É bastante comum lermos no noticiário econômico ou em relatórios de casas de análise a expressão Bear Market que significa “Mercado Urso”. O termo faz alusão à forma como o urso ataca suas presas, emprestando ao mercado financeiro a alegoria do movimento de ataque do urso para explicar uma tendência de baixa nos mercados.
Leia até o final e entenda como funciona o bear market e quais os cuidados que você precisa ter neste cenário.
O que é bear market e por que tem esse nome?
Bear Market, ou Mercado Urso, simboliza uma tendência de baixa prolongada e intensa no mercado financeiro, com declínios nos preços acima de 20%.
Avaliar o desempenho da bolsa de valores é algo complexo e, portanto, entender o racional que está por trás do bear market pode lhe ajudar a evitar agir com a manada, tomando decisões financeiras que não estejam de acordo com o seu planejamento, exclusivamente para seguir o que a maioria está fazendo.
O nome bear market é usado por causa da postura do urso ao atacar, dando patadas de cima pra baixo, e essa metáfora, exprime também o movimento das ações em queda.
O que acontece no bear market?
O bear market, via de regra, é marcado por períodos de desaceleração econômica, desemprego e retração da economia como um todo.
Nesse tipo de cenário, o pessimismo do mercado e a aversão ao risco levam grande contingente de investidores a se desfazer de suas posições acionárias, tornando o mercado vendedor e, portanto, com muita oferta. Essa pressão vendedora joga os preços continuamente para baixo.
Bear market na bolsa de valores brasileira
A bolsa de valores brasileira já passou por várias ocorrências de bear market, com variadas durações. Inclusive, esses momentos são facilmente identificados no gráfico do índice Ibovespa:
Em relação aos pontos destacados no gráfico, veja a que momentos eles se referem:
1. Entre os anos 2000 e 2002, o estouro da bolha da internet, conhecida mundialmente como a Crise das PontoCom nos Estados Unidos, derrubou o mercado de tecnologia nas bolsas do mundo todo.
Neste mesmo período, a maior crise econômica da história Argentina, com hiperinflação e a declaração de moratória do país, também impactou mercados internacionais e, entre eles, o brasileiro.
2. A crise do subprime dos Estados Unidos, quando estourou a bolha do mercado imobiliário, impactou de forma intensa as bolsas do mundo inteiro.
3. No período entre 2010 e 2016 o Brasil viveu uma longa recessão econômica e instabilidade política decorrentes dos escândalos de corrupção, que levou a um pessimismo geral de mercado e a queda da bolsa.
4. Em 2020, os reflexos socioeconômicos decorrentes da pandemia causaram longo período de bear market na bolsa brasileira que se prolongou até 2021, sendo intensificado neste mesmo ano, pela instabilidade política, crise hídrica e o aumento da inflação.
Todos esses cenários ilustram o quanto as instabilidades de ordem macroeconômica interferem no ânimo do mercado e, mesmo as empresas com alta performance e capacidade de geração de receita, têm suas ações desvalorizadas, já que a aversão ao risco faz com que os investidores migrem da renda variável para renda fixa.
Bear market e bull market
O mercado financeiro está em fluxo contínuo, portanto, nenhum mercado se mantém em permanente baixa ou alta. A dinâmica da economia faz com que os ciclos se sucedam, ditados pela complexidade das escolhas dos investidores com base em suas percepções dos cenários.
A confiança do consumidor e, por consequência, os níveis de consumo, são determinantes desses movimentos de alta e baixa, mas, numa linha de tempo longa, podemos afirmar que o Bull Market – mercado de alta – tem prevalecido em relação ao Bear Market – mercado de baixa.
Observando o quadro abaixo, você irá notar que a tônica que define os ciclos de mercado está totalmente em linha com o pessimismo ou otimismo com que os investidores interpretam os movimentos da economia.
Bear market | Bull market |
---|---|
Pessimismo / Mercado vendedor ou parado | Otimismo dos investidores / Mercado comprador |
Inflação / Economia em crise | Economia forte e em ascensão |
Queda nas vendas e nos lucros | Empresas com alta lucratividade |
PIB estagnado ou em queda | Alta do PIB |
Altas taxas de desemprego | Níveis de emprego em alta |
Mercado refratário às novas captações | IPOs na bolsa captando investimentos |
Alta da taxa de juros | Queda na taxa de juros |
Como identificar o bear market?
Nem todo movimento de baixa pode ser considerado um bear market. O que caracteriza esta tendência é uma combinação de fatores cuja ocorrência se mantenha por um período prolongado, levando a movimentos de queda superiores a 20%.
A queda quase generalizada em várias classes de ativos da renda variável, o pessimismo decorrente de acontecimentos político-econômicos que geram incerteza e instabilidade, faz com que a maioria dos investidores passem a buscar proteção em ativos mais conservadores de renda fixa.
Quanto tempo dura o bear market?
A duração de um bear market depende da consistência das inúmeras variáveis que o ocasionam, podendo, portanto, durar meses ou até mesmo anos.
Como ao longo da história já tivemos nos mercados vários momentos de bear market com as mais diversas durações, não há como definir um prazo específico.
O que fazer em momentos de bear market?
Um mercado em baixa pode significar ótimas oportunidades de comprar boas empresas a valores menores, com a perspectiva de vendê-las no longo prazo, quando voltarem a se valorizar.
Para realizar esse tipo de operação, entender os indicadores fundamentalistas das empresas é muito importante. Através da análise fundamentalista, é possível identificar de forma mais acertadaa os ativos que estão descontados em relação ao seu valor real e capacidade de geração de resultados.
Uma outra estratégia muito comum no mercado, mas que requer cuidado e sobretudo um conhecimento maior dos movimentos e tendências é a venda a descoberto, também conhecida como short selling.
No short, o investidor vende uma ação que não possui, alugando o papel de um outro investidor. Posteriormente, na queda do ativo, ele compra mais barato e devolve para o doador que havia alugado a ação.
Mas, como eu disse acima, esse tipo de operação envolve mais riscos e conhecimento técnico do mercado, pois, caso uma tendência de queda que não se concretize, pode fazer com que o investidor acabe tendo de comprar a ação por valor maior do que aquele que ele vendeu.
Conclusão
Dadas as grandes diferenças entre mercados de baixa e de alta, a sua tomada de decisão de investimentos precisa estar pautada com clareza pelas suas metas financeiras.
Adotar estratégias específicas para aproveitar períodos de bear market, onde os riscos de perdas são maiores, requer prudência e também um planejamento financeiro que permita definir os percentuais de alocação em cada estratégia.
Dessa forma, você evita comprometer recursos que vá precisar no curto prazo comprando ativos em queda, cuja valorização só voltará a ocorrer no longo prazo, após o fim do ciclo de bear market.
Será um planejamento sólido que irá evitar que você tome decisões arriscadas com base na emoção. Em um mercado de baixa, por exemplo, a aversão à perda pode fazer com que você, impulsivamente, realize prejuízos vendendo na hora errada.
Prever a direção dos mercados é difícil e, em quaisquer cenários, a melhor estratégia continua sendo a alocação estruturada com base em um planejamento de longo prazo e que contemple diversificação.
Perguntas frequentes
- O que é bear trap?
O bear trap é quando uma reversão temporária de tendência de alta para baixa é interpretada de forma equivocada pelo mercado, levando o investidor a movimentos de manada, desfazendo-se de ativos, mas, logo em seguida, o mercado retoma a subida.
- O que significa o Urso na Bolsa?
Em analogia ao seu modo com que o urso ataca suas as presas, de cima para baixo, o mercado urso representa a tendência de queda nas bolsas de valores.
- Quanto tempo dura um bear market?
Não é possível definir com precisão a duração de uma tendência de queda. Apesar da análise gráfica possibilitar observar padrões e prever o movimento, isso é apenas probabilístico e não uma definição precisa.