CRI e CRA: como investir com isenção de IR

Conheça esses investimentos de renda fixa, isentos de IR, e saiba se vale a pena investir.

Escrito por Melissa Nunes

Por que confiar no iDinheiro?

Responsabilidade editorial: Nosso editores são especialistas nas áreas e isentos nas avaliações e informações. Nosso objetivo é democratizar e simplificar o acesso a produtos e serviços financeiros sem viés. Conheça nosso código editorial.

Como ganhamos dinheiro?

Podemos ser comissionados pela divulgação e cliques nos parceiros. Isso também pode influenciar como alguns produtos aparecem na página, sempre com a devida identificação. Entenda como o site ganha dinheiro.

Política de Cookies: Nosso site utiliza cookies para estatísticas gerais do site e rastreamento de comissões de forma anônima. Nenhum dado pessoal é coletado sem seu consentimento. Conheça nossa política de privacidade.


Por razões óbvias, os investimentos que possuem isenção de Imposto de Renda costumam ter a preferência dos brasileiros. Nesse contexto, duas opções disponíveis no mercado são o CRI e CRA, que significam Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio, respectivamente.

A renda fixa oferece diversas oportunidades para os investidores. No crédito privado, embora envolva um risco um levemente maior, há a possibilidade de buscar performances melhores, como é o caso dos investimentos em CRI e CRA.

Diante disso, preparamos este artigo para você saber a mecânica de funcionamento, as vantagens, os riscos e como investir em CRI e CRA. Confira!

O que é CRI e CRA?

O Certificado de Recebíveis Imobiliário (CRI) e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) são opções de títulos de renda fixa que são lastreados em operações de crédito associadas ao setor de imóveis e do agronegócio.

Esses títulos são usados para antecipar os recebimentos da empresa que emite o crédito. Assim, o investidor tem a possibilidade de receber o valor investido acrescido de juros, na data de vencimento do certificado.

Como funcionam esses investimentos?

Para que a operação seja viabilizada, as empresas que liberam o crédito contratam companhias privadas para emitir os títulos, que são conhecidas como securitizadoras e são responsáveis por oferecer as aplicações aos investidores interessados nesses títulos.

A emissora paga uma remuneração previamente acordada em troca da aplicação, tanto para o CRI quanto para o CRA. Ela compra o crédito e o transforma em títulos que são vendidos aos investidores.

Geralmente, isso é feito em regime fiduciário, o que torna o investimento um pouco mais seguro. Isso quer dizer que os recebíveis ficam separados do patrimônio da empresa. A vantagem disso é que caso a securitizadora passe por dificuldades financeiras, o fluxo de pagamento dos investidores não é afetado.

Exemplificando uma emissão de CRI

Para exemplificar uma operação típica de emissão de CRI, suponhamos que uma empresa do setor imobiliário edificou um prédio de 15 andares com um total de 45 apartamentos.

Vamos imaginar que a empresa vendeu todos os apartamentos, financiados ao preço de R$ 800 mil cada um. Vamos ponderar um prazo médio de 72 meses nos financiamentos à taxa de IGPM + 1% ao mês. 

Se a empresa tiver que aguardar todo esse tempo para receber os devidos pagamentos, ela levará 72 meses para ter os R$ 36 milhões (mais os juros do período) referentes à venda de todos os apartamentos e, assim, ter o seu lucro final do empreendimento que fez.

Para que ela tenha esse montante de forma antecipada e consiga prosseguir com seus negócios, ela emite um CRI e vende os seus créditos para os investidores, que, por sua vez, ficarão com os juros do período.

Exemplificando uma emissão de CRA

A emissão de CRA é parte de um processo que tem início quando um produtor rural procura uma instituição bancária para solicitar um empréstimo ou financiamento para a sua atividade. Ele precisa dos recursos para comprar mais maquinário, insumos ou gado, por exemplo.

Desta forma, o banco concede o crédito e vende a dívida para uma securitizadora. Para a instituição, essa venda tem o intuito de antecipação de recebíveis. Ou seja, o banco recebe na hora o valor que normalmente levaria alguns anos para receber.

A securitizadora converte a dívida do produtor rural (solicitante do crédito) em títulos de crédito, no caso, um CRA. Por fim, esses títulos são vendidos no balcão para um investidor. Desta forma, quando o produtor pagar a dívida, o investidor é remunerado com os juros da operação.

Como é o rendimento de CRI e CRA?

Por serem papéis de renda fixa, a remuneração que os certificados de recebíveis oferecem aos investidores é bem semelhante ao de outros investimentos da categoria. Geralmente, o CRI e CRA adotam as seguintes estruturas:

1. Rendimento prefixado

Na remuneração prefixada, o investidor, desde o ato da compra do certificado, já sabe o valor da taxa de juros que será adotada ao longo do tempo: 3%, 5% ou 12% ao ano, por exemplo. Desta forma, é perfeitamente possível calcular precisamente a rentabilidade que será obtida até o vencimento do papel.

2. Rendimento pós-fixado

Já na pós-fixada, desde o início, o investidor tem conhecimento do indicador que servirá de referência para a remuneração.

Esse indicador pode ser, por exemplo, a Selic, que é a taxa básica de juros da economia do Brasil ou o CDI, que é o principal índice de rentabilidade da renda fixa.

No entanto, o retorno efetivo da aplicação não é conhecido, uma vez que seguirá as variações do indicador. Se ele cair ou subir ao longo tempo, consequentemente, a remuneração em reais poderá ser menor ou maior.

Nesses cenários, o retorno do CRI e CRA será um percentual do indicador de referência, como por exemplo: 90% da Selic ou 110% do CDI ao ano. 

Também é possível encontrar papéis que praticam a fórmula “CDI mais spread”, onde a remuneração é igual ao CDI mais uma taxa, que pode ser, por exemplo, de 1% ou 2% ao ano.

3. Rendimento atrelado à inflação

Na remuneração atrelada à inflação (também chamada de renda fixa híbrida), os certificados têm uma parcela de rentabilidade prefixada e outra pós-fixada.

A parcela prefixada assegura uma taxa de juros mínima (como 3% ou 4% ao ano, por exemplo). Já a pós-fixada é uma variação da inflação, que é medida pelo IGP-M ou pelo IPCA.


Calculadora de Investimentos – iDinheiro


Quais são as taxas para investir?

Como já mencionado, os pontos mais atrativos do CRI e CRA são a isenção de IR e IOF para pessoa física. Diante disso, não é necessário descontar nada da rentabilidade que é oferecida, uma vez que ela já está totalmente líquida.

Além disso, a maioria desses investimentos não contam com cobrança de taxa de administração, entretanto, algumas corretoras podem adotar essa prática.

Outro fator bem interessante é que não há um valor mínimo para aplicação, tanto no CRI quanto no CRA. A maioria dos produtos no mercado, variam entre R$ 2 mil e R$ 20 mil, porém, é possível encontrar algumas opções de valor ainda mais acessível.

Vantagens e riscos de investir em CRI e CRA

Veja a seguir as principais vantagens e riscos de investir em CRI e CRA:

VantagensRiscos
vantagem Bom potencial de retornodesvantagens Maior risco de crédito (sem FGC)
vantagem Isenção de tributosdesvantagens Baixa liquidez
vantagem Diversificação da carteira de renda fixadesvantagens Valor mínimo pode ser alto

Em todo e qualquer investimento existem vantagens e riscos. Em relação ao CRI e CRA, uma vantagem é o potencial retorno. Essas opções de crédito tendem a oferecer boas expectativas de ganhos, ou seja, maiores do que outras opções de renda fixa.

Por esse motivo, eles podem ser uma boa alternativa para quem busca rentabilizar a carteira de investimentos. Ademais, a isenção do IR e IOF são outras boas vantagens, uma vez que os CDBs e os títulos do Tesouro, por exemplo, têm cobrança de IR.

A isenção desses tributos tem por objetivo estimular a captação de recursos por meio desses instrumentos, com reflexos positivos na oferta de crédito para o mercado imobiliário e o agronegócio.

Além disso, também é possível diversificar o portfólio, trazendo diferentes opções e rentabilidades para a sua carteira de renda fixa.

Por outro lado, também é importante considerar os riscos dessas aplicações antes de investir.

Como já mencionado, o CRI e o CRA têm um maior risco em comparação a outros investimentos de renda fixa. O primeiro deles é o do crédito, ou seja, a inadimplência dos devedores pode prejudicar o retorno do investimento.

Por não possuírem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), esses recebíveis não entregam essa segurança extra para o investidor, o que torna os riscos um pouco mais significativos.

Além disso, ainda há o risco da liquidez. Geralmente, ela é baixa e só é possível realizar resgates de forma antecipada por meio da venda no mercado secundário. Porém, você deve se atentar, uma vez que essa ação pode prejudicar os rendimentos. Dessa maneira, é necessário alinhar os seus objetivos ao prazo de investimento, a fim de ter uma segurança maior.

Por fim, o valor mínimo para investimento poder ser considerado alto por alguns investidores, especialmente os iniciantes.

Como se proteger dos riscos?

Uma forma de investir melhor e se proteger é se atentar para a qualidade da securitizadora. É fundamental que a empresa seja sólida no mercado e com boa avaliação para oferecer títulos com uma maior segurança em relação aos pagamentos.

Além disso, a diversificação é considerada uma grande aliada no manejo dos riscos. Sendo assim, diversifique seus investimentos entre vários produtos. Evite investir grandes valores em um só título, alocando uma parte menor nos mais arriscados.

Assim, você consegue controlar a parcela de risco da sua carteira, que ficará menos prejudicada caso haja algum calote. A sugestão é que essa parcela não seja maior do que 5% do seu patrimônio investido.

Como investir em CRI e CRA?

Se você deseja investir em CRI e CRA, primeiramente é necessário abrir conta em uma corretora de valores. Ela te dará acesso às plataformas que disponibilizam esses e outros títulos de investimentos.

Os certificados chegam ao mercado em forma de ofertas públicas e a instituição participa da operação no papel de distribuidora.

Após encontrar opções que despertem o seu interesse, o passo seguinte consiste em analisar o prospecto. Este documento reúne todas as informações necessárias sobre a oferta, como prazos, remuneração e outros pontos. Ao identificar títulos que se encaixem na sua estratégia, solicite a reserva à instituição financeira. 

Nessa hora, é necessário indicar quantos títulos você quer adquirir. Ao fim do período, são divulgados o preço final dos certificados de recebíveis e a quantidade a que cada investidor terá direito. 

Se, porventura, a procura superar a oferta, será feito um rateio. Ademais, também é possível comprar CRI e CRA no mercado secundário. Para isso, basta verificar as opções disponíveis e escolher em qual investir, transferir o dinheiro para a corretora de valores e finalizar o aporte.

CRI e CRA, LCI e LCA: semelhanças e diferenças

Embora sejam títulos semelhantes, ligados aos setores imobiliário e do agronegócio, o LCI e LCA, e o CRI e CRA possuem suas particularidades. Como são investimentos para objetivos diferentes, vale a pena entender suas semelhanças e diferenças, resumidas no quadro abaixo:

LCI e LCACRI e CRA
Emitidos por instituições financeirasEmitidos por securitizadoras
Usados para a captação de recursosRepresentam uma promessa de pagamento
Têm isenção de IR e IOFTêm isenção de IR e IOF
Têm proteção do FGCNão têm proteção do FGC
Para curto e médio prazoPara médio prazo
Rentabilidade prefixada, pós-fixada ou híbridaRentabilidade prefixada, pós-fixada ou híbrida
Baixa liquidezBaixa liquidez

Dessa forma, antes de investir, avalie qual tipo de título tem as características certas para as suas metas financeiras.

Conclusão: vale a pena investir em CRI e CRA?

Tudo vai depender dos objetivos traçados e do seu perfil de investidor. Se você procura por aplicações mais longas, tipo das que você investe agora e só se preocupa com o resgate depois de algum tempo, tanto o CRI quanto o CRA podem ser opções interessantes.

Neste contexto, ambas as aplicações podem trazer um bom retorno, ainda mais se forem comercializados no modelo atrelado à inflação (híbrido) tendo o IPCA como indexador de rentabilidade. 

Tendo o IPCA como indicador, você garante um rendimento do seu investimento igual ou maior que a inflação, ou seja, ele nunca será menor. Dessa forma, sua aplicação fica protegida contra uma possível desvalorização causada pelas alterações no índice da inflação.

No entanto, vale ressaltar que, por não contarem com as garantias do FGC, esses tipos de investimentos possuem um risco um pouco maior e por isso exigirão uma cautela maior do investidor.

Ficou com alguma dúvida sobre este conteúdo? Deixe um comentário aqui embaixo que responderemos atenciosamente!

Perguntas frequentes 

  1. CRI e CRA têm IR?

    Não, essa é uma das principais vantagens de investir em CRI e CRA, pois não há cobrança de tributos sobre os seus rendimentos.

  2. O que significa CRI e CRA?

    CRI, significa Certificado de Recebíveis Imobiliários e CRA, Certificado de Recebíveis do Agronegócio, ambos são alicerçados em operações de crédito ligadas ao setor de imóveis e do agronegócio, respectivamente.

  3. Quem emite CRI e CRA?

    O CRI e CRA são emitidos por companhias securitizadoras, ou seja, instituições financeiras responsáveis em transformar contas a receber em títulos negociáveis no mercado de capitais interno e externo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Participe das comunidades do iDinheiro no Whatsapp