimento. O câmbio é altamente volátil e influenciado por fatores externos imprevisíveis, como política, economia global e decisões governamentais.

Se o objetivo é diversificar sua carteira com exposição ao mercado internacional, investir em ativos dolarizados, como fundos ou ações estrangeiras, é uma estratégia mais eficiente e com potencial de rentabilidade real.

Comprar dólar por conta própria deve ser visto como proteção ou reserva, não como uma forma de lucrar.

Dica da especialista:

Embora o dólar tenda a valorizar sobre o real ao longo dos anos, a moeda perde para indicadores como o CDI, o IPCA e o Ibovespa quando consideramos prazos mais longos. Por isso, como investimento, não faz muito sentido apenas ter capital em dólar.

A compra da moeda é recomendada para quem pretende fazer uso dela, como em uma viagem, ou para adquirir bens no exterior. Para investir, é sempre melhor buscar produtos que rentabilizem o capital.

O que é um investimento, afinal?

Um investimento real é aquele que faz o seu dinheiro crescer de forma consistente, baseada em fundamentos claros e em um equilíbrio entre risco e retorno. Assim, é essencial que o dinheiro seja aplicado em algo que tenha potencial de valorização ou que gere renda ao longo do tempo.

Isso pode incluir ativos financeiros, como ações e títulos de renda fixa, ou até mesmo bens físicos, como imóveis.

Se você está aplicando seus recursos em algo, pergunte-se: “O meu dinheiro está trabalhando para mim? Estou obtendo uma rentabilidade sustentável e baseada em fundamentos sólidos?” Se a resposta for sim, você provavelmente está diante de um investimento de verdade. Se não, pode ser uma aposta, uma especulação ou, no máximo, uma alternativa de proteção, mas não algo que vai de fato multiplicar seu patrimônio.


Quer aprender mais sobre investimentos? Confira:


Como evitar armadilhas financeiras?

Evitar práticas que parecem investimentos, mas não são, exige atenção, conhecimento e um pouco de desconfiança saudável.

O primeiro passo é entender que oportunidades financeiras milagrosas quase sempre têm armadilhas escondidas. Se alguém promete lucros garantidos, retorno rápido ou ganhos muito acima da média do mercado, encare isso como um grande sinal de alerta. Investimentos reais envolvem riscos proporcionais ao retorno e nunca são garantidos.

Outra forma de se proteger é buscar informações confiáveis antes de aplicar seu dinheiro. Consulte fontes como órgãos reguladores (CVM, Banco Central, SUSEP) para verificar se o produto ou serviço é legítimo.

Além disso, é fundamental entender a estrutura do que você está comprando. Mesmo quando o investimento é real, não quer dizer que é um produto adequado ao que você precisa, o que também pode se tornar uma armadilha. Ao conhecer as condições do investimento, você se protege de fazer escolhas erradas.

Por fim, procure orientação profissional, como consultores financeiros ou especialistas em investimentos. Eles podem ajudar a criar uma estratégia alinhada aos seus objetivos e ao seu perfil de risco.

Lembre-se: investir de verdade requer planejamento, paciência e, acima de tudo, escolhas bem informadas. O segredo está em priorizar opções que realmente gerem valor e sejam sustentáveis a longo prazo, além de estarem alinhadas às suas necessidades.

Em resumo

Para finalizar, vamos recapitular os principais pontos abordados nesse conteúdo. Aqui está o que aprendemos:

  • investimentos reais são aqueles que geram valor, possuem fundamento e oferecem retorno proporcional ao risco e ao tempo;
  • práticas que parecem investimentos, mas não são incluem títulos de capitalização, loterias, casas de apostas, pirâmides financeiras, consórcios e compra de dólar como especulação;
  • essas práticas, em sua maioria, dependem de sorte, variáveis imprevisíveis ou são apenas fraudes;
  • alguns sinais de alerta para evitar armadilhas são: promessas de lucro garantido, retornos altos e rápidos, e falta de regulamentação ou transparência;
  • para se proteger, pesquise antes de aplicar, verifique se a prática é regulamentada por órgãos oficiais, conheça os produtos financeiros e busque orientação profissional, se necessário.

O conhecimento é o seu melhor aliado na hora de investir. Ao entender o que é um investimento real e o que não é, você estará mais preparado para tomar decisões financeiras inteligentes e construir um futuro financeiro sólido. Escolha com cuidado e faça seu dinheiro trabalhar para você!


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Perguntas frequentes

  1. O que não é considerado investimento?

    Títulos de capitalização, consórcios, jogos de azar, loteria, bets (casas de aposta) e compra de moedas estrangeiras são práticas comumente confundidas com investimentos, mas não são.

  2. Porque aposta não é investimento?

    Apostas esportivas e de outros tipos são apenas um passatempo que dependem da sorte para dar resultados positivos. Não há fundamentos nem geração de valor ou renda, visto que os ganhos são aleatórios e nunca garantidos.

  3. Quais são alguns exemplos de investimentos?

    Alguns investimentos mais comuns são os produtos bancários, como a poupança e o CDB, ações da bolsa de valores, fundos de investimentos, ETFs, entre outros.

  4. As bets são legalizadas no Brasil?

    Sim, as casas de apostas esportivas foram legalizadas no Brasil pela Lei 13.756/2018. Assim, as empresas desse setor puderam regularizar sua situação no Brasil. Você pode conferir a lista atualizada no gov.br.

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