O número de investidores na bolsa de valores brasileira não para de crescer. Aumentou 42% no primeiro semestre de 2021 e agora quase 3,2 milhões de pessoas compram e vendem ações, ETFs, fundos imobiliários, investem em CDB todos os dias. Parece muito, mas é pouquíssimo. Esse número se refere a apenas 1,5% da população brasileira, o que é muito, muito, muito menor do que os 55% dos norte-americanos que investem em renda variável há tempos. Mas, estamos avançando.
Se você é uma das pessoas que ainda não investe no mercado de ações, este artigo é para você. Hoje, separei 8 dicas para quem pretende começar a investir na bolsa de valores neste 2022. Continue a leitura!
1. Zere as dívidas
Primeira regra: nunca seja um investidor se você está endividado. Zere primeiro suas dívidas. Afinal, as taxas de juros que são cobradas do consumidor no Brasil são extremamente elevadas, vão dos 5% do consignado e chegam até os 20% do cartão de crédito. É uma taxa de juros que dificilmente você vai conseguir replicar nos investimentos. Se você toma um empréstimo a 1.5%, talvez você até consiga alocar, mas está correndo risco. Por isso, se você quiser investir, antes de tudo, você deve zerar suas dívidas.
2. Poupe
É necessário guardar dinheiro, pois o que te deixa rico é o quanto você poupa e não o quanto você ganha. Quer um exemplo? Se você ganha R$ 50 mil e gasta R$ 51 mil mensalmente, você está empobrecendo. Agora, se você ganha R$ 3 mil e consegue guardar R$ 300 todos os meses, você está enriquecendo. O hábito de poupar é importantíssimo e, tendo disciplina para isso, depois você consegue multiplicar esse dinheiro investindo. Se você planta investimento, você colhe patrimônio. E trabalhe também para aumentar sua renda, não pense somente em cortar custos, isso também é muito importante.
3. Estude boas referências
A melhor coisa é estudar quem teve sucesso. Se você quer investir na bolsa de valores, estude quem teve sucesso com este tipo de investimento. Uma dica é consultar a lista da Forbes e ver os nomes das pessoas mais bem sucedidas do mundo. O que não falta são materiais a respeito deles. Warren Buffett, Charles Munger, Luiz Barsi.
E, na internet, você encontra entrevistas e mais um monte de material bom a respeito deles. Você vai ver que todos possuem algumas características em comum. Siga o modelo que é muito provável que você também obterá êxito. Evite abordagens especulativas: todos esses caras são investidores de longo prazo, poupam bastante, mais do que ganham, aplicam o dinheiro em ações sempre com foco no longo prazo. São pessoas que compraram empresas lucrativas com essa visão. Nenhum ficou rico “amanhã”, todos foram formando patrimônio no longo prazo.
4. Comece pequeno
Uma coisa é fato: estudar é fundamental, mas você precisa começar, porque, se apenas estudar, você vai virar um teórico e não vai colocar o dinheiro para trabalhar. Claro que antes de estudar muito bem você não vai fazer um investimento muito grande. Aproveite que o mercado financeiro tem essa facilidade, você pode comprar uma ação, o investimento inicial não precisa ser enorme.
Vai comprando aos poucos, uma ação por vez, vai ganhando segurança até estar pronto para dar passos maiores. Nos livros você aprende a teoria, mas na prática é diferente, você aprende os mecanismos. Erra com pouco para pegar a experiência. O desafio é dar o primeiro passo, depois, investir vira um hábito.
5. Construa uma reserva de emergência
Costumo dizer que imprevistos não são imprevisíveis. Afinal, sabemos que eles sempre acontecem (só não sabemos quando). Então, antes de começar a investir na bolsa, é fundamental ter um dinheiro separado para essas situações, uma quantia que você pode acessar a qualquer momento. Essa é a regra de ouro: uma parte do patrimônio que você sempre precisa conservar em investimentos conservadores. Depois que você tem essa reserva, aí sim você vai para investimentos de maiores riscos.
6. Preste atenção nas taxas e tributos
A indústria financeira é cheia de produtos, com milhares de opções e várias delas têm taxas elevadas, como taxa de administração, taxa de performance. Fuja das taxas sempre que possível! E, se for pagar, que elas sejam justificáveis diante da qualidade do produto comprado. Com os impostos você também deve ficar muito atento. Se ficar comprando e vendendo o tempo inteiro, você vai pagar mais impostos, por isso, selecione bons papéis de boas empresas, para que você consiga mantê-los em sua carteira por um bom tempo.
7. Conheça os riscos de cada investimento
Todo investimento possui riscos. Mas mais arriscado do que qualquer investimento, é não investir. Ainda mais no Brasil. Sempre digo que contar com a aposentadoria pública por aqui é uma péssima ideia, a conta simplesmente não fecha e você terá dificuldades na velhice. Portanto, meu caro, invista. Porém, conheça os riscos de cada investimento. Vai comprar uma ação de uma empresa? Leia os balanços trimestrais, entenda os riscos daquele negócio. É muito importante se manter informado sobre os melhores investimentos do momento.
No geral, são três os riscos principais que todo mundo deveria prestar atenção:
- na renda fixa é o risco de crédito, que nada mais é do que o risco de tomar um calote. Quando você investe em renda fixa você emprestou dinheiro para alguém e esse alguém pode não te pagar;
- outro risco é o risco de mercado. Os preços oscilam (inclusive na renda fixa);
- o terceiro é o risco de liquidez: quanto tempo leva para os meus ativos virarem dinheiro? Por isso, somente se você tiver uma reserva de emergência robusta você pode tomar o risco de liquidez em outros ativos. Sempre olhe para os retornos ajustados pelo risco.
8. Planeje mais e não aja por emoção
Planeje-se mais para tomar decisões mais definitivas, e muito cuidado com as emoções. Por exemplo, você não deveria se preocupar com o que acontece com a bolsa de valores por conta da eleição presidencial. Afinal, se você está investindo para 20 anos, outras cinco eleições vão acontecer. O investidor tem que ter uma abordagem de longo prazo. Vai ter presidente ruim, vai ter presidente menos ruim, mas o investidor de longo prazo tem que investir em empresas que vão continuar prosperando independentemente de quem for o próximo presidente. Se a empresa que você investe depende do presidente atual, talvez você não devesse investir nessa empresa em primeiro lugar. Pense nisso antes de começar a investir na bolsa.
Sugestões de leitura:
- Inflação e a Bolsa de Valores
- Renda fixa ou renda variável, quem ganha no longo prazo?
- Como planejar os investimentos de 2022?