Análise de balanços: o que é e quais os principais indicadores?

Veja exemplos de documentos e indicadores financeiros para começar a fazer uma análise de balanços.

Escrito por Melissa Nunes

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Você sabia que saber fazer a análise de balanços de uma empresa é importante para qualquer investidor? Isso mesmo! Independentemente de ser experiente ou não, é essencial ler e interpretar um demonstrativo financeiro para poder decidir se vale a pena ou não investir numa determinada companhia.

Mas nós não vamos enganá-lo, não. Analisar uma empresa não é tarefa fácil e comprar ações é praticamente um casamento. Afinal, você será sócio desse negócio no longo prazo e ninguém quer se arrepender no futuro com uma escolha mal feita, né?

Neste post, entenda o que é a análise de balanços e quais são os seus principais indicadores. Preparado? Boa leitura!

O que é análise de balanços nos investimentos?

Como se costuma dizer, fazer a análise de balanços de uma empresa é o olhar os resultados do passado com um olho para o futuro. Isto é, conhecer e analisar os números divulgados por uma empresa, a fim de entender sua performance recente em comparação com os resultados anteriores.

Dessa forma, é possível traçar algum tipo de expectativa para o futuro, como a de crescimento e distribuição de lucros. Por esse motivo, a análise de balanços é um importante passo para quem deseja investir em ações de forma consciente.

Esse tipo de interpretação faz parte da análise fundamentalista. Mesmo assim, esse processo não acontece do dia para a noite e exige uma certa prática e bastante estudo. Mas, como é preciso começar de algum lugar, trouxemos algumas informações importantes para esse primeiro passo, a começar pelos documentos que você vai precisar.

Documentos para fazer uma análise de balanços

Numa análise de balanços, há três documentos principais a serem avaliados:

  • Demonstração de Resultado do Exercício (DRE);
  • Balanço Patrimonial (BP); e
  • Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC).

A partir deles, é possível consultar os números necessários para traçar as expectativas futuras. Em geral, você encontra esses documentos nos sites de Relação com Investidores de cada empresa (para encontrá-los, basta digitar “‘nome da empresa’ RI” no Google).

Demonstração de Resultado do Exercício (DRE)

A Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) mostra o quanto uma companhia lucrou ou teve prejuízo em um determinado período de tempo, por exemplo, em um trimestre ou em um ano.

Veja um exemplo de DRE abaixo, da empresa Itaúsa (ITSA3):

demonstração de resultados do exercício da empresa Itaúsa
DRE Itaúsa, março/2022. Fonte: Itaúsa.

Balanço Patrimonial (BP)

Já o balanço patrimonial detalha todos os ativos (dinheiro no banco, contas a receber, estoques e propriedades) e passivos (dívidas e gastos obrigatórios). Assim, ao subtrair o passivo do ativo, temos o patrimônio líquido da empresa.

Confira, abaixo, cada um dos três grupos do BP:

  • ativos: são os recursos disponíveis e podem ser classificados em circulante e não circulante.
  • passivos: são os compromissos da empresa com terceiros e também podem ser classificados em circulante e não circulante.
  • patrimônio líquido: formado pelo grupo de contas que registra o valor contábil pertencente aos acionistas. Por exemplo, o capital social, as reservas legais e o lucro ou prejuízo acumulado no exercício.

No entanto, diferentemente do DRE, o BP não reflete um trimestre ou um ano, mas somente uma determinada data. Em outras palavras, podemos dizer que o BP é uma fotografia da condição financeira de uma companhia no dia em que foi gerado.

O exemplo abaixo é o balanço patrimonial da empresa Weg (WEGE3):

balanço patrimonial da empresa Weg
BP Weg, março/2022. Fonte: Weg.

Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC)

A Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) ou Fluxo de Caixa mostra o fluxo de dinheiro que entra e sai de uma empresa. Na DFC, estão registradas as origens de todos os recursos obtidos num determinado período e sua aplicação (investimentos, vendas e recompras de títulos e ações).

Logo, ela revela a saúde financeira de uma companhia e indica sua capacidade de gerar caixa e lucro. Um fluxo de caixa positivo significa que está recebendo mais dinheiro do que gastando, enquanto um fluxo de caixa negativo mostra que está gastando mais dinheiro do que recebendo.

Abaixo, o DFC da empresa Klabin (KLBN3):

DFC da empresa Klabin
DFC Klabin, março/2022. Fonte: Klabin.

Como fazer uma análise de balanços?

Agora que você já conhece os três principais documentos para fazer uma análise de balanços, vamos para o passo seguinte: como fazê-la. A seguir, falaremos das quatro principais técnicas.

1. Análise horizontal

A análise horizontal mostra a evolução dos elementos patrimoniais e dos resultados de uma companhia ao longo de um determinado período de tempo (trimestre contra trimestre, ano contra ano, etc.). Essa análise temporal permite avaliar suas vendas, custos e despesas para saber se a empresa está crescendo ou decrescendo nesse intervalo. Pode ser feita em relação aos itens do BP, DRE ou Fluxo de Caixa.

Tanto a análise horizontal quanto a vertical buscam entender a dinâmica das operações de uma empresa e são importantes para o entendimento da evolução de um negócio.

2. Análise vertical

De maneira complementar à análise horizontal, a análise vertical mostra a estrutura financeira e econômica da empresa, em outras palavras, a participação relativa de cada elemento patrimonial e de resultados. Fique atento ao fato de que essa comparação dos diversos itens é feita num mesmo exercício, combinado?

É justamente nisso que reside a diferença entre a análise horizontal e a vertical. A horizontal avalia um mesmo relatório em períodos distintos, enquanto a vertical avalia vários relatórios num mesmo período.

A vertical examina cada item do BP fazendo um comparativo com o ativo ou passivo total (por exemplo, quanto os investimentos representam no ativo total). O passivo total que aparece no BP de uma empresa são todos os recursos usados para que ela se financie.

3. Indicadores econômico-financeiros

Os Indicadores econômico-financeiros relacionam elementos das demonstrações financeiras de forma a obter conclusões sobre a situação da companhia. Para você ter uma ideia dos que são utilizados na DRE, vamos separá-los em grupos:

  • indicadores de rentabilidade/lucratividade: margens;
  • indicadores de retorno/geração de valor: ROA, ROI, ROIC, ROCE;
  • indicadores de liquidez/solvência: liquidez geral, seca, imediata e corrente,
  • indicadores de endividamento/dívida: endividamento geral, grau de endividamento, composição do endividamento, indicador de alavancagem e índice de cobertura de juros;
  • indicadores de atividade/giro: PMP, PME e PMR/PMC.

Existem diversos indicadores dentro de cada grupo, cada um tratando de um aspecto diferente dos números da empresa. A partir dessa análise, é possível identificar se a empresa gera lucro, se há endividamento e se esse nível é saudável, qual valor ela gera para os investidores, entre outros.

4. Indicadores de mercado/múltiplos

Os indicadores de mercado, ou múltiplos, são desenvolvidos pela decomposição dos elementos que exercem influência nos índices. Costumam ser adotados para o estudo da rentabilidade de uma empresa.

Também chamado de diagrama de índices, utilizam a cotação do ativo nos seus cálculos. Veja, a seguir, cada um deles:

IndicadorO que é
P/LO Preço/Lucro (P/L) é o indicador mais comum para avaliar a atratividade do preço de uma ação no mercado, se comparado ao preço de ações de outras empresas do mesmo setor.
DYO Dividend Yield (DY) mostra o retorno em proventos que a empresa gerou nos últimos 12 meses com base em cotações atuais. Costuma ser usado para medir a rentabilidade dos dividendos de uma empresa em relação ao preço de suas ações.
P/VPAO Preço/Valor Patrimonial (P/VPA) é o indicador que mostra quanto o investidor está disposto a pagar pelo ativo. Quanto mais alto o indicador, mais cara a ação.
EV/EBITDAA sigla em inglês EBITDA significa lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização, sendo uma medida simplificada da geração de caixa da companhia. Já EV (enterprise value ou valor de firma) é o valor de mercado da companhia (cotação atual da ação x total de ações) somado à dívida líquida (dívida bruta – caixa). Assim, quanto menor o múltiplo EV/EBTIDA, mais a ação é atraente.
PSRO Price to Sales Ratio (PSR), que significa Preços sobre Vendas, mostra o quanto o mercado está disposto a pagar pela unidade monetária recebida pela empresa.
Peg RatioMuito usado nos Estados Unidos, o Peg Ratio (P – Price (Preço); E – Earning (Ganho); G – Growth (Crescimento); e Ratio (Razão)) é utilizado para saber em quanto tempo a companhia pagará de volta o valor investido. É uma evolução do P/L.

Como aprender mais sobre análise de balanços?

Se você leu até aqui, já percebeu que a análise de balanços não é algo simples, não é mesmo? Para aprender mais sobre o assunto, é preciso estudar bastante e praticar bastante, principalmente quem não é da área administrativa. Tenha dedicação e invista nisso!

Uma boa dica é fazer um curso de valuation, termo em inglês que significa avaliação de empresas. Essa área financeira estuda o real valor de uma empresa ou de um determinado ativo. Nós, da equipe do iDinheiro, preparamos um material com 12 opções presenciais e online de curso de valuation para ajudá-lo nisso, além de 5 livros para se aprofundar.

Para as companhias, calcular o seu valuation é importante para determinar o valor real das suas ações no mercado. Já para os investidores, esse cálculo permite conhecer melhor o comportamento da empresa no mercado e, assim, avaliar se investir em suas ações é vantajoso a longo prazo.

Conclusão

Agora que você já sabe o que é a análise de balanços e quais são os seus principais indicadores, não se esqueça de fazer análises antes de se decidir por um investimento, a fim de saber se o momento é apropriado para isso ou não.

Uma boa dica é procurar saber como as casas de análise de investimentos podem auxiliá-lo. Elas surgiram em 2009 e, desde então, são as grandes responsáveis pelo aumento na quantidade de investidores na bolsa nos últimos anos. Saiba mais sobre quando vale a pena contratar uma casa de análises.

Por fim, lembre-se que, para saber se esse é o investimento ideal para você, é preciso avaliar o seu planejamento financeiro, suas metas e o seu perfil de risco, combinado? Continue com a equipe do iDinheiro para tornar tudo isso mais fácil!

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