A stablecoin vem ganhando espaço no mercado financeiro como uma alternativa menos volátil das criptomoedas. E, com isso, já vem chamando a atenção de investidores, principalmente dos que possuem um perfil mais conservador predominante.
Unindo características das duas modalidades, como moeda real e virtual, essa categoria permite que o detentor tenha mais segurança quanto às suas alterações. Por outro lado, muitas pessoas desconhecem este produto, como ele funciona ou quais os riscos atribuídos ao seu lançamento.
Nesse caso, é fundamental entender melhor sobre essa categoria antes de investir, para ter a confiança de que se trata de um recurso autêntico e que combina com o seu perfil. Pensando nisso, preparamos um conteúdo especial sobre a stablecoin com tudo que você precisa saber antes de adquiri-la. Veja mais sobre suas vantagens e desvantagens, e quais os tipos disponíveis da moeda virtual mais estável que as criptomoedas.
O que é stablecoin?
A stablecoin é uma moeda de baixa volatilidade que possui seu lastro associado a ativos reais, como dólar, ouro ou petróleo. Seu termo vem do inglês “stable”, que significa estável, e “coin”, que significa moeda. Embora seja um produto virtual, sua associação de valor é feita com recursos que existem no mundo físico.
Suas características são mais incomuns no mercado de criptomoedas, por não apresentar curvas extremas de variação. Isso acontece por ter seus valores vinculados a ativos como moedas fiduciárias e commodities, mesmo que tenha nascido em uma blockchain e possua o mesmo tipo de banco de dados que outras moedas digitais, como Bitcoin.
Na prática, essa categoria de criptomoedas estáveis segue a mesma lógica do sistema monetário padrão-ouro, comum nos anos 1970. A emissão do papel-moeda estava atrelada à quantidade de metal que o país possuía na época.
Hoje, quando uma empresa coloca uma stablecoin no mercado, ela deve ter a mesma quantidade do ativo atrelado ao seu caixa. Por exemplo, se uma companhia emite uma moeda estável associada ao dólar, cada unidade deve corresponder a U$ 1 em sua conta. Isso permite que a volatilidade do produto seja menor, e exista uma maior segurança em suas movimentações.
Qual é a relação das stablecoins com as criptomoedas?
A stablecoin é um formato de criptomoeda e, por ser originada na blockchain e apresenta as principais características dessa modalidade. Isso significa que suas negociações também são independentes, sem mediações externas, e se aplica a mesma tecnologia de segurança dos livros-razão digitais, com criptografia de ponta nos dados dos envolvidos.
Seu objetivo também é ser uma forma monetária digital menos burocrática e mais confiável. No entanto, em vez de ser um produto cuja volatilidade depende unicamente do mercado, a stablecoin possui lastro em ativos reais.
Isso permite que ela estabeleça uma conexão entre o mundo externo e o blockchain, sendo uma criptomoeda mais estável, como seu nome indica, enquanto mantém aspectos de ativos virtuais, como fluxo livre de capital.
Diferenças entre stablecoin e criptomoedas
Por outro lado, apenas da relação direta, sendo um produto que pertence à mesma categoria, a stablecoin e as criptomoedas tidas como convencionais possuem diversas diferenças. A começar pelo lastro, que, no modelo tradicional, deixa de envolver ativos do mercado real, enquanto a moeda estável pauta seu valor na paridade com esses produtos.
Isso interfere diretamente na valorização que ambas podem alcançar, uma vez que as criptomoedas convencionais alcançaram posições consideráveis no segmento, e as stablecoins se mantêm dentro de determinado limite.
Por outro lado, com isso, a volatilidade também se torna uma diferença marcante entre as duas modalidades, pois uma categoria é conhecida pela sua alta variação, enquanto a outra foi desenvolvida para ter um aspecto mais estável.
Ainda, embora compartilhem características como maior independência contra os órgãos regulatórios, a stablecoin está exposta às decisões governamentais e de bancos centrais por conta da inflação. Seu lastro em ativos reais faz com que ela possa ter seu valor alterado por conta dessas variações no mercado tradicional.
Tipos de stablecoin
Atualmente, existem quatro tipos de stablecoin atuando no mercado digital, com características e formas de lastro diferentes. Antes de investir nessa modalidade, vale a pena conhecer mais sobre como ela funciona:
1. Stablecoin cripto-colateralizada
A stablecoin cripto-colateralizada é um tipo que utiliza um colateral/lastro descentralizado, como outras criptomoedas. Dessa forma, pode ser uma solução para problemas em relação à confiança no emissor, por utilizar ativos reais e com maior tendência a fraudes.
No caso dessa categoria, que se baseia, por exemplo, no Ether (ETH), seu valor e lastro são relacionados a um ativo também descentralizado, sem ação de órgãos externos. Por outro lado, perde um pouco da característica estável, por conta da volatilidade apresentada pelas variações de preços dessas moedas.
2. Stablecoin commodity-colateralizada
Enquanto isso, essa categoria é lastreada por commodities, ativos diversos como:
- metais preciosos;
- recursos naturais;
- obras de artes;
- imóveis.
Basicamente, seu valor equivale ao quanto os ativos valem no mercado real, e sofrem com a variação de preço e eventuais inflações relacionadas a eles.
Além disso, esse produto é visto mais como uma forma de investimento, e não como um produto monetário, para movimentações e transações, ou uma forma de proteção do capital.
3. Stablecoin não-colateralizada ou algorítmica
A stablecoin não colateralizada ou algorítmica são uma modalidade distinta, que não possui nenhum lastro. Nesse caso, o que mantém seu preço estável são os algoritmos que regulam a quantidade de ativos em circulação, realizando a operação de queima ou emissão de novos tokens conforme a necessidade de manutenção dos preços.
Esse tipo foge um pouco à regra que define as moedas estáveis, pois utiliza da tecnologia e contratos inteligentes para se manter estável, em vez de ativos reais. Além disso, é uma categoria que está presente em outras, por exemplo, uma stablecoin lastrada em criptomoeda também pode ser regulada pelo algoritmo, se encaixando em ambas as definições.
4. Stablecoin centralizadas
Por fim, a stablecoin centralizada é o tipo mais conhecido, sendo uma moeda que possui um proprietário único e gera tokens baseados em ativos reais, como moedas fiduciárias ou metais.
Nesse caso, a companhia que administra a emissão da moeda emite o produto com base na sua própria reserva, o que torna difícil saber se ela, de fato, possui o número de ativos que confirma, ou pode estar gerando tokens sem garantia.
Ainda, o controle da emissão fica a cargo de uma instituição real, embora as moedas digitais tenham como característica a independência e autorregulação.
Quais são as principais stablecoins?
Embora a stablecoin seja uma modalidade relativamente nova no mercado, se comparada a outros tipos de criptomoedas mais convencionais, existem alguns nomes que já se consolidaram.
Eles são baseados nos mais variados ativos, e podem interessar investidores que se familiarizam com algum produto específico, ou buscam formas de proteger seu capital com moedas virtuais. Por isso, veja as principais stablecoins em comercialização atualmente, e como elas se comportam:
Tether (USDT)
A Tether (USDT) é uma stablecoin pareada ao dólar, lançada em 2014 por Brock Pierce, sendo reconhecida como a primeira criptomoeda estável do mercado. A empresa que administra e controla sua emissão alega que seu lastro equivale a uma unidade de dólar, de modo que cada lançamento de um novo token corresponde a uma moeda, e segue sua variação.
No entanto, essa companhia e sua moeda já foram alvo de contestações por especialistas financeiros, e chegou a ser investigada pela Procuradoria Geral de Nova York, por existirem dúvidas de que o pareamento era real.
Contudo, mesmo com o pagamento de multas e das dúvidas sobre a movimentação dessa moeda, a Tether é uma das stablecoins mais populares do mercado de criptomoedas, tendo uma das maiores capitalizações atuais.
USD Coin (USDC)
A USD Coin (USDC) foi lançada em 2018 pela Centre, e também se tornou uma das mais famosas do mercado, com o mesmo pareamento em dólar, na proporção de um para um. A empresa afirma que possui o valor equivalente ao número de moedas emitidas guardado em conta de instituições financeiras devidamente reguladas.
Isso promove maior transparência quanto às suas reservas, que passaram por auditorias de diversas organizações independentes. Até o momento, nenhuma delas apresentou contestações quanto ao valor ou a veracidade das informações.
Por esse motivo, a USD Coin carrega uma maior credibilidade, sendo amplamente movimentada na blockchain, com seu valor baseado no dólar.
Binance USD (BUSD)
A Binance USD é uma stablecoin proposta pela companhia Paxos Trust em parceria com a Binance, maior exchange da atualidade em volume de negociações. Dessa forma, possui uma estrutura mais sólida em relação à blockchain, e também lastreia a moeda em dólar, na proporção de 1:1.
Em relação às auditorias, a companhia afirma que tem a quantidade necessária de oferta em seu caixa, e não existem denúncias quanto à moeda desde seu lançamento, em 2019. A parceria entre dois nomes conhecidos do mercado promove maior confiança, e muitos investidores apostam nessa alternativa com lastro em moeda fiduciária.
TerraUSD (UST)
A UST é a stablecoin algorítmica mais popular na sua categoria, oferecida pela empresa de blockchain Terra, em parceria com a exchange Bittrex Global desde 2020. Cada unidade equivale a um dólar.
No entanto, o processo de emissão é diferenciado. Para que uma unidade seja colocada em circulação, o equivalente a 1 dólar de LUNA, outra criptomoeda da empresa, é queimada. Dessa forma, o projeto utiliza o algoritmo e a queima de outra cripto para manter o preço da moeda igual ao dólar americano. Além disso, também não possui dinheiro real depositado em conta bancária para realizar a manutenção de maneira convencional.
MakerDAO (DAI)
Ainda, vale a pena mencionar o projeto MakerDAO, lançado em 2014, como uma das stablecoins mais populares. Esse foi um dos primeiros lançamentos de finanças descentralizadas a rodar na rede do Ethereum.
A stablecoin DAI é uma das principais representantes das moedas estáveis pareadas em criptomoedas. Isso porque, para que uma nova unidade seja gerada, é preciso deixar um ETH em contrato inteligente. Segundo informações, para ter R$ 1 mil em DAI, é necessário depositar R$ 2 mil em ETH.
Dessa forma, utilizam o algoritmo e o lastro em outra criptomoeda para fazer a manutenção do valor acompanhando o mercado, sem comprometer a volatilidade.
Vale a pena investir em stablecoin?
De forma geral, a stablecoin ainda é um processo experimental das criptomoedas, e está em crescimento no mercado. Suas características podem interessar mais os investidores, especialmente pela possibilidade de ter um produto digital independente, mas com menor volatilidade.
No entanto, existem diversos pontos de atenção, como a exposição à inflação e a falta de confiança nas companhias que emitem os tokens, por não terem, realmente, a reserva anunciada.
Dessa forma, trata-se de um produto que deve ser avaliado com atenção, mas vale a pena conhecê-lo, principalmente pessoas que se interessam pelo mercado de criptomoedas e buscam novidades para compor a carteira.
Benefícios das stablecoins
Ainda, para determinar se vale a pena investir em stablecoin, é importante considerar os benefícios que acompanham esse produto. Afinal, ele traz características das criptomoedas, como menor intervenção dos órgãos governamentais e menor burocracia de transação.
O lastro em dólar também é um ponto interessante, pois torna a compra de dólar mais simples. Investidores brasileiros, por exemplo, precisam criar uma conta no exterior para aplicar recursos na moeda.
Contudo, as stablecoins com esse pareamento permitem operações de câmbio diretamente do País, sem precisar de outras aberturas. Somado a isso, é possível destacar outros pontos positivos, como:
- emissão segura, na tecnologia blockchain;
- facilidade de compra em plataformas certificadas;
- maior estabilidade em relação às criptomoedas convencionais;
- volatilidade reduzida.
Desvantagens das stablecoins
Por outro lado, existem alguns pontos de maior atenção quanto a essa categoria, especialmente os riscos que acompanham seu investimento. O principal é a dificuldade para se certificar de que a companhia emissora possui, de fato, a reserva indicada. Caso o projeto não tenha essa base financeira, pode comprometer o lastro da moeda e os ganhos do investidor.
Além disso, a falta de confiabilidade pode afetar a liquidez da stablecoin, prejudicando as negociações futuras. Somado a isso, é importante verificar desvantagens que incluem:
- sem potencial de valorização como as criptomoedas;
- sem garantia de depósito;
- exposição à inflação;
- centralização de emissão.
Onde comprar stablecoin?
No Brasil, interessados em comprar stablecoin podem realizar as negociações diretamente com as corretoras de criptomoedas. As exchanges permitem a abertura de contas gratuitas para realizar esse tipo de investimento, e diversos nomes populares estão disponíveis nos catálogos de serviços da maioria das corretoras.
O cadastro é simples, e exige somente identificação com alguns documentos, como RG e CPF. Além disso, a fins de segurança, é importante que o investidor insira outros dados de contato, que possam confirmar seu perfil e assegurar o acesso.
Por fim, depois de realizar o cadastro na corretora de sua preferência, basta realizar a transferência de saldo e trocar pela stablecoin desejada. As operações ainda são restritas no Brasil, por conta da disponibilidade e do número de moedas estáveis que estão disponíveis.
Depois de adquirir o produto, como outras criptomoedas convencionais, ela estará disponível na carteira do investidor, para ser monitorada ou vendida, conforme a preferência. É recomendável que o proprietário também acompanhe a variação do lastro da sua moeda, para que seja possível realizar um gerenciamento mais sólido.
O que é preciso para começar a investir em stablecoin?
Embora seja um projeto experimental no mercado de criptomoedas, a stablecoin pode ser uma alternativa interessante, e os investidores precisam de poucos recursos para começar a operar com esse produto. Depois de abrir uma conta na corretora de sua preferência, basta seguir as orientações, como ocorre com a compra de criptomoedas tradicionais.
Os procedimentos são os mesmos, de modo que é indicado que o proprietário tenha certo conhecimento nesse segmento, para ser capaz de administrar sua carteira com maior facilidade. Além disso, conhecer sobre criptomoedas e a blockchain é um diferencial, para operar com independência e segurança.
No entanto, é importante lembrar que a stablecoin possui lastro em ativos reais, e é preciso monitorá-los no mercado convencional.
Dessa forma, você poderá buscar os melhores resultados com o seu investimento, protegendo seu capital com moedas virtuais menos voláteis e com chances consideráveis de crescimento.
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Perguntas frequentes
- O que é stablecoin?
Stablecoin é uma modalidade de criptomoeda mais estável, lastrada com um ativo real, como dólar ou ouro. Sua emissão é feita por companhias privadas, mas é negociada seguindo as características do mercado de criptos.
- Qual a maior stablecoin do mundo?
Atualmente, a maior stablecoin do mundo é a Tether (USDT), lançada em 2014, com cerca de US$ 73 bilhões em capitalização. Ela é usada, principalmente, por traders.