É possível prever o futuro para escolher o melhor investimento?

O investidor sempre está buscando algum atalho para procurar o melhor investimento para sua carteira. Entenda por que isso é impossível!

Escrito por Victor Barreto

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A pergunta que todo mundo faz ao iniciar no mundo dos investimentos é: como escolher o melhor investimento? Nesse texto irei explicar os motivos pelos quais não funciona pensar dessa forma.

O contexto atual do mercado financeiro

Seja iniciante ou avançado, o investidor sempre está buscando algum tipo de atalho para trazer melhores retornos para sua carteira. Nos últimos anos, vimos diversos ciclos de mercado (desde quedas gigantescas, períodos em que o mercado andou de lado e até mesmo sucessivas altas).

Existe uma foto típica que resume o ciclo de mercado e acho interessante começarmos esse texto com ela:

ilustração do ciclo de mercado
Fonte: Empiricus.

Se observamos bem, durante os 3 últimos anos, passamos por todo o cenário: empolgação, em 2019 com a reforma da previdência sendo aprovada e juros caindo. Resultado? Bolsa para cima. Tudo o que se comprava, subia. O futuro já estava previsto. O investidor iniciante se tornou especialista. O investidor especialista se tornou mais especialista ainda.

Em 2020, tivemos desespero, pânico, depressão e um pouco de esperança. Já em 2021, acredito que estacionamos em um misto de depressão com alívio. 2022 ainda é uma incógnita.

O que aprendemos com tudo isso? É impossível prever o futuro para tomar melhores decisões de investimentos!

Motivos que dificultam isso

Quem passou por pandemia e cenário inflacionário com seus investimentos sabe o que estou dizendo. Vivemos momentos em que o futuro previsto daqui 2 meses se tornava totalmente diferente do que gostaríamos e era necessário ajuste mais próximo dos investimentos. Parecia que tudo estava errado.

Uma verdade eu preciso te dizer: o mercado vai te testar. A diferença é que ele pode te testar mais do que você imagina, se você fizer “coisas erradas”. E essas coisas erradas derivam, principalmente, de alguns achismos que o investidor possui sobre ser possível prever o futuro:

1. Ele automaticamente concentra seus investimentos, pois acredita que irá acertar o que vai acontecer com o mercado. “Ora, é simples! Se o mercado irá subir, vou comprar bastante renda variável e, quando subir, vendo tudo e boto lucro no bolso”. Conclusão: sua carteira está sofrendo mais do que a do seu amigo.

2. Ele automaticamente ignora a formação de uma reserva de emergência e busca opções com retornos melhores, sempre! Buscar retorno melhor não deve ser a primeira opção de quem investe. Dói falar isso, mas é verdade.

3. Objetivos? O que é isso? Nem aparece no dicionário do investidor. Definir objetivos deveria ser peça chave para montar uma estratégia. Não adianta nada tentar prever o futuro do que vai acontecer com o mercado se, daqui a 6 meses, você tem que construir uma casa. O problema é que você gasta mais tempo tentando prever os diversos cenários do que concentrar em atingir seus objetivos de vida.

4. Ele consequentemente não faz uma gestão dos seus investimentos de forma criteriosa. Depois de ter negligenciado tudo acima, em busca de acertar o momento certo de entrada e saída, ler diversos jornais e formar uma massa crítica para investir, ele acredita que está preparado para atravessar qualquer situação. Ao contrário, ele está totalmente despreparado.

O que você pode fazer?

Existe uma frase célebre de um grande investidor, que diz: você não pode prever o futuro, mas pode se preparar.

A diversificação é essencial e é a tradução da frase acima. Consegue perceber? Ao diversificar os seus investimentos você está automaticamente supondo que não sabe o que vai acontecer com o futuro, por quê? Pois você tem investimentos que não caminham na mesma direção! Se você tem investimentos dolarizados, está em uma via totalmente diferente dos investimentos de bolsa brasileira.

Isso acontece, pois, historicamente falando, a bolsa brasileira possui performance contrária ao dólar. Quando estamos em um momento de aversão ao risco, os investidores buscam o dólar como um tipo de porto seguro e acabam saindo de estratégias mais arriscadas, como a bolsa. Conclusão, o dólar tende a se valorizar.

A diversificação é inimiga da concentração. Concentrar investimentos é uma tarefa arriscadíssima e necessita de uma gestão e experiência muito firme no processo. Mesmo assim, ela embute uma crença de que o futuro é certo, quando não é.

Psicologicamente falando, o investidor deveria ter mais atenção sobre como ganhar mais, como poupar mais e como montar uma carteira cada vez mais diversificada. Rentabilidade, notícias ruins e boas de mercado, novos produtos financeiros, novas ofertas, política, cenário econômico são exemplos de situações externas que podem tirar você do jogo se forem mal gerenciadas.

Existem fatores que você pode controlar e esses são relativos ao dinheiro que você possui. O restante é o mercado que vai dizer. É claro que existem certas presunções baseadas em cenários e que podem te ajudar a tomar decisões mais embasadas. Contudo, não confie cegamente no mercado!

Conclusão

Escolher investimentos é uma tarefa que se torna fácil ao longo do tempo. Isso só se torna fácil quando você cria um processo por trás disso. Paralelamente, você deve ficar atento aos ruídos de mercado e buscar cada vez mais separar o que realmente impacta nos seus investimentos. Saber que você não pode controlar o futuro já é um grande passo para gerenciar o seu dinheiro, tenha certeza.

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