Conheça produtos financeiros por e para negros

Apesar de maioria no Brasil, o acesso da população negra à bancarização ainda é baixo. Pensando nisso, empreendedores têm criado produtos financeiros por e para negros.

Escrito por Heloísa Vasconcelos

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A representatividade racial nas empresas tem se tornado constantemente pauta neste ano. Algumas instituições chegaram a abrir processos seletivos com cotas ou mesmo exclusividade para candidatos negros.

E, a colocação da cofundadora do Nubank sobre contratar profissionais afrodescendentes gerou polêmica na última semana, com acusações de racismo. Mas, você conhece produtos financeiros criados por negros?

Apesar de pretos e pardos comporem 56,2% da população brasileira, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2019, o acesso à bancarização não é tão igualitário.

Dados da Small Business Administration mostram que as instituições financeiras do Brasil negam três vezes mais crédito a negros do que a pessoas não negras, por exemplo.

Pensando nisso, um movimento de inclusão financeira de pessoas negras para pessoas negras vem crescendo no Brasil. Conheça algumas iniciativas do tipo.

Produtos financeiros por negros: conheça o Movimento Black Money

O racismo estrutural na sociedade brasileira foi o que levou à criação do Movimento Black Money (MBM). O projeto, criado em 2017, traz à população negra soluções como maquininha de pagamento (a Pretinha), banco digital (o D’ Black Bank) e um marketplace, chamado Mercado Black Money.

“A possibilidade de criar uma instituição bancária negra é a possibilidade de criar um círculo virtuoso em que pessoas podem conseguir crédito, ter empreendimentos de pessoas negras”, reconhece um dos fundadores do MBM, Alan Soares. 

O objetivo principal da iniciativa é incluir essa parte da população que não é atendida pelos bancos tradicionais de forma adequada.

Durante a pandemia, inclusive, o MBM criou o Impactando Vidas Negras, que cedeu uma espécie de auxílio emergencial para a população. O projeto conseguiu financiamento de R$ 500 mil da B3 e de R$ 200 mil por meio de crowdfunding.

Conheça mais sobre o projeto acessando o site do MBM.

Ubuntu Finanças traz opções de investimentos

O fundador da Ubuntu Finanças, Jeison Santos, percebeu quando saiu do Brasil que ele não era o público-alvo das instituições bancárias.

“O mercado financeiro é muito burocrático e pouco entendível. Eu vi que eu não era bem o público-alvo das instituições financeiras. Vi que isso era uma realidade não só minha como de outros negros, a barreira está na porta de entrada”, conta.

A empresa surgiu da vontade de tornar o mercado de investimentos mais acessível para pessoas que não eram o público alvo principal das instituições financeiras. Hoje, a fintech traz quatro opções de investimentos com liquidez diferentes: diária, mensal, semestral e anual.

Formada por 11 pessoas, a empresa teve crescimento de 25% no último ano e tem hoje uma base de quase 400 clientes — 65% deles, negros. 

Banco Afro: produtos financeiros com impacto social

Para o fundador do Banco Afro, Diego Reis, o ponto mais importante do negócio criado por ele é o impacto. 

A instituição financeira surgiu de um coletivo chamado Grupo Afro Empreendedor e evoluiu após chegar a 20 mil empreendedores em todo o Brasil. Em 2019, o banco entrou em operação, visando oferecer contas digitais meio de pagamento e microcrédito.

A operação da empresa se baseia em 4 pilares: bancarização da classe C, D e E, educação financeira, distribuição de renda e fortalecimento do black money. 

Apesar da iniciativa, Diego considera “solitário” o mercado financeiro para negros. 

“Você vai em um evento e você é o único negro, o pessoal até estranha. Como assim, você é preto e banqueiro? É estranho, mas a gente tem que ocupar mais os espaços, novas oportunidades”, destaca.

Segundo ele, o banco teve um crescimento de 5.000% desde a semana passada, quando a cofundadora do Nubank fez fala considerada racista. Hoje, o banco tem 10 mil contas ativas. A expectativa é que esse número pule para 500 mil no próximo ano.

Educação financeira é preocupação do Afrobank

Mais do que uma instituição de pagamentos, o Afrobank quer ensinar seu público-alvo como gastar. Pesquisa da Central Única das Favelas (CUFA) mostra que, durante a pandemia, 49% dos negros deixaram de pagar alguma conta.

A iniciativa ainda busca autorização para atuar como instituição financeira, mas já tem uma base de clientes. Já são 7 mil nomes listados para abertura de contas, processo previsto para ocorrer até a primeira quinzena de dezembro. 

“Não era uma demanda que o mercado tinha. Ela vai muito mais ao encontro da população negra que tem as suas necessidades. A nossa proposta é que fazendo de forma muito bem feita e estruturada, vai fazer muito barulho, porque estamos mexendo com a maioria da população”, considera o CEO e fundador do Afrobank, Henrique Mendes.

Conheça mais sobre a iniciativa no site do Afrobank.

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2 comentários

  1. Adilson Batista

    Interessante muitos negros realmente tem dificuldade de conseguir credito

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