Fundo cambial: como funciona e como escolher para investir?

Veja como funciona o fundo cambial, suas características e como escolher o melhor para a sua carteira.

Escrito por Melissa Nunes

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O fundo cambial ainda se apresenta como um ativo menos chamativo no mercado, embora possa oferecer uma série de vantagens para investidores interessados em diversificar sua carteira de forma mais profissional.

A atuação com moedas estrangeiras é uma prática tradicional, que carrega vantagens como valorização e movimentações recorrentes. Dessa forma, pode ser uma alternativa que atrai a atenção de investidores em busca de um produto diferenciado, mas que ainda possua rentabilidade considerável.

No entanto, as considerações em torno desse fundo de investimento podem fazer com que se pareçam menos acessíveis para perfis iniciantes ou conservadores. Nesse caso, é fundamental trazer mais detalhes sobre como o fundo cambial opera, para que novos investidores conheçam esse produto e possam avaliá-lo com mais confiança.

O que é um fundo de investimento?

Um fundo de investimento (FI) é uma aplicação financeira que visa alocar capital de vários participantes em diferentes ativos, reunidos em uma carteira. Dessa forma, funciona como um ativo coletivo, caracterizado por ter uma gestão terceirizada, transformando-o em uma categoria de produtos mais acessível para perfis iniciantes.

Além disso, existe uma grande variedade de modelos em seu catálogo, com cestas de renda variável, renda fixa, de ações ou de commodities, por exemplo. Com isso, consegue atrair investidores menos arrojados ou que não desejam investir diretamente em ativos financeiros.

Para entender melhor sobre o que é e como funciona o fundo de investimento, confira nosso guia especial sobre o assunto!

Como funciona um fundo cambial?

Depois de entender melhor o que é fundo de investimento, é possível aprender como funciona um fundo cambial com maior confiança.

Este investimento é um tipo de fundo que realiza aplicações baseadas em moedas estrangeiras, como dólar, euro ou libra. Dessa forma, em vez do investidor comprar e vender moedas em si, ou mini contratos de dólar, por exemplo, ele realiza um aporte em um fundo cambial, que traz esses papéis geridos por profissionais.

Nesse caso, seu funcionamento inicial, além das características que acompanham o câmbio, é semelhante a outras modalidades de fundos. Isso porque ele também é administrado por uma gestão especializada, onde o investidor não escolhe as moedas que irão compor a carteira, mas pode aproveitar da rentabilidade das melhores escolhas feitas por um gestor qualificado.

Além disso, sua composição também pode variar. Para ser considerado um fundo cambial, é preciso manter, pelo menos, 80% do patrimônio investido em ativos relacionados a moedas. No mercado financeiro, os mais populares dessa categoria são fundos cambiais de dólar, a moeda americana, que possui a maior influência no mercado atualmente.

Contudo, de forma geral, são parecidos com outros tipos de fundos. A carteira cambial também representa um investimento coletivo, onde os ganhos são divididos entre os participantes na mesma proporção de participação.

Composição da carteira

Além disso, o fundo cambial pode ter diferentes ativos relacionados a moedas, sem que seja necessário apresentar somente o próprio papel de negociação. Por exemplo, é possível que os gestores comprem títulos relacionados a moedas, como aqueles emitidos por bancos ou empresas, ou, ainda, adquirir derivativos que permitem replicar a variação cambial.

Desde que 80% do patrimônio seja voltado para atender essa demanda, é possível categorizá-lo como fundo cambial.

Ainda, além de dólar e euro, é comum que a composição da carteira também invista em cestas de outras moedas, como libra, iene e yuan.

Rendimento

Enquanto isso, a observação do rendimento desses ativos é feita de maneira simples, uma vez que basta acompanhar o seu desempenho no mercado.

No entanto, assim como outros fundos mais voláteis, como fundos de ações, é possível que exista uma mudança brusca nos rendimentos, sendo importante estar atento para as mudanças periódicas no mercado.

Além disso, sua rentabilidade também depende da performance da flutuação dos demais ativos da carteira, o que pode tornar esse portfólio menos estável do que outras opções.

De acordo com relatório da Associação Brasileira das Instituições do Mercado Financeiro e de Capitais (ANBIMA), os fundos cambiais do mercado apresentaram uma rentabilidade conjunta de 8,74% no ano de 2021. Por estarem altamente relacionados ao câmbio, sua variação pode ser bastante imprevisível.

Tributação

Além disso, um dos pontos de maior atenção para o fundo cambial é a sua tributação. Isso porque o investidor dessa modalidade está exposto a dois impostos: o Imposto de Renda e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Em um primeiro momento, o Imposto de Renda incide sobre a rentabilidade da carteira, não sobre o patrimônio inteiro. Para avaliar o valor devido, é necessário verificar qual o período de vencimento do produto.

Atualmente, os fundos cambiais podem ser divididos entre:

  • curto prazo: compostos por papéis com vencimento abaixo de 365 dias;
  • longo prazo: compostos por papéis com vencimento acima de 365 dias, em média.

Dessa forma, o período de permanência afeta o valor da alíquota cobrada. Na prática, quanto mais tempo o capital ficar investido, menor será a taxa devida. 

O Imposto de Renda no fundo cambial segue as seguintes alíquotas regressivas:

Fundo cambial de curto prazoAlíquota do IR
Até 180 dias de aplicação22,5%
Acima de 180 dias de aplicação20%

Os fundos cambiais de longo prazo apresentam mais alíquotas e divisão de períodos:

Fundo cambial de longo prazoAlíquota do IR
Até 180 dias de aplicação22,5%
De 180 a 360 dias de aplicação20%
De 361 a 720 dias de aplicação17,5%
Acima de 720 dias de aplicação15%

Cobrança do “come-cotas”

A cobrança do Imposto de Renda no fundo cambial segue a mesma sistemática de fundos multimercados ou de renda fixa, para investidores que já estão familiarizados com esses produtos. Sua cobrança é semestral, conhecida como “come-cotas”. Isso não acontece nos fundos de ações, por exemplo.

Nesse caso, os administradores calculam quanto os investidores devem de imposto duas vezes por ano, no último dia útil dos meses de maio e novembro. Assim, considera-se a menor alíquota de cada categoria, no curto e longo prazo.

Por fim, a cobrança é feita recolhendo cotas do fundo, o que atribui seu nome popularmente conhecido.

Caso o investidor queira resgatar o fundo em um período menor, com alíquotas maiores, a diferença do que já foi pago deverá ser acertada pelo investidor com o administrador, que retém o restante no momento do saque.

Já o IOF é cobrado apenas se o resgate do investimento for realizado em um período inferior a 30 dias a partir da aplicação. Nesse caso, a alíquota sobre o rendimento pode variar de 96% a 0%, dependendo do dia.

Quais os riscos de um fundo cambial?

Como todo investimento, especialmente de renda variável, existem alguns riscos a serem considerados, especialmente entre investidores iniciantes.

No fundo cambial, esse principal fator é a flutuação do preço da moeda estrangeira, bem como a variação da taxa de juros do cupom cambial. Essas oscilações interferem diretamente no valor do fundo cambial, e, consequentemente, na sua rentabilidade também.

O fator de volatilidade é particularmente importante no fundo cambial, pois as moedas estão relacionadas entre si, e dependem uma da outra para movimentar o mercado como um todo.

Atualmente, a flutuação da moeda americana é o que dita o restante das principais moedas estrangeiras, e seu comportamento pode influenciar os fundos. 

Além disso, outro risco que vale a pena mencionar no fundo cambial é a influência que sofre do cenário macroeconômico, responsável direto pelas flutuações mais instáveis. Incertezas na economia tendem a fazer com que as moedas variem mais no mercado.

Isso ocorre com o cenário da economia e também da política, forte influente sobre os papéis de lastro.

Por esse motivo, esta modalidade de fundo acaba se tornando mais volátil do que outras categorias, embora possa apresentar rentabilidades superiores, por conta da movimentação constante das moedas.

Quanto custa investir em fundos cambiais?

Os custos do fundo cambial preveem algumas taxas de remuneração por conta das instituições envolvidas, que incluem um gestor e um administrador especializados, por exemplo. 

A principal taxa dessa modalidade, que também é comum em outros tipos de fundos, é a taxa de administração, para remunerar os serviços de gestão sobre o patrimônio do investimento coletivo. Ela varia de acordo com a instituição e costuma ser apresentada como anual, mas sua cobrança é feita diariamente, de maneira proporcional. Assim, a rentabilidade mostrada em cada fundo já é líquida das suas taxas.

Enquanto esse percentual é pago independentemente da posição ou retorno do fundo cambial, a taxa de performance é uma cobrança que pode incidir no investimento, mas somente com base nos resultados.

Trata-se de um bônus em fundos de gestão ativa que conseguem uma rentabilidade superior ao referencial previamente combinado (como o CDI ou o Ibovespa). Dessa forma, os investidores pagam um novo percentual para  a gestão por conta da sua performance positiva.

Vantagens e desvantagens de investir

Em resumo, podemos dizer que fundos cambiais têm vantagens e desvantagens, como:

VantagensDesvantagens
PraticidadeFalta de autonomia
Fácil acompanhamentoVolatilidade do mercado
Gestão profissionalTaxas

Ainda assim, vale avaliar cada ponto. Veja a seguir.

Vantagens do fundo cambial

Em um primeiro momento, a vantagem que mais se destaca no fundo cambial é a facilidade que o investidor apresenta para diversificar sua carteira com moedas estrangeiras, sem ter que escolher seus próprios ativos, um por um.

Além disso, o fundo é administrado por uma gestão profissional, com consultores qualificados para escolher as melhores composições para a carteira. Dessa forma, o investidor não precisará acompanhar o ativo periodicamente, sendo mais simples de administrá-lo, mesmo sem pleno conhecimento de como ele funciona.

Isso também contribui para as escolhas dos melhores títulos da carteira, buscando a melhor rentabilidade do momento, o que é positivo para os participantes.

De modo geral, trata-se de um ativo que proporciona mais praticidade para investimentos internacionais, com boa rentabilidade, sendo uma opção interessante para diversificar a carteira com produtos que não trazem total exposição ao mercado, mas com chances de bons retornos.

Desvantagens do fundo de ações

Por outro lado, a gestão terceirizada também conta com menos autonomia para o investidor, que deixa de poder escolher quais ativos irão compor a sua carteira, por exemplo.

Para perfis mais experientes, o fundo cambial se torna menos atrativo por conta dessa característica, principalmente pessoas que já conhecem o comportamento do mercado e podem ter preferência por determinados ativos.

Além disso, uma das grandes desvantagens do ativo é a volatilidade do câmbio, que pode comprometer sua rentabilidade, sendo um dos investimentos menos estáveis do mercado.

Embora as movimentações possam trazer grande valorização para a moeda do fundo, o mesmo pode ocorrer com uma queda abrupta, de modo que os participantes perdem rendimentos com mais rapidez do que em outros ativos, por exemplo.

Ainda, vale mencionar que administração terceirizada acompanha o pagamento de taxas, o que também não se apresenta como um ponto positivo para o investidor. 

Como investir em fundos cambiais?

Por fim, depois de avaliar mais sobre o fundo cambial, o investidor poderá investir nesse produto com facilidade. Isso porque ele está disponível no catálogo das principais corretoras do mercado. Dessa forma, basta ter uma conta ativa na companhia de sua preferência e localizar o fundo para investimento.

É possível ainda, contar com um gestor de fundo experiente para orientar sua decisão.

Contudo, desde que a corretora esteja devidamente cadastrada nos órgãos de regulação, é possível encontrar um fundo cambial em qualquer administradora do segmento. Em seguida, basta confirmar o valor das cotas e o saldo disponível na conta do investidor, para finalizar a compra e já possuir o fundo na sua carteira.

Como escolher um bom fundo cambial?

Agora, antes de escolher um fundo cambial, é importante se atentar para alguns pontos que podem ajudar na decisão do melhor produto para o seu perfil.

Com uma variedade considerável de ativos no mercado, pode ser difícil para iniciantes ou inexperientes entenderem qual o melhor fundo. Dessa forma, existem alguns fatores que auxiliam nessa escolha:

Risco

Uma vez que a flutuação da moeda é um dos principais riscos do fundo cambial, vale a pena se atentar para esse elemento durante a sua escolha.

Procure verificar se as taxas de câmbio das moedas que compõem a carteira sobem ou descem mais rapidamente, e qual o impacto disso para as cotas. Assim, mesmo se tratando de uma modalidade menos estável, será possível adquirir um fundo com menos riscos possíveis.

Aplicação mínima

A aplicação mínima é o valor necessário para o investidor participar do fundo, por meio de uma quantidade estipulada de cotas. Com isso, é importante verificar essa exigência antes de escolher um fundo, pois o aporte pode variar dependendo da colocação da gestão.

No fundo cambial, a aplicação mínima costuma variar, mas existem opções a partir de R$ 500, interessantes para investidores que estão começando e desejam diversificar sua carteira com um pequeno valor.

Por outro lado, algumas opções mais aprimoradas podem chegar a R$ 25 mil de aplicação mínima, de modo que o investidor precisa ficar atento para encontrar valores que estejam em seu alcance, inicialmente.

Performance

Enquanto isso, a performance também é um dos pontos mais importantes na avaliação do melhor fundo cambial. Isso porque é esse elemento que indica os resultados esperados para o produto, quais os retornos que o investidor terá.

Assim, avaliar a performance do produto ao longo do tempo ajudará a encontrar a melhor alternativa para o seu perfil, de acordo com a rentabilidade que você espera desse tipo de investimento.

É possível verificar mais sobre a performance passada dos fundos em sua página nas corretoras, ou também por meio dos dados disponibilizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Geralmente, os fundos exibem seu percentual alcançado nos últimos 12 meses, o que facilita para o investidor na hora de avaliar a performance e rentabilidade. De qualquer forma vale lembrar a máxima de que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.

Liquidez

A liquidez é a facilidade com que o investidor consegue resgatar seu investimento e transformá-lo em capital.

No caso do fundo cambial, é importante verificar as datas especificadas de conversão, quando o valor das cotas será pago no resgate, e também a data de pagamento, quando os recursos são enviados, efetivamente, para a conta.

Usualmente, a data de conversão de um fundo cambial é D+1, que significa que o cálculo do valor das cotas ocorre um dia após a data do pedido de resgate. Na prática, isso significa que o total pode variar dentro desse período de avaliação.

Para contratos que apresentem outras datas de liquidez, vale a pena ficar atento, pois, por exemplo, uma data D+30 pode apresentar um período muito discrepante entre o pedido de resgate e a avaliação, correndo o risco de perder rendimentos.

Avaliação

Por fim, para escolher o melhor fundo cambial, é importante não deixar de conferir a avaliação dos demais investidores quanto ao fundo e a companhia de gestão. Essa é uma ferramenta interessante para decidir qual investimento atende melhor ao seu perfil, de acordo com a exposição de outros participantes, indicando mais sobre sua rentabilidade, risco e experiência na carteira.

Ainda, muitas avaliações também indicam como a empresa de gestão opera, e é fundamental buscar administradoras bem classificadas no mercado.

Como comparar fundos cambiais?

Ainda, para investidores que desejam comparar os fundos cambiais antes de tomar uma decisão definitiva, existe uma ferramenta que pode auxiliar nessa pesquisa. Trata-se de um comparador online disponibilizado pela Anbima em seu próprio site.

Basta que o usuário acesse a plataforma e selecione até quatro fundos que deseja comparar. Na tela, poderá conferir as principais informações sobre cada um, de forma mais simples para visualizar.

Com isso, o investidor poderá ter uma base mais concreta de conhecimentos antes de escolher um fundo cambial para a sua carteira.

Vale a pena investir em fundos cambiais?

Embora não seja uma alternativa muito escolhida entre iniciantes, o fundo cambial se apresenta como uma alternativa acessível mesmo para perfis que possuem pouca experiência.

Suas chances de rentabilidade são consideráveis, além de apresentar as mesmas características que outros investimentos coletivos, como administração terceirizada e maior praticidade para investir em moedas estrangeiras.

Contudo, questões como volatilidade do mercado tornam esse produto mais instável, o que pode afastar investidores com um perfil mais conservador. Por isso, o retorno de um fundo cambial pode ser interessante para investidores com um perfil mais arriscado, que desejam não apenas variar a sua carteira, mas também operar no mercado internacional.

Dessa forma, optando por um fundo, é possível realizar essa atuação com mais segurança e menos exposição direta a fatores negativos do câmbio. Assim, conhecendo os riscos e como se comporta esse produto, vale a pena considerar o fundo cambial como alternativa para a sua carteira.

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